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Santander quer ampliar lucro com crédito a empresas menores

Os empréstimos do Santander para o setor vão aumentar até 25 por cento em 2011, mais rápido do que a sua meta de crescimento de 15 por cento para a carteira total este ano

Os empréstimos do Santander no Brasil aumentaram 16 por cento no ano passado (EXAME.com)

Os empréstimos do Santander no Brasil aumentaram 16 por cento no ano passado (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2011 às 20h07.

São Paulo - O Banco Santander Brasil SA, intituição financeira com o pior desempenho no Ibovespa, está ampliando o crédito para pequenas e médias empresas para tentar melhorar suas margens de lucro e impulsionar suas ações.

Os empréstimos do Santander para o setor vão aumentar até 25 por cento em 2011, mais rápido do que a sua meta de crescimento de 15 por cento para a carteira total este ano, disse o presidente do conselho do banco, Fábio Barbosa, em uma entrevista na sede da Bloomberg em Nova York ontem. O Santander também está focando em financiamento imobiliário e cartões de crédito, segundo ele.

Desde que o maior banco da Espanha abriu o capital de sua unidade brasileira, em outubro de 2009, até ontem, a ação despencou 24 por cento em São Paulo, em comparação com um ganho de 2,5 por cento para o Banco Bradesco SA e um recuo de 2,3 por cento para o Itaú Unibanco Holding SA, os dois maiores bancos privados do País. Os empréstimos do Santander no Brasil aumentaram 16 por cento no ano passado, em comparação aos mais de 20 por cento de expansão do Bradesco.

“O mercado está dizendo, eu gostaria que vocês alavancassem mais o banco”, disse Barbosa, que deixou a Presidência Executiva do banco em fevereiro para se tornar presidente do Conselho. “Acho que atingimos aquele momento em que temos de dizer: vamos nos focar no que gera melhores retornos.”

O desempenho de mercado do Santander, terceiro maior banco privado do País, está abaixo da média porque o banco com sede em São Paulo está excessivamente capitalizado e atrasou sua expansão de crédito depois da aquisição da unidade brasileira do ABN Amro Holding NV em 2007 e da crise global de 2008, disse Barbosa.

Alta do PIB

“No começo da recuperação no Brasil, que foi em 2009, 2010, levou um tempo mais longo para que a gente realmente acreditasse que o Brasil não seria tão impactado quanto outros países”, disse Barbosa, 56. “Por pertencermos a um grupo internacional e termos experiências diferentes ao redor do globo, levou mais tempo.”


O Produto Interno Bruto cresceu 7,5 por cento em 2010, o ritmo mais acelerado em mais de duas décadas. O Banco Central elevou a taxa de juros referencial Selic em 3,25 pontos percentuais desde abril de 2010, para 12 por cento, e elevou o compulsório bancário para frear o crescimento do crédito e deter a inflação.

A inflação anual subiu para 6,51 por cento em abril, o nível mais alto desde 2005 e acima do teto da meta do governo.

O lucro líquido do banco com sede em Madri caiu 5 por cento no primeiro trimestre, depois que uma redução de 32 por cento nos ganhos na Espanha foi parcialmente compensada por um aumento de 27 por cento nos ganhos na América Latina, incluindo um crescimento de 23 por cento no Brasil.

As ações do Santander Brasil fecharam em alta de 0,7 por cento para R$ 17,95 na BM&FBovespa. A perda acumulada no ano está em 20 por cento.

‘Demanda Robusta’

Os bancos brasileiros têm uma margem de lucro média de 15 por cento, em comparação a 7,8 por cento para instituições americanas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os bancos podem estar mais inclinados a emprestar para pequenas e médias empresas diante da concorrência acirrada para emprestar para as empresas maiores, mercado em que o BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, é ativo, disse Zeina Latif, economista da RBS Securities Inc.

Depois da aceleração no crescimento da economia no ano passado, muitos setores estão operando perto do limite da capacidade, impulsionando a demanda por financiamento para aumentar a produção, disse ela.

“Tem uma demanda robusta no Brasil”, disse Latif. “Muitos setores estão operando perto do limite da capacidade”.

Embora o crédito para empresas menores “naturalmente” tenha um risco maior, os juros amis altos obtidos desses ativos compensarão por qualquer aumento na taxa de inadimplência, disse Barbosa, que também preside o conselho da Febraban, Federação Brasileira de Bancos. As inadimplências não crescerão muito porque a expansão da economia continuará forte, disse ele.

‘Negócio de altas margens’

“A inadimplência em empresas de pequeno e médio porte naturalmente tem que ser maior do que a de companhias de classificação triplo A”, disse Barbosa, que foi diretor- presidente do ABN Amro no Brasil desde 1996 e continuou no cargo depois da aquisição pelo Santander em 2007, até sair da função neste ano.


O Itau Unibanco, maior banco do País em valor de mercado, aumentou suas provisões para créditos de liquidação duvidosa diante da expectativa de que a taxa de inadimplência poderá subir quando as medidas do governo de restrição ao crédito e o aumento de juros começarem a surtir efeito.

O Ministério da Fazenda estima que a economia deve se expandir 4,5 por cento em 2011. Embora seja difícil para o País crescer num ritmo acima de 5 por cento sem provocar a inflação, a riqueza está se espalhando para as classes mais baixas e para diferentes regiões do País, disse Barbosa.

“O crescimento do Brasil está acontecendo em várias camadas da pirâmide e espalhando-se por todo o País”, disse Barbosa. “Há mais empresas vindo ao mercado e tendo acesso a crédito. Portanto, do ponto de vista dos bancos, estamos indo para um negócio de altas margens.”

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