EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Em plena expansão no Brasil, com a inauguração de sete lojas em menos de um ano de funcionamento, a rede americana de cafeterias Starbucks começa a apresentar sinais de que a possível desaceleração que ameaça a economia americana desde o início da crise das hipotecas, em julho de 2007, pode ter afetado suas operações nos EUA.
O balanço trimestral da empresa, divulgado na quinta-feira (15/11), revela pela primeira vez uma queda no número de operações por loja. Entre julho e setembro deste ano, a rede registrou 1% a menos de transações, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Embora o faturamento tenha crescido 22% sobre a mesma base de comparação e alcançado 2,4 bilhões de dólares, a companhia também reduziu suas expectativas de vendas para o próximo ano a níveis abaixo das previsões do mercado - enquanto a empresa aponta como meta de longo prazo a elevação da receita entre 3% e 7%, neste trimestre a previsão para 2008 ficou entre 3% e 5%, em razão do comportamento dos consumidores, segundo a própria Starbucks.
Os dados fizeram o valor das ações da empresa despencar
8,6% nas negociações pós-encerramento do pregão da Bolsa de Nova York, nesta quinta-feira. Por volta das 14h da sexta-feira, no horário dos EUA, os papéis apresentavam uma desvalorização de mais de 7%, o que contribuía para uma perda de 38% no preço das ações, desde o início do ano.
À prova de recessão?
De acordo com o jornal britânico Financial Times (FT), o desempenho da Starbucks surpreende porque as bebidas mais conhecidas da rede, como os frappuccinos - misturas de café ou chá com cremes de outros sabores - pareciam até agora ser "à prova de recessão", conforme apontava a expansão acelerada da empresa, nos últimos anos. Só no ano passado, a empresa abriu 1065 lojas, em todo o mundo, e iniciou operações em grandes mercados consumidores de café, como o Brasil. Em 2008, porém, a empresa já anunciou planejar um redução de pelo menos 100 unidades, no número de novas lojas.
A queda no movimento das cafeterias alimentou especulações entre os analistas de Wall Street a respeito de uma possível contaminação do desânimo do mercado financeiro para os hábitos mais corriqueiros dos consumidores.
Reforçam a impressão os resultados de grandes redes de varejo, como J.C. Penney e Kohl, as quais também trouxeram dados decepcionantes em seus balanços divulgados nesta semana.
No contexto da Starbucks, entretanto, pode ter contribuído, além da tendência geral de redução do consumo, um aumento de 9% nos preços, efetuado em julho, conforme apontou o próprio executivo-chefe de finanças da empresa, Jim Donald.
Para rebater um eventual cenário de queda mais profunda no movimento, a rede anunciou planos para veicular sua primeira campanha publicitária em canais de televisão, desde a fundação da empresa.