Negócios

Sua empresa sabe atrair os melhores líderes?

Joseph McCool, autoridade em headhunt, dá a receita para as empresas recrutarem os executivos certos

Joseph McCool, autor do livro Escolhendo Líderes, recém-lançado no Brasil (.)

Joseph McCool, autor do livro Escolhendo Líderes, recém-lançado no Brasil (.)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2010 às 11h47.

São Paulo - Escolher os líderes de uma empresa não depende apenas do sucesso anterior na carreira dos executivos. Vários fatores, como cultura, contexto de crescimento e visão de mercado da empresa, contam muito na hora de definir qual é o melhor perfil para a companhia na hora de trocar a gestão. Mesmo assim, há alguns aspectos que devem ser levados em conta ao promover mudanças no alto escalão.

O americano Joseph McCool, colunista da BusinessWeek e autoridade em headhunt, falou ao site de EXAME sobre o assunto. Autor do livro Escolhendo Líderes, lançado em junho no Brasil pela editora Saraiva, McCool dá dicas de como acertar na escolha dos principais executivos da empresa.

EXAME - De que tipo de altos executivos as empresas precisam?
Joseph McCool -
Elas precisam de CEOs e líderes seniores preocupados tanto com suas organizações e pessoas, quanto com sua própria reputação, recursos e potencial de compra e venda no futuro. Precisam de líderes que ainda estão de mente aberta e desejosos de procurar respostas com diferentes visões de uma situação. Precisamos de líderes menos egoístas, que consideram seu papel de liderança como um privilégio e uma oportunidade de mudar o curso dos negócios, mas também de mudar o curso de vidas, seja de clientes, empregados, parceiros de negócios ou outros.

EXAME - Quais as principais qualidades que uma empresa deve procurar em um CEO? Como identificar essas características?
McCool -
Correr riscos calculados. Entender que a qualidade e as habilidades de seu time de atrair, reter e recompensar os grandes talentos vão determinar os resultados dos negócios. Procurar a contribuição de outras pessoas quando encontrar uma decisão difícil, mas também ter a convicção de dar suporte quando a decisão for tomada, se comprometendo a aprender - e não repetir - erros passados.

EXAME - Como uma companhia pode recrutar um bom líder? Quais dicas você daria?
McCool -
As empresas devem recrutar alguém pelo alinhamento e ajuste com sua cultura, sua missão central, valores e objetivos estratégicos. Elas devem olhar mais fundo do que o título do cargo que os executivos ocuparam em outras organizações. Quem é ele ou ela como pessoa? O que as pessoas que os conhecem melhor diriam sobre eles? Há um alinhamento entre suas palavras e suas ações? Esses são pontos que devem ser vistos antes de decidir contratar.

EXAME - Quando uma empresa deve contratar um CEO de fora, e quando deve promover um empregado que já trabalha lá ao nível mais alto?
McCool -
Sempre que possível, a empresa deve contratar o novo CEO interno, mas isso depende dos negócios. Se a companhia precisa de ideias e perspectivas frescas, recrutar um talento "top" de fora é um ato sábio. É sempre dito que as companhias estão investindo nas próximas gerações de líderes, mas geralmente não é isso que acontece. Isso faz com que fiquem muito dependentes de talentos externos e, é claro, isso traz um grande custo e risco.
 


EXAME - Quais seriam as consequências de não se identificar um bom CEO?
McCool - Se uma empresa não contrata um bom CEO, isso pode significar a ruína dos negócios, principalmente para uma companhia pequena. O presidente projeta uma grande sombra sobre o negócio e, por isso, um comandante ruim ou, simplesmente, inadequado, pode causar danos significativos para a cultura organizacional, identidade, moral e comprometimento e produtividade dos empregados. Além disso, se uma companhia tem um CEO ruim, o melhor talento de fora não vai ter interesse em trabalhar lá um dia.

EXAME - E quais os erros que as empresas cometem nos processos de recrutamento?
McCool -
Ser reativo em vez de pró-ativo no desenvolvimento de planos de sucessão. Não fazer o "dever de casa" e desconhecer a consultoria que estão a ponto de contratar. Envolver muitos parceiros nas entrevistas, o que torna o processo mais lento. Não calcular o custo da rotatividade.

EXAME - O senhor diz que um consultor externo pode ser melhor do que um recrutador interno. Por quê?
McCool - O consultor de fora tem uma visão melhor do mercado de talentos e pode e deve advertir a empresa contratante sobre os melhores nomes, e como a companhia é vista aos olhos de grandes executivos contratados em outros lugares. Já o recrutador interno tem uma visão única sobre a dinâmica da organização, cultura e estratégia. Idealmente, o recrutador interno e o consultor externo estão colaborando e buscando os mesmos objetivos. Eles podem e devem ser parceiros.

EXAME - Ultimamente, muitas companhias têm falado sobre um "apagão de talentos", devido à dificuldade que enfrentam para encontrar líderes realmente bons. Por que o senhor acha que esses talentos sumiram?
McCool -
Sempre que uma economia está crescendo e grandes líderes encontram muitas opções de carreira, os empregadores percebem que vão precisar competir agressivamente para recrutar os mais experientes. Muitas indústrias e muitos empregadores falharam no preparo das próximas gerações de líderes, o que os faz ainda mais desesperados para encontrar esses líderes.

EXAME - As empresas estão capacitadas para identificar esses profissionais?
McCool -
Sim, as empresas são capazes de encontrar alguns líderes por conta própria, mas a maioria prefere recrutar alguém que já está trabalhando no topo da cadeia, e por essa razão, muitas delas acabam competindo pelo mesmo talento.

Veja resenhas deste e de outros livros no Já Li

Prefácio do livro Escolhendo Líderes http://d1.scribdassets.com/ScribdViewer.swf?document_id=34229521&access_key=key-gxgzupsdda0kefi3n5p&page=1&viewMode=list


Acompanhe tudo sobre:ContrataçõesEntrevistasgestao-de-negociosLivrosRecrutamento

Mais de Negócios

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões

Haier e Hisense lideram boom de exportações chinesas de eletrodomésticos em 2024