“Sou um dinossauro apavorado”, diz Lemann sobre inovação
Em evento nos EUA, Lemann garantiu que, mesmo com 78 anos, está apto a liderar mudanças.
Mariana Desidério
Publicado em 6 de maio de 2018 às 07h00.
Última atualização em 6 de maio de 2018 às 07h00.
São Paulo – O homem mais rico do país, Jorge Paulo Lemann , definiu a si mesmo como um “dinossauro apavorado” ao comentar o avanço da inovação sobre os negócios.
Em evento realizado no início da semana pelo Milken Institute, na Califórnia (EUA), Lemann comentou a estratégia de suas empresas para fazer frente a uma era cada vez mais digital, e garantiu que, do alto de seus 78 anos, está apto a liderar mudanças.
Dono de negócios como Ambev e Burger King, e de uma fortuna estimada em 27 bilhões de dólares, Lemann participou de um debate cujo tema era “Estratégia e liderança na era da disrupção”, mediado pelo editor executivo da revista Fortune, Adam Lashinsky.
Inovação
Questionado por Lashinsky sobre como suas empresas, focadas em produtos tradicionais como comida e cerveja, veem o avanço da inovação, Lemann respondeu:
“Sou um dinossauro apavorado, principalmente após participar deste encontro. Falei sobre comida ontem, e tudo o que falavam era sobre novos produtos e novas formas de produzir alimentos. Depois foi falado sobre inteligência artificial, analise de dados, e coisas assim. Eu tenho vivido nesse mundo confortável de marcas antigas e grandes volumes, nada mudando muito. Você podia simplesmente focar em ser eficiente e ir bem. E de repente estamos vivendo disrupções de todas as formas. Se você vai ao supermercado, vê centenas de novas marcas. Já o cliente não quer mais sair de casa, ele quer que tudo seja entregue. Em cervejas temos novos tipos de cerveja surgindo em todo lugar, então estamos sendo afetados por tudo.”
O executivo explicou então o que suas empresas têm feito para fazer frente a essas mudanças:
“No negócio de cervejas, criamos um departamento totalmente separado para lidar com a disrupção. Lá temos pessoas mais jovens, com cabeça voltada para o digital e para a análise de dados. Esperamos poder depois replicar essa estrutura em nossas outras empresas. Estamos lutando.”
Carreira
Questionado sobre se esse seria um novo paradigma em sua carreira, o bilionário assentiu:
“Sim, nós compramos marcas e pensamos que elas durariam para sempre. Compramos muito dinheiro porque o dinheiro estava barato e isso funcionava muito bem e nós simplesmente administrávamos aquilo de forma um pouco mais eficiente. E agora temos que nos ajustar a novas demandas dos clientes, eles querem produtos diferentes todos os dias, querem entrega de forma mais fácil. Temos que nos ajustar”.
Referências
Lemann elencou ainda empresas que, em sua visão, têm lidado bem com os novos tempos. As referências do bilionário são Starbucks, Nike e Zara. “São negócios tradicionais como os nossos e que se ajustaram. Temos que ir na mesma direção”, afirmou.
Mas será que o bilionário tem capacidade para liderar mudanças com vistas a abarcar o cliente do século 21?
“Eu tive várias carreiras na minha vida, fui um jogador de tênis, trabalhei no mercado financeiro, então tenho me ajustado. Tenho 78 anos, mas estou pronto e estou lutando”, respondeu sob aplausos.
Veja o vídeo completo do painel aqui.