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Siderúrgicas da Ásia avaliam impacto de longo prazo por chuvas

A Anglo American, uma das três maiores mineradoras que operam na produção de carvão siderúrgico na Austrália, afirmou que pode levar semanas para restaurar a produção

Extração de minério de ferro da Rio Tinto: empresa também foi afetada (DIVULGAÇÃO/RIO TINTO/Divulgação)

Extração de minério de ferro da Rio Tinto: empresa também foi afetada (DIVULGAÇÃO/RIO TINTO/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 15h48.

Taipé - Siderúrgicas asiáticas podem ter de enfrentar seus piores receios após uma grande mineradora afirmar que pode levar semanas para restaurar a produção de minas australianas de carvão atingidas por enchentes: a possibilidade de um período prolongado de altos custos e escassez de matéria-prima.

A Anglo American, uma das três maiores mineradoras que operam na produção de carvão siderúrgico na Austrália, informou que terá semanas de trabalho para bombear a água para fora das minas depois de mais de dois meses de chuvas torrenciais no Estado de Queensland, maior região exportadora da commodity do mundo.

Produtores de aço afirmam que têm estoques de carvão suficientes atualmente e alguns têm elevado preços de produtos de acordo com um projetado aumento de preços de carvão para cerca de 300 dólares a tonelada, 20 por cento acima dos preços atuais e maior nível em dois anos.

"Se as enchentes continuarem por mais alguns meses, vão causar grandes problemas", disse Choi Doo-jin, porta-voz do grupo siderúrgico sul-coreano Posco.

"Não temos problemas agora, apesar de vermos adiamentos de algumas entregas", afirmou o representante, acrescentando que a companhia tem cerca de um mês de carvão estocado.

Os preços à vista do carvão siderúrgico estão em cerca de 250 dólares a tonelada, segundo analistas e operadores, valor mais de 10 por cento acima da referência da indústria, de 225 dólares a tonelada livre embarcada, negociado entre a BHP Billiton e siderúrgicas japonesas para o primeiro trimestre de 2011.

As 159 milhões de toneladas de carvão coque exportadas pela Austrália em 2010 representam cerca de dois terços dos embarques globais, segundo dados preliminares do governo australiano.

As principais rivais da Anglo, Rio Tinto, Xstrata e BHP Billiton, também foram atingidas por enchentes, as piores em pelo menos 50 anos, e todas declararam força maior, situação em que as empresas se enquadram para se liberarem de obrigações de entregas.

As enchentes começaram a recuar em algumas regiões produtoras de carvão, mas todas as quatro principais mineradoras continuam a passar por interrupções de fornecimento e ainda precisam dizer quando as operações voltarão ao normal. Linhas ferroviárias para terminais portuários também foram afetadas, com pelo menos uma linha de carvão de Queensland fechada.

A possibilidade de novas chuvas vai obrigar as siderúrgicas a avaliarem atentamente os relatórios meteorológicos.

"Se ficar pior, pode ter um grande impacto, não tanto na China, mas na Índia, Japão e Coreia. A Índia ainda tem algum estoque, mas eles podem potencialmente sentir isso", disse Paul Bartholomew, diretor na consultoria australiana Steel Business Briefing.

"Os principais clientes são Japão e Coreia. Posco e Nippon Steel têm estoques de um a dois meses, então, no momento, não estão entrando em pânico, mas quando não cumprirem suas entregas no prazo de algumas semanas vão começar a se preocupar."

Um executivo da Nippon Steel, quarta maior siderúrgica do mundo, informou na quarta-feira que a companhia tinha estoques de carvão para até três meses, nível muito maior que em 2008, quando houve escassez de oferta pela Austrália.

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