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Rio Tinto quer receber mais do que a Vale pelo minério de ferro

Maior concorrente da brasileira no setor espera conseguir um "prêmio de transporte", por estar mais próxima dos clientes asiáticos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A principal concorrente da mineradora brasileira Vale no setor de minério de ferro, a anglo-australiana Rio Tinto, tentará nos próximos dias superar a rival, nas negociações com as grandes siderúrgicas asiáticas quanto ao preço do produto, numa tentativa de romper com uma tradição existente há pelo menos duas décadas.

Na mesma manhã em que a Vale fechou acordo para um reajuste de 65% no preço do minério de ferro vendido a duas das maiores consumidoras asiáticas - a japonesa Nippon Steel e a sul-coreana Posco - e de 71% no produto vendido à também japonesa JFE Holdings, um dos principais executivos da Rio Tinto, Sam Walsh, afirmou em nota que a companhia buscará incluir no reajuste um "prêmio de transporte", como forma de "refletir a proximidade com a Ásia e com seus principais clientes".

Esse prêmio seria uma espécie de bônus que as siderúrgicas pagariam à empresa anglo-australiana pelo fato de ela exportar minério de ferro a partir da região de Pilbara, no oeste da Austrália, área bem mais próxima da China, do Japão e da Coréia do que o norte do Brasil, região de onde a Vale extrai predominantemente seu minério.

Segundo um levantamento da agência de notícias Bloomberg, a proximidade geográfica permite aos compradores da Rio Tinto economizar em média 34,85 dólares a cada tonelada transportada, em relação à Vale, uma vez que o trajeto de navegação é muito mais curto. O preço da exportação de minério de ferro do Brasil até a China mais do que dobrou em 2007 e chegou a 59,19 dólares por tonelada, 243% maior do que os 24,34 dólares pagos no trajeto com origem na Austrália.

Para consultores ouvidos pela agência, caso o "prêmio de transporte" considere o valor integral dessa diferença, o aumento no produto vendido pela Rio Tinto chegaria a 154%, índice mais de duas vezes maior do que o recorde histórico registrado em 2005, quando a Vale obteve aumento de 71,5%.

Caso consiga fazer valer o "prêmio de transporte", a Rio Tinto também encerraria a prática já bastante difundida no setor de aceitar o primeiro contrato de reajuste fechado no ano como a referência para todos os demais contratos do tipo.

A também anglo-australiana BHP Billiton já tentou, em 2005, obter a quebra desse padrão, sob o mesmo argumento de proximidade territorial, mas desistiu do bônus por ter ficado isolada na reivindicação - nem a própria Rio Tinto apoiou a mudança.

O cenário atual, no entanto, parece mais favorável a um reajuste desse porte, de acordo com os especialistas. Um indício da elasticidade dos preços do minério de ferro é o fato de o preço no mercado avulso chegar ao triplo do negociado nos contratos.  

Uma alteração nesse sentido liberaria as mineradoras a buscar reajustes cada vez mais altos, diante da fase de forte aquecimento da demanda, impulsionada pelo aumento de produção siderúrgica da China. O preço do minério de ferro no mercado internacional sobe há seis anos consecutivos, mesmo já tendo alcançado o nível mais alto da história do produto.

Para boa parcela dos analistas, levará mais alguns anos para que a oferta da commodity se iguale à demanda, o que deve seguir impulsionando o crescimento acelerado das empresas líderes na extração desse tipo de mineral - Vale e Rio Tinto são, respectivamente, primeira e segunda colocadas no ranking.

Como resposta à possibilidade de reajustes acima dos 65% obtidos pela Vale, as ações da Rio Tinto na Bolsa de Londres subiram 3%, na manhã desta segunda-feira (18/02).

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