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Siderúrgicas brasileiras precisam ganhar escala de produção

Aumentar o porte das operações, por meio de fusões e investimentos, equilibrará o jogo de forças com a Vale do Rio Doce, segundo consultor

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A briga entre as siderúrgicas brasileiras e a Companhia Vale do Rio Doce a maior produtora de minério de ferro do mundo só será realmente resolvida quando os produtores de aço adquirirem força suficiente para negociar de igual para igual com a mineradora. Para tanto, o setor precisará passar por uma consolidação e investimentos no aumento da produção. "A consolidação dos setores de siderurgia e mineração é uma tendência mundial", afirma Dirceu Bezerra Júnior, diretor da consultoria Rosenberg & Associados.

Ainda em maio, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deverá julgar a concentração de mercado da Vale, decorrente do processo de descruzamento de ações com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 2001, e de aquisições posteriores das mineradoras Ferteco, Samitri, Socoimex e MBR. Representadas pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), siderúrgicas afirmam que a Vale a maior companhia brasileira precisa vender alguns de seus ativos, para que a companhia não tenha tanto poder de pressão sobre seus clientes.

O IBS também reivindica que o Cade garanta condições de expansão de outras mineradoras, a fim de que as siderúrgicas passem a contar com fontes alternativas de minério de ferro. Maior operadora logística do país, a Vale também é acusada de dificultar o escoamento da produção de aço, devido às tarifas cobradas pelo frete em suas ferrovias.

O debate arrasta-se há vários anos. Em dezembro de 2002, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda já havia enviado um parecer ao Cade, recomendando a aprovação com reservas das aquisições e do descruzamento de ações com a CSN. Recomendações semelhantes foram feitas, desde então, pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e pela Procuradoria Geral do Cade.

Para Bezerra Júnior, da Rosenberg, mesmo que a Vale venda alguns ativos, o ponto principal do problema não será atacado: a falta de produção em altíssima quantidade das siderúrgicas. "Para ser realmente competitiva no cenário internacional, uma usina precisa ter capacidade produtiva de, pelo menos 15 milhões de toneladas de aço por ano, e isto não existe no Brasil", diz.

Segundo dados da área de análises setoriais da Serasa, o faturamento dos dez maiores grupos siderúrgicos do mundo, no ano passado, atingiu 206,7 bilhões de dólares. Já as dez maiores siderúrgicas do Brasil somaram 18,5 bilhões. A Gerdau, maior grupo siderúrgico do país, com plantas na América do Sul e nos Estados Unidos, faturou 8 bilhões, praticamente meta dos 15,8 bilhões da americana Nucor a décima maior do mundo.

Em outros países, a siderurgia vem apresentando um processo acelerado de consolidação, com a criação de grande grupos internacionais. O maior exemplo foi a criação, no ano passado, da Mittal Steel Company o maior grupo siderúrgico do mundo, com capacidade para produzir 60 milhões de toneladas de aço por ano, 12 vezes mais que a CSN (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre a Mittal Steel).

O diretor-presidente da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), José Armando de Figueiredo Campos, também afirma que o Brasil não pode ficar para trás na consolidação do setor. "Mas isso não acontecerá por atos de governo, e sim quando o mercado estiver maduro para o processo", diz.

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