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Rumo a se tornar ‘superapp’, PicPay dobra vendas do marketplace

De olho no e-commerce, fintech investe em parcerias e aposta na expertise em pagamentos para ampliar engajamento na base de 55 milhões de usuários

App quer ir além de carteira digital para atuar também próximo às compras de usuários (Rogério Cassimiro/Divulgação)

App quer ir além de carteira digital para atuar também próximo às compras de usuários (Rogério Cassimiro/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 10h30.

Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 14h35.

O PicPay, empresa de tecnologia e plataforma de pagamentos, está de olho em aumentar a proximidade com os usuários, atuando também em outra frente além dos pagamentos: a de compras. É a Store, criada no último ano para atender às necessidades dos consumidores ao mesmo tempo que oferece a solução de pagamentos da empresa. Com mais investimentos nessa frente em 2021, o marketplace registrou mais de 20,2 milhões de transações realizadas de janeiro a junho, valor 2,6 vezes maior do que o do mesmo período de 2020.

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A frente de e-commerce da empresa faz parte de uma estratégia de tornar o PicPay um “superapp”, em que é possível resolver desde transferências entre pessoas e pagamentos até realizar compras. Com cerca de 60 empresas integradas como sellers (vendedores) e seis milhões de usuários no primeiro semestre, a fintech quer cavar o seu espaço dentro desse mercado e chamar a atenção de marcas e consumidores.

Por enquanto, a unidade de negócios cresce em ritmo acelerado. A receita da divisão de janeiro a junho foi de R$ 18,4 milhões, aumento de 185% na comparação com igual período do ano passado. O volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) foi de R$ 417 milhões no período, também mais de duas vezes o registrado no mesmo período do ano passado. O volume bruto de mercadorias vendidas (GMV) nos últimos 12 meses encerrados em junho chega a R$ 750 milhões e, se julho entrar nessa conta, o GMV fica na casa de R$ 1,1 bilhão. 

O PicPay não está sozinho na missão de se tornar um aplicativo de “parada única” (o famoso one stop shop). Na briga pelo varejo, a fintech enfrenta nomes consolidados no mercado brasileiro, como o Magazine Luiza (MGLU3) -- que desde o início de 2020 fez 22 aquisições para fortalecer a estratégia de ecossistema --, além do Mercado Livre, que tem 75,9 milhões de usuários. Ambas as empresas registraram lucro no segundo trimestre deste ano.

Além disso, a estratégia de ter uma carteira digital com cashback na mesma plataforma de e-commerce também é utilizada pela Americanas (AMER3) com a Ame. De olho no potencial de se tornar fintech, a varejista realizou pelo menos três aquisições recentemente para reforçar a atuação financeira: as compras da Bit Capital, Parati e da Nexoos. 

Na contramão do que essas empresas fizeram -- criar um marketplace e depois incorporar divisões financeiras --, o PicPay quer usar a base de usuários adquirida como fintech para ajudar nas vendas. Ao realizar tudo dentro de um único ecossistema, a empresa acredita que será possível tornar o processo de compra mais ágil e simples. 

“Queremos ser a maneira mais rápida e acessível de os usuários realizarem as compras pelo celular. Para isso, oferecemos uma série de vantagens e benefícios, justamente por integrarmos as transações dentro do ecossistema do PicPay”, diz Fábio Plein, diretor sênior da PicPay Store, à EXAME.

O executivo, que passou os últimos quatro anos em outra gigante dos apps -- a Uber --, mostra que chegou com apetite para a nova função, que exerce desde dezembro do ano passado. 

De janeiro para cá, a plataforma do PicPay trouxe mais de 30 vendedores para o marketplace -- são mais de 60 ao todo. Entre eles estão Casas Bahia, Ponto, Polishop e Positivo. Além disso, clientes agora podem contar com recarga de celular, gift cards e Shell Box.

Também em um esforço de conquistar usuários, a fintech anunciou cashback na plataforma de compras neste mês, oferecendo aos usuários a possibilidade de ter até 13% do dinheiro de volta, dependendo do estabelecimento.

Em um ambiente com tantos rivais com ofertas similares, como se diferenciar para os vendedores? Para Plein, o ponto forte do PicPay está na base de usuários cadastrados. 

“Oferecemos uma capacidade de venda incremental aos vendedores. Em um cenário tão competitivo, ter acesso a uma base com 55 milhões de usuários, com inteligência sobre eles, é um atrativo importante para os vendedores. Talvez esse tenha sido um diferencial que nos permitiu crescer tão rapidamente”, diz.

Além do volume, a empresa traz outra métrica relacionada à base de pessoas cadastradas: usuários que estão presentes tanto na carteira digital quanto na Store são três vezes mais engajados do que os demais. 

Logística e categorias vendidas

Para conquistar cada vez mais pessoas e engajá-las nos serviços oferecidos, a empresa não quer competir com outros marketplaces em entrega rápida -- uma das tendências dessa indústria --, pelo menos por enquanto. 

“Nós queremos ser muito bons na etapa de geração de demanda para nossos parceiros e excelente na etapa de pagamento, que é como nascemos. Com uma base de usuários forte, conseguimos mostrar toda a nossa experiência em pagamentos”, diz o executivo.

Entre as categorias comercializadas, a empresa afirma que não pretende entrar em segmentos como o de alimentação no curto prazo. Algumas categorias mapeadas são e-commerce e eletrônicos, tendo moda como um passo seguinte. A estratégia é lançar, adquirir experiência e só então expandir. 

“Vamos estudar sinergias entre as categorias para trabalhar nossa visão de futuro, que envolve soluções de delivery, supermercado e todas as principais necessidades dos nossos usuários”, afirma Plein. 

Com o crescimento ao longo do tempo, o objetivo é que o marketplace tenha uma participação maior na receita na companhia. Hoje, a Store, se somada às estratégias de marketplace financeiro e de negócios e aceitação, representa 17% da receita da companhia. A empresa não divulga valores separados por unidade de negócio.

Os planos se alinham com o que Eduardo Chedid, vice-presidente de serviços financeiros do PicPay, anunciou recentemente na divulgação de resultados da companhia. Com foco em crescimento acelerado, a empresa registrou resultado líquido negativo de R$ 465,3 milhões -- mesmo com aumento de 167% na receita. A meta da empresa é fazer com que serviços como o e-commerce respondam por mais da metade da receita em alguns anos.

A fórmula para fazer a estratégia dar certo, aparentemente, o PicPay já tem: alto número de usuários, dinheiro para investir e interesse de parceiros para crescer. A competição não é fácil, mas em um país em que aproximadamente 10% das compras são feitas pelo ambiente digital, espaço não falta para conquistar o próprio filão. 

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