Trabalhador de siderurgia: setor siderúrgico brasileiro se mobiliza para encontrar formas de reduzir a capacidade de fabricação do insumo no mundo (Akos Stiller/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2014 às 17h42.
Rio - Em meio à queda nas exportação de aço e ao baixo crescimento da produção, o setor siderúrgico brasileiro se mobiliza para encontrar formas de reduzir a capacidade de fabricação do insumo no mundo, com a inclusão do tema em pauta da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
As exportações de produtos siderúrgicos no primeiro trimestre do ano somaram 2 milhões de toneladas e US$ 1,5 bilhão, queda de 19,1% em volume e de 6,9% em valor na comparação com o mesmo período de 2013.
As importações foram de 877 mil toneladas, aumento de 3,9% em relação ao primeiro trimestre de 2013.
Já a produção de aço bruto atingiu 8,3 milhões de janeiro a março, alta de 1,5% em relação aos três primeiros meses de 2013. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 28, pelo Instituto Aço Brasil (IABr).
O presidente executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que o setor conseguiu incluir a discussão sobre a redução da capacidade de produção do aço no mundo em pauta de reunião da OCDE, no início de junho.
O instituto diz que há excedente de produção de cerca de 600 milhões de toneladas de aço no mundo, citando previsão da Worldsteel Association. A ideia é propor uma redução de 300 milhões de toneladas.
A forma como isso seria feito, no entanto, ainda não está definida.
De acordo com Lopes, estudo indicou que para as siderúrgicas começarem a ter desempenhos mais saudáveis seria preciso retirar esses 300 milhões de toneladas.
"A discussão na OCDE é sobre como isso seria feito". Ele não soube informar quando seria feito esse corte, mas ressalta que deveria ocorrer para as empresas terem um "Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) razoável".
Lopes disse ainda que o setor trabalhou com o governo brasileiro para ter um representante na organização. "Nós fizemos um trabalho com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e, pela primeira vez, um brasileiro assumiu a vice-presidência do comitê do Aço da OCDE, o diretor do ministério Alexandre Comin".
De acordo com Lopes, quem fizer qualquer desativação de atividade terá que receber um apoio.
"Imagino que seria razoável que as nações envolvidas com o processo produtivo pudessem colocar recursos em um fundo que tivesse prioritariamente utilização para facultar essa desativação de capacidade".
Para ele, o Brasil não precisa reduzir a produção. Lopes disse, no entanto, estar aberto a discutir isso.
"Vamos ver quem investiu, quem tem capacidade (de fabricação) moderna e quem não tem. Aqueles que não têm, precisam de apoio para fecharem. O Brasil vai sentar para discutir, mas, se o critério é técnico, estamos bem".
Coalizão
O presidente do instituto disse ainda que foi formada a chamada "Coalizão Pró-Competitividade), com a participação de 20 entidades de classe, com a coordenação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
"Já tivemos reunião com (o ministro da Fazenda, Guido) Mantega, com o ministro Mauro Borges (Mdic). O próximo passo é uma conversa com a presidente (Dilma Rousseff), a ser marcada num horizonte de curto prazo".