Saúde física e mental: veja o que muda para marcas e consumidores
Sócia da EY, Cristiane Amaral traz insights sobre as principais mudanças de comportamento dos brasileiros – e como isso deve impactar os negócios nos próximos anos
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Publicado em 22 de novembro de 2021 às 14h00.
Última atualização em 22 de novembro de 2021 às 15h49.
Passado pouco mais de um ano e meio do início da pandemia, o segundo recorte local do EY Future Consumer Index 2021 mostra um pouco da evolução dos sentimentos e comportamentos dos consumidores, principalmente no que tange à saúde física e mental.
“O Brasil já liderava rankings relacionados a questões de saúde mental antes da pandemia, tendo como principais causas o receio de perder o emprego, o medo da violência urbana, o trânsito, o divórcio e questões relacionadas ao trabalho”, destaca Cristiane Amaral, sócia e líder do segmento de Consumo, Produtos e Varejo da EY para América Latina.
Com o isolamento social, diz ela, as consequências relacionadas à saúde mental só se agravaram e também ficaram mais visíveis. “Hoje o Brasil é o país número 1 no ranking de transtorno de ansiedade e depressão”, destaca a executiva.
Esse retrato ajuda a compreender, por exemplo, por que 97% dos brasileiros estão preocupados com a economia do país quase tanto quanto se preocupam com a saúde de sua própria família e com o impacto social e comunitário da pandemia. Segundo o estudo da EY, ambas as questões afligem 96% dos respondentes.
“Vale destacar que nove entre dez pessoas têm uma preocupação muito grande de como vai manter suas necessidades básicas neste cenário econômico”, diz Cristiane.
A busca por alimentos mais saudáveis
Essa mudança de comportamento cria, segundo o estudo, não só novas urgências e necessidades como também oportunidades para as empresas do setor de consumo e varejo.
De acordo com a EY-Parthenon, a principal mudança nos hábitos dos brasileiros durante a pandemia, entre junho de 2020 e o início de 2021, está ligada à alimentação. Ao todo, 94% dos entrevistados afirmaram ter mudado a forma como se alimentam e 89% dizem ter passado a consumir mais ou a mesma quantidade de alimentos frescos.
Para 77% houve ainda uma mudança na maneira como compram comida ou cozinham, já que as refeições em casa se tornaram mais comuns, fazendo crescer a demanda por serviços de delivery, drive-thru e take away.
“Passamos a ter, por exemplo, indústrias fornecendo embalagens maiores, as empresas de retail investindo mais em marcas próprias que tenham vínculo com a saúde, com alimentos orgânicos, ou com impacto social reduzido, e o próprio consumidor preocupado com esses três pilares”, diz Cristiane.
Assista à entrevista completa no vídeo acima.
As ghost kitchens − cozinhas compartilhadas, exclusivas para o serviço de entrega, também se tornaram uma boa oportunidade de negócio para, segundo o EY Future Consumer Index 2021, “reduzir o tempo ocioso dos espaços e diminuir os custos de pequenos e médios restaurantes.”
Athleisure: sou atleta, mas busco lazer
Outra tendência foi o aumento do número de pessoas que passaram a se exercitar em casa ou ao ar livre, um hábito que, segundo a EY, deve se manter nos próximos anos.
“Há uma tendência de integrar o lazer com a prática de esportes, e de usar roupas esportivas como parte do estilo pessoal, que vem sendo chamado de Athleisure ─ a fusão das palavras “atleta” e “lazer” em inglês. Esse comportamento já se denota nos resultados de crescimento de vendas entre as marcas de roupas de esporte, superior às vendas de marcas de roupas tradicionais”, aponta o levantamento.
De volta ao velho normal
Por fim, Cristiane faz um apelo para que as pessoas não retornem à vida normal na mesma velocidade com que saíram dela sem antes incorporar hábitos relacionado à saúde física, emocional e à flexibilidade. “Foi um momento em que as pessoas reaprenderam a relevância do cuidado com necessidades humanas básicas.
” Por fim, a executiva faz um alerta: “Estamos num momento econômico conturbado. O trânsito já voltou e tende a piorar; a questão da violência tende até a se agravar, e a convivência familiar que nós ganhamos devemos nos preocupar em não perder. Então, é crítico que cada um de nós tente incorporar aspectos positivos desse momento em que vivemos para que eles se mantenham e possam fazer a transição para um novo ambiente. Da mesma forma que é fundamental que as empresas mantenham uma visão empática e inclusiva – fortaleçam seus programas de cuidado com as pessoas em relação a flexibilidade, gestão de saúde integrada, capacitação e todos desafios que virão neste novo momento.”