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Startup que monitora doenças crônicas usando inteligência artificial faz a sua primeira aquisição

A Axenya investe na prevenção e acompanhamento dos pacientes para facilitar as negociações entre as empresas e as operadoras de saúde 

Mariano García-Valiño e Roberto Vianna, da Axenya: vamos crescer quase três vezes em 2023 (Axenya/Divulgação)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de agosto de 2023 às 05h01.

Última atualização em 10 de agosto de 2023 às 10h12.

A simples combinação entre as palavras saúde e reajuste já causa tremores em muitas pessoas. Se a inflação do dia a dia já assusta, a da área de saúde gera um impacto bem maior no bolso dos pacientes - e no caixa das empresas. É para este mercado que Axenya olha.

A healthtech trabalha no monitoramento de doenças crônicas como diabetes, a partir de dispositivos tecnológicos como smartwatches.Com os dados em mãos, a startup atua como uma espécie de corretora e procura conectar as pontas do mercado de saúde, facilitando a negociação entre as empresas e as operadoras de saúde.

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A ideia é simples: mostrar que o acompanhamento preventivo e contínuo dos pacientes, associado a cuidados e à criação de rotinas saudáveis, diminui a sinistralidade nos planos.

A proposta de negócio ganhou um novo reforço agora com a aquisição da HealthAPI, uma startup que, a partir de uma plataforma de inteligência artificial, capta dados clínicos dos pacientes, faz a leitura e analisa informações, pontuando a condição de saúde e eventuais riscos apresentados em exames.

A HealthAPI está no mercado há pouco mais de um ano e foi criada por dois jovens desenvolvedores e empreendedores, Guilherme Lima, de 21 anos, e Cleverson Soares, 22. Antes de atrair a atenção da Axenya, a HealthAPI captou 100.000 dólares em rodada pré-semente em novembro passado.

O valor da transação não foi revelado. A movimentação foi centrada nos serviços da startup. Nem o time nem os fundadores permanecerão no negócio.

Qual o objetivo da Axenya com a negociação

A aquisição permite que a Axenya acesse dados clínicos mais robustos sobre os clientes e feche mais uma ponta na estratégia de oferecer um modelo mais redondo.A startup foi criada em 2020 com o sistema de monitoramento, a partir dos dispositivos conectados e de uma solução baseada em AI que escaneia o rosto e consegue mapear informações sobre pressão sanguínea e glicose, entre outras variáveis.

No ano passado, agregou uma nova camada de serviço com a fusão com a corretora HealthCo, que trouxe uma base de mais de 30.000 vidas. Especializada na venda de planos empresariais, a startup tinha uma abordagem semelhante à empreendida pela Axenya, mas de forma manual, o que dificultava o ganho de escala.

“A sinergia era tão óbvia que a gente fechou negócio de imediato”,  afirma Mariano García-Valiño, fundador e CEO da Axenya.

O executivo argentino de 59 anos fez a carreira no setor de saúde. Começou pela Pfizer, fundou a farmacêutica Biotoscana, adquirida pelo grupo Knight Therapeutics, e ainda investe em outros negócios do mercado, de serviços de homecare a cannabis medicinal.

“Com a aquisição da HealthAPI, nós teremos uma rede neural que pega os dados clínicos do paciente, como exames de sangue, extrai as informações e coloca no nosso sistema. Talvez sejamos a única do setor hoje com dados financeiros [dos convênios], dados gerados pelos pacientes e dados clínicos”, diz.

Qual é o tamanho do negócio da Axenya atualmente

Segundo ele, a nova oferta com o serviço da HealthAPI deve entrar nos próximos meses e não impactará os números do negócio neste ano. O sucesso do produto vai depender também da adoção e da liberação dos dados pelos pacientes, uma demanda da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A Axenya deve encerrar o ano com faturamento em torno de14 milhões de reais. O número representa crescimento de 250% em relação aos obtidos no ano passado.A alta é puxada pela conquista de novos clientes e aumento da carteira, hoje na casa de 80.000 vidas. Até dezembro, a expectativa da startup é chegar em100.000 mil.

"Eu vejo que um pouco do crescimento vem porque as empresas estão desesperadas, procurando uma alternativa por um problema que tem sido recorrente ano após ano", afirma Roberto Vianna, sócio e chief revenue officer da Axenya, além de co-fundador da HealthCo. "E a gente está trazendo um pouco dessa solução, com uma visão diferente do que as pessoas estão acostumadas".

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