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Saída de CEO é “suicídio” para Oi em meio à reestruturação

A inesperada renúncia em meio à formatação do que pode ser a maior reestruturação de dívida da história mostra que a operadora pode ter chegado a um impasse


	Logo da Oi: Gontijo, de 44 anos, que liderava a companhia havia menos de dois anos, anunciou sua renúncia na sexta
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Logo da Oi: Gontijo, de 44 anos, que liderava a companhia havia menos de dois anos, anunciou sua renúncia na sexta (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2016 às 16h59.

A inesperada renúncia de Bayard de Paoli Gontijo da presidência da Oi em meio à formatação do que pode ser a maior reestruturação de dívida da história do Brasil mostra que a operadora pode ter chegado a um impasse no árduo caminho que precisa seguir para viabilizar seu negócio.

Gontijo, de 44 anos, que liderava a companhia havia menos de dois anos, anunciou sua renúncia na sexta-feira. A decisão agrega mais incerteza à empresa com sede no Rio de Janeiro, que tenta emergir de uma dívida de quase R$ 50 bilhões (US$ 14,4 bilhões).

A operadora não explicou o motivo da saída. Gontijo será substituído pelo diretor administrativo financeiro, Marco Schroeder, 51, segundo comunicado enviado pela empresa na sexta-feira. A empresa informou que Schroeder acumulará as duas funções.

Gontijo teria discordado de alguns membros do conselho sobre como proceder com as negociações com os credores e decidiu renunciar para permitir que as negociações continuassem avançando rapidamente, segundo uma pessoa a par do assunto. Robin Bienenstock, ex-analista de telecomunicações, também renunciou ao posto no conselho nesta segunda-feira.

“A companhia permitir que o cara que estava devolvendo credibilidade, que estava conseguindo dar oxigênio para a Oi sair em um momento em que ela já está asfixiada é um suicídio administrativo”, diz Adeodato Volpi Netto, chefe de mercados de capital da Eleven Pesquisa Financeira, de São Paulo. “A mensagem é muito clara: o que tinha de ser feito não tinha eco no conselho e entre os acionistas”.

‘Nenhuma condição’

Parte da dívida da Oi inclui 231 milhões de euros (R$ 900 milhões) em títulos com vencimento em 26 de julho. O título sênior não garantido foi emitido em 2012 pela Portugal Telecom, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A Oi tem ainda R$ 1,1 bilhão em debêntures com vencimento em setembro.

Detentores da dívida envolvidos nas discussões ficaram surpresos com a renúncia de Gontijo, que se reuniu com eles recentemente, de acordo com outra pessoa, que pediu para não ser identificada por discutir informação privada. Para os detentores de dívidas, não havia qualquer divergência aparente entre os executivos da Oi em relação à reestruturação, disse a pessoa.

As negociações vinham avançando e, há pouco menos de duas semanas, seis investidores assinaram um acordo de confidencialidade para ter acesso a informações da empresa, segundo pessoas familiarizadas com o assunto na ocasião.

“Se não rolar a dívida, a operação trava. Eles não têm nenhuma condição de gerar caixa suficiente para fazer frente ao serviço da dívida dentro dos prazos que eles têm”, diz Adeodato. “Todos os credores, sem exceção, sabiam que o Bayard estava endereçando de forma dura o que tinha que ser endereçado. E esse cara renuncia”.

A Oi é a quarta maior operadora do Brasil, responsável por parte do sistema de telefonia fixa no país, o que tem sido um fardo diante das metas de expansão e manutenção da rede obsoleta. A empresa registrava R$ 5 bilhões em despesas com juros em 2015, cifra muito acima dos cerca de R$ 2,7 bilhões de lucro operacional disponível para pagar custos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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