Shell se junta à Exxon com revés de US$ 1 bilhão em poços no Brasil
Nos últimos três anos, a Shell perfurou três poços de exploração sem encontrar nenhum volume comercial
Bloomberg
Publicado em 16 de maio de 2022 às 14h56.
Por Peter Millard, da Bloomberg
Contratempos caros de exploração petrolífera para grandes produtoras internacionais como Shell e Exxon jogam um balde de água fria em seus planos de transformar o Brasil em um centro de geração de lucros.
Nos últimos três anos, a Shell perfurou três poços de exploração sem encontrar nenhum volume comercial, disse Marcelo de Assis, chefe de pesquisa de produção na América Latina da Wood Mackenzie. A Shell e seus parceiros pagaram pouco mais de US$ 1 bilhão pelos direitos de explorar os três blocos.
No caso da Exxon, os três poços que perfurou em águas brasileiras desde o final de 2020 também não são comerciais, após pagar US$ 1,6 bilhão por eles.
O Brasil vendeu mais de US$ 10 bilhões em área de exploração para a Petrobras e multinacionais desde 2017. Até agora, os perfuradores mais experientes do mundo têm pouco a mostrar.
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A última descoberta de petróleo no Brasil foi feita pela Petrobras há mais de uma década, e os resultados abaixo do esperado desde então podem indicar que os maiores campos da região do pré-sal já foram encontrados.
“A Shell teve uma série de falhas semelhantes à Exxon”, disse Assis. “Todos os blocos adquiridos pela Shell não tiveram sucesso” até agora.
Para o Brasil, isso significa que embora a produção de petróleo devedobrarnesta década a partir dos campos em desenvolvimento atualmente, a produção diminuirá na próxima década, a menos que novos reservatórios sejam identificados para exploração futura.
A TotalEnergies está perfurando um poço onde na semana passada relatou sinais de petróleo e gás à ANP. Não está claro para a indústria nacional, que acompanha de perto os programas de exploração, se a descoberta é grande o suficiente para garantir o desenvolvimento. Até a Petrobras tem tido resultados incertos.
A Shell não quis comentar os resultados de seus três poços. A Exxon disse que concluiu recentemente seu programa inicial de perfuração de exploração e está avaliando as descobertas e implicações para atividades futuras. A TotalEnergies disse que ainda está perfurando o bloco CM-541 na Bacia de Campos e não tem nada para comunicar no momento. A Petrobras disse acreditar no potencial do pré-sal e que seu plano de negócios prevê mais exploração na região.
Uma série de perfurações de poços pela Petrobras nos últimos anos produziu apenas dois prospectos em que está confiante o suficiente para pagar pela perfuração de acompanhamento, e não saberá se são comercialmente viáveis até o final deste ano, disse de Assis. Por enquanto, a Petrobras se beneficia dos campos do pré-sal como Búzios e Mero, na Bacia de Santos, descobertos há mais de uma década.