Negócios

Parmalat do Brasil diz que está fora da crise

A Bolsa de Milão suspendeu nesta segunda-feira (29/12) as negociações com ações da Parmalat por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após a empresa italiana ter sido declarada insolvente no sábado (27/12). No mesmo dia, o ex-presidente e acionista majoritário da Parmalat, Calisto Tanzi, foi preso. Ele continua detido em Milão, na prisão San Vittore, […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A Bolsa de Milão suspendeu nesta segunda-feira (29/12) as negociações com ações da Parmalat por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após a empresa italiana ter sido declarada insolvente no sábado (27/12). No mesmo dia, o ex-presidente e acionista majoritário da Parmalat, Calisto Tanzi, foi preso. Ele continua detido em Milão, na prisão San Vittore, que ficou conhecida nos anos 90 por abrigar políticos e empresários envolvidos na chamada operação Mãos Limpas, que trouxe à tona inúmeros casos de corrupção.

A Justiça italiana teme que Tanzi fuja do país. Ele está sendo investigado sobre gestão financeira fraudulenta e apropriação indevida de cerca de 800 milhões de euros. Os investigadores suspeitam que esse dinheiro possa estar aplicado no Equador. Isso porque, durante interrogatório nesta segunda-feira, segundo sites de jornais italianos, Tanzi - que nega manter contas fora da Itália - teria dito, em tom de ironia: Queria ir para Galápagos, mas vocês me impediram . O Equador foi o último país visitado por Tanzi antes de se tornar público o escândalo da Parmalat. Os investigadores estão levando em consideração o fato de não vigorar uma moeda local no Equador desde 2001. Devido a uma crise cambial, o país substituiu sua moeda, o sucre, pelo dólar. Com a estabilidade monetária, tornam-se atraentes investimentos no país sul-americano. Além disso, segundo os investigadores, a Parmalat é uma das poucas empresas italianas presentes no Equador. A Itália é o segundo maior parceiro comercial do país.

Também nesta segunda-feira, fontes ligadas ao processo de investigação afirmaram que os débitos do grupo Parmalat ao final de 2002 somavam 8,2 bilhões de euros, cerca de um bilhão a mais do que havia sido divulgado oficialmente no relatório anual da empresa. Algumas pessoas ligadas à investigação afirmam que este valor pode chegar a 13 bilhões de euros. Enrico Bondi, nomeado há duas semanas presidente do grupo, teria dito ainda que a situação da empresa se agravou sensivelmente ao longo de 2003. Na última quarta-feira (24/12), a fabricante de laticínios apresentou pedido de concordata.

Os principais desafios de Bondi serão manter a empresa funcionando e esclarecer sua real situação financeira. A estimativa é que um novo plano industrial para a empresa seja concluído até o final de janeiro. Uma das hipóteses, de acordo com o jornal econômico italiano Il Sole 24 Ore, é que os bancos credores transformem os créditos que têm a receber em títulos da empresa e que a participação da família Tanzi, que é de 50,02% por meio da holding Coloniale Spa, seja anulada com o ingresso dos novos sócios.

O Tribunal de Falências da cidade de Parma, que aceitou neste sábado o pedido de insolvência da Parmalat, fixou para 19 de maio audiência para definir as prioridades de crédito a serem pagas. O estado de insolvência permite que a empresa continue operando e estabelece que as dívidas serão quitadas progressivamente com os lucros obtidos na nova gestão, com prioridade para os novos débitos, congelando os antigos.

O caso da Parmalat está sendo comparado aos escândalos financeiros das americanas Enron e WorldCom, que registraram fraudes contábeis de 9 bilhões de dólares e 12 bilhões de dólares, respectivamente. O rombo da Parmalat, em dólares, é estimado em pelos menos 10 bilhões.

Brasil
Hoje, a subsidiária brasileira da Parmalat divulgou nota em que afirma que o momento delicado pelo qual passa a matriz não interfere na operação da empresa fora da Itália. Disse ainda que a declaração de insolvência é uma medida que visa permitir que a empresa continue ativa.

No Brasil, o obstáculo a ser superado é reconhecido pela gestão local, que busca preparar-se para os eventuais impactos decorrentes dele. A partir de meados deste mês, foram tomadas ações para proteger as operações aqui no país. A Parmalat Brasil melhorou sua performance a partir da reestruturação por que passou nos últimos três anos, o que foi importante frente a esta nova situação, e deverá seguir o caminho estratégico definido , diz parte do comunicado.

A subsidiária brasileira passa por um momento de reestruturação. Com novo presidente desde o final de 2001, a companhia, desde então, fechou 8 das 18 fábricas que possuía no país. O novo executivo, Ricardo Gonçalves, presidiu anteriormente no Brasil a suíça Nestlé. Apesar de ainda estar no vermelho, a Parmalat Brasil tem melhorado seu desempenho. Entre janeiro a setembro, seu prejuízo somou 80 milhões de reais. Bem menos do que a perda de 210 milhões de reais registrada no mesmo período do ano passado.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

CFOs do futuro: T&E Summit, da Paytrack, destaca novo papel das lideranças financeiras nas empresas

De Porto Alegre para o mundo: a Elofy traz ao Brasil soluções de RH reconhecidas globalmente

Expansão internacional: Bauducco deve gerar cerca de 600 empregos com nova fábrica nos EUA

Esta fintech chamou atenção do ex-CFO do Nubank oferecendo “Pix internacional” para empresas