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The Body Shop anuncia saída do Brasil e faz liquidação com até 70% de desconto

A decisão faz parte de um movimento global da empresa, que ao longo do ano de 2024 fechou lojas em outros países, como Estados Unidos e Canadá

The Body Shop: Natura vendeu a marca no ano passado (Leandro Fonseca/ Exame/Site Exame)

The Body Shop: Natura vendeu a marca no ano passado (Leandro Fonseca/ Exame/Site Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 14h51.

Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 15h39.

A marca britânica The Body Shop anunciou que vai encerrar suas operações no Brasil até o dia 31 de janeiro. Até lá, os produtos serão vendidos com desconto de até 70% no e-commerce e nas lojas da marca.

"A mensagem de hoje é uma despedida. Com o coração cheio de emoção e gratidão, encerramos uma linda década ao seu lado aqui no Brasil. Juntos, construímos uma história de impacto: lutamos contra testes em animais, celebramos a diversidade, o empoderamento e o amor por todas as formas de beleza. Cada conquista só foi possível porque você esteve conosco, compartilhando nossos valores e propósito", publicou a The Body Shop em sua página no Instagram.

A decisão faz parte de um movimento global da empresa. Com uma recuperação judicial em andamento no Reino Unido, a marca de beleza britânica encerrou em março do ano passado todas as suas operações nos Estados Unidos e anunciou o fechamento de 33 de suas 105 lojas no Canadá.

Fundada em 1976 por Anita Roddick e seu marido Gordon, a empresa ficou famosa por advogar uma forma de capitalismo ético em que os negócios poderiam ganhar dinheiro e fazer o bem ao mesmo tempo. Foi comprada pelo gigante francês de cosméticos L'Oréal em 2006 e posteriormente adquirida por R$ 5,5 bilhões pela Natura em 2017.

No ano passado, a empresa brasileira vendeu a operação para o private equity europeu Aurelius, mas seguiu ao longo de 2024 como master franqueado da marca no Brasil, sendo responsável pela distribuição e licenciamento da marca no país. O contrato terminou no final do ano e não foi renovado.

Quais são as dificuldades da The Body Shop

Segundo uma pessoa ouvida pelo Financial Times envolvida no negócio, "os problemas ficaram evidentes logo no começo, com um desempenho comercial muito pior do que o esperado em plena época de festas de fim de ano", quando a Natura ainda estava no controle da operação.

Parte do problema era que a cadeia, que possuía 2,5 mil lojas em mais de 70 países quando a Aurelius concordou com o acordo, estava presente em mercados demais, alguns dos quais não eram lucrativos.

O negócio no Reino Unido — juntamente com as operações no Canadá e na Austrália — era o mais atraente, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo FT. Mesmo assim, perdeu R$ 444 milhões em 2022, em comparação com um lucro de R$ 62 milhões no ano anterior.

Já com a Aurelius, a The Body Shop pegou uma série de empréstimos que comprometeram alguns dos ativos mais valiosos, incluindo uma grande quantidade de sua propriedade intelectual e imóveis valiosos. Isso significa que, em caso de colapso da marca, a Aurelius poderia ficar com esses bens.

No final de janeiro, a empresa concordou em vender uma parte de seu negócio, incluindo as operações na França e Alemanha. A mudança foi vista como "mais um passo decisivo rumo à implementação de uma forte estratégia de recuperação para a The Body Shop", segundo relato obtido pelo FT.

Desde então, a The Body Shop também entrou com pedido de falência na Alemanha, onde empregava 350 funcionários em 2021.

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