Negócios

SDE pede que Cade congele a compra da Cimpor no Brasil

Parecer destaca que setor cimenteiro já está sendo investigado por suspeita de formação de cartel no país

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

A Secretaria de Direito Econômico (SDE) divulgou, nesta sexta-feira (19/2), um parecer em que recomenda o congelamento da aquisição da Cimpor no Brasil pela Camargo Corrêa e pela Votorantim. O parecer da SDE servirá de base para que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decida se congela a compra da Cimpor aqui no Brasil até que seja julgado. No texto de 27 páginas, a SDE propõe três medidas preventivas. A primeira é proibir a Lafarge, Camargo Corrêa e Votorantim de realizarem qualquer troca de ativos no Brasil relacionados à compra da Cimpor. Outra medida é impedir que representantes da Votorantim e da Camargo exerçam ingerência no comando das unidades da Cimpor no país. A terceira é que as duas empresas não poderão ter acesso a informações estratégicas da Cimpor em relação ao mercado brasileiro.

Não há prazo para que o Cade tome uma decisão. Mas a expectativa é de que ela venha rapidamente. O parecer da SDE não deixa de ser uma vitória da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que tenta a todo custo comprar uma fatia da Cimpor e, ao mesmo tempo, impedir o avanço da Camargo e da Votorantim sobre a empresa portuguesa. Em meados de dezembro, a CSN deu início à disputa pela Cimpor, ao lançar uma oferta hostil de compra. A proposta foi rejeitada pelo conselho de administração da cimenteira, que recomendou a seus acionistas que não aderissem. A briga esquentou quando a Votorantim anunciou, no início de fevereiro, a compra da fatia de 17,28% da Cimpor detida pela Lafarge. Uma semana depois, a Camargo Corrêa surpreendeu o mercado e assumiu 25% da empresa, tornando-se sua maior acionista. Um dia depois, adquiriu mais 6,46% de participação em poder da Bipadosa.

A entrada da Camargo e da Votorantim no jogo foi interpretada por muitos observadores como uma manobra para impedir que a CSN cresça no mercado de cimentos - hoje praticamente dominado pelas duas empresas. No ano passado, a CSN iniciou sua produção de cimento, com uma usina em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, que aproveita a escória de alto-forno como matéria-prima. A companhia fabricou 311.000 toneladas de cimento em 2009 - o mercado brasileiro é de cerca de 52 milhões de toneladas, das quais a Votorantim detém cerca de 40%. Em reação, a CSN tomou duas atitudes. Em 10 de fevereiro, a siderúrgica pediu ao Cade o congelamento da compra no Brasil. Em seguida, elevou o preço proposto na oferta hostil de 5,75 euros por ação para 6,18 euros.(Continua...)


"Medida indispensável"

Em seu parecer, a SDE destaca "o grave potencial lesivo das operações ao ambiente concorrencial". A secretaria também lembra que o setor já é alvo de investigação por práticas não-concorrenciais, e observa que 'tais aquisições possam ter por objetivo a elevação dos custos de rival não alinhado ao suposto cartel".

Para o escritório Sampaio Ferraz Advogados, que representa a CSN no caso, é praticamente nula a chance de o Cade ignorar o parecer da SDE. O que chamou a atenção dos representantes da siderúrgica é que o texto encaminhado pela secretaria ao Cade não apenas menciona a solicitação da CSN, mas também manifesta uma preocupação da própria SDE. Isto porque a secretaria já vem investigando a eventual formação de cartel no setor - e a compra da Cimpor no Brasil seria mais um ato de concentração.

A banca também acredita que as medidas propostas pela secretaria são suficientes para congelar os efeitos da operação no país. A própria Votorantim já teria manifestado disposição para negociar um acordo com o Cade. Neste caso, em vez de impor uma medida cautelar -  um instrumento unilateral -, a autarquia poderia adotar um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro). O instrumento tem o mesmo efeito que uma cautelar, mas é fruto de uma negociação com os interessados.


Acompanhe tudo sobre:Camargo CorrêaConstrução civilCSNEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasFusões e AquisiçõesSiderurgiaSiderurgia e metalurgiaSiderúrgicasVotorantim

Mais de Negócios

Novo Nordisk desenvolve medicamento com aplicação mensal para perda de peso

A “grande sacada” do Plano Real para derrotar a hiperinflação no Brasil

Esta empresa PME superou todo tipo de desafio para conquistar um grande cliente

Bezos investe em startup que quer criar ‘cérebro’ para robôs