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ThyssenKrupp tem lucro depois de três anos no vermelho

Heinrich Hiesinger vem tentando mudar o foco da siderúrgica para diminuir a dependência do setor de aço para produtos e serviços de maior margem


	ThyssenKrupp: Hiesinger vem tentando mudar o foco da siderúrgica para diminuir a dependência do setor de aço para produtos e serviços de maior margem
 (Patrik Stollarz/AFP)

ThyssenKrupp: Hiesinger vem tentando mudar o foco da siderúrgica para diminuir a dependência do setor de aço para produtos e serviços de maior margem (Patrik Stollarz/AFP)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 12h25.

São Paulo - Pela primeira vez em três anos, a ThyssenKrupp teve lucro líquido em seu ano fiscal. A siderúrgica alemã atingiu um marco na sua história, que na gestão anterior foi marcada por investimentos equivocados, denúncias de suborno e gastos desmedidos com executivos.

Com receita líquida de 195 milhões de euros e lucro líquido de 210 milhões de euros no ano fiscal de 2013-2014, a empresa conseguiu inclusive distribuir um pequeno dividendo aos acionistas. Esse é o primeiro valor positivo em três anos. No ano anterior, o prejuízo foi de 1,6 bilhão de euros.

“O ano fiscal 2013/2014 representa um marco em nossa situação de ganhos. Nós demonstramos que estamos fazendo progressos com nossa transformação em um grupo industrial eficiente e lucrativo através de nossa estratégia”, disse o presidente Heinrich Hiesinger.

Ele propôs pagar um dividendo de 0,11 euros por ação pelo ano fiscal terminado em setembro como gesto simbólico. “Estamos cientes de que essa proposta não é mais do que um sinal aos nossos acionistas”. 

“Ligamos a posição de ThyssenKrupp como um grupo industrial diversificado, com o objetivo de gerar lucros, caixa e valores muito mais fortes e estáveis”, disse ele. Esse é um “marco” na história da empresa, mas o processo de reestruturação ainda não está completo, afirmou, em carta aos acionistas.

Reestruturação

Hiesinger assumiu a previdência em 2011, com a missão de examinar a cultura de gestão, cortar dívidas e voltar a focar em tecnologias menos cíclicas.

O presidente anterior, Gerhard Cromme, deixou o cargo depois de ter sido acusado de envolvimento em escândalos de pagamentos de suborno. Sua administração também foi criticada depois de ter queimado bilhões de euros na construção de duas novas minas de aço nos Estados Unidos e no Brasil que trouxeram prejuízos em 2012.

Hiesinger vem tentando mudar o foco da ThyssenKrupp, para diminuir a dependência do volátil setor de aço para produtos e serviços de maior margem, como elevadores, instalações industriais e peças para automóveis de alto desempenho.

Nos últimos anos, o presidente cortou custos e vendeu negócios não essenciais para reduzir a exposição da companhia à volatilidade do setor siderúrgico. Cortou mais de dois mil postos de trabalho em sua siderurgia na Europa e reestruturou o negócio de elevadores.

No entanto, a empresa enfrentou alguns obstáculos nessa jornada. Foi obrigada a pedir dinheiro aos acionistas em função de suas deterioradas finanças, viu grandes negócios terem sido apenas parcialmente bem sucedidos, e teve que lidar com questões de compliance que surgiram.

Em dezembro do ano passado, anunciou a venda de usina laminadora em Calvert, Alabama, a um consórcio entre ArcelorMittal e Nippon Steel & Sumimoto Metal por 1,55 bilhão de dólares. O valor representou apenas o piso das expectativas sobre o preço da unidade.

Também foi forçada a reassumir a siderúrgica italiana Terni e a unidade de ligas de alto desempenho VDM, partes do negócio de aço inoxidável que havia vendido à finlandesa Outokumpu no ano passado, em troca de uma nota de empréstimo.

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