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Banco Rural perdeu 26% em ativos com julgamento do mensalão

A deterioração na situação financeira da instituição foi um dos motivos que levaram o BC a liquidar o banco, que vinha de seguidos prejuízos


	Rural: no segundo semestre de 2012, o banco teve prejuízo de quase R$ 60 milhões
 (PAULO MARCIO/VEJA)

Rural: no segundo semestre de 2012, o banco teve prejuízo de quase R$ 60 milhões (PAULO MARCIO/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2013 às 09h33.

Brasília - O Banco Rural, que teve sua liquidação decretada na última sexta-feira, 2, perdeu 26% dos ativos e 28% dos depósitos entre junho de 2012, pouco antes do julgamento do mensalão, e janeiro de 2013, último dado contábil entregue ao Banco Central.

A deterioração na situação financeira da instituição foi um dos motivos que levaram o BC a liquidar o banco, que vinha de seguidos prejuízos. A perda de ativos nesse período equivale a R$ 1,6 bilhão. A redução dos depósitos foi de R$ 900 milhões.

A instituição já havia reduzido seu tamanho após o escândalo do mensalão, em 2005, quando foi apontada como responsável por abrir e manter contas de pessoas e empresas ligadas ao maior escândalo de corrupção da história do País.

O número de agências, por exemplo, caiu de 85, na época, para 28 no fim do ano passado. A quantidade de funcionários foi reduzida de quase 2 mil para cerca de 600 pessoas. Mesmo assim, o banco conseguiu sobreviver por quase oito anos.

A partir do julgamento, que levou à condenação de três de seus dirigentes, no entanto, uma crise de confiança se abateu sobre a instituição, que perdeu depósitos e bons clientes, segundo fontes com acesso aos números do banco.

Com isso, a carteira de empréstimos piorou. O custo do dinheiro para o banco também vinha subindo, por conta da falta de confiança do mercado. Enquanto o mensalão afetava a credibilidade do banco, outros problemas na Justiça também ameaçavam a saúde financeira do grupo.

Em julho de 2012, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizou o bloqueio e a execução de bens do Grupo Rural no valor de mais de R$ 100 milhões para o pagamento de dívidas trabalhistas do empresário Wagner Canhedo, ex-proprietário da extinta Vasp.


Para o Judiciário, o Rural auxiliou Canhedo a ocultar patrimônio. O grupo teve ainda bens bloqueados este ano no caso da Petroforte, por conta de uma transação que teria prejudicado credores da distribuidora de combustíveis.

Os revezes na Justiça obrigaram o banco a aumentar a reserva de dinheiro para cobrir perdas com ações judiciais. A piora na carteira de crédito também exigiu mais capital. Os acionistas, entretanto, não conseguiram atender às exigências para sanear as contas da instituição. Tentaram ainda vender o banco, também sem sucesso.

Prejuízos

Como não havia perspectiva de uma “solução de mercado”, expressão que significa salvar o banco sem o uso de dinheiro público, nem de melhora dos seus resultados, o banco foi liquidado.

Ao anunciar que a instituição fecharia as portas, o BC destacou em nota os “sucessivos prejuízos” que sujeitavam os credores da instituição a um “risco anormal”. Afirmou ainda que a decisão se baseou no comprometimento da situação econômico-financeira e na falta de um plano de recuperação.

No segundo semestre de 2012, o banco teve prejuízo de quase R$ 60 milhões. Em janeiro deste ano, o resultado ficou negativo em R$ 10,4 milhões.

Com a liquidação, 18 dirigentes da instituição estão com os bens bloqueados. Em nota, os controladores do Rural se disseram surpreendidos com a liquidação, em um momento em que se construía “uma transição para reforçar o capital da instituição e adequá-lo aos seus planos de crescimento.”

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) informou que irá instruir depositantes e investidores do Rural a receberem os créditos garantidos pela instituição. Cada pessoa tem direito a receber até R$ 250 mil.

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