Renuka enfrenta impasse com credores após suspensão de leilão
A venda da Revati seria algo essencial para a Renuka, subsidiária da indiana Shree Renuka Sugars, pagar seus credores
Reuters
Publicado em 4 de outubro de 2017 às 16h28.
São Paulo - Um mês após a suspensão do leilão da usina Revati, da Renuka do Brasil, as negociações entre os credores e a empresa em recuperação judicial, com dívidas de quase 3 bilhões de reais, estão "travadas", disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.
"Nenhuma evolução, nenhuma novidade. A companhia ainda está checando soluções com seus consultores", afirmou a fonte, sob condição de anonimato, acrescentando que não há nenhum prazo para que as discussões sobre uma saída para a companhia sejam retomadas.
A venda da Revati, localizada em Brejo Alegre (SP) e com capacidade para moer 4 milhões de toneladas de cana por safra, seria algo essencial para a Renuka, subsidiária da indiana Shree Renuka Sugars, pagar seus credores.
O leilão da unidade estava inicialmente marcado para 4 de setembro, com três grupos interessados, incluindo a gigante chinesa Cofco.
O certame, contudo, foi suspenso a pedido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), titular de garantias hipotecárias da companhia.
O BNDES já havia pedido a suspensão do leilão da outra usina do grupo sucroenergético, a Madhu, em Promissão (SP), no início do ano. Com isso, foi necessária a aprovação de um novo plano de recuperação judicial, prevendo, então, a venda da Revati.
Em nota enviada à Reuters, o banco de fomento disse que "o plano de recuperação judicial (da Renuka do Brasil) viola dispositivos legais ao colocar em risco o recebimento do crédito do BNDES decorrente da alienação de suas garantias".
"Ratificamos que o BNDES é titular de garantias hipotecárias e... atua, observada a legislação em vigor, para preservar suas garantias reais com o objetivo de permitir a recuperação de seus créditos", frisou o banco, preferindo não comentar sobre qual seria a saída para a Renuka do Brasil.
O escritório de advogados TWK, que assessora a companhia sucroenergética em seu processo de recuperação judicial, disse que não estava autorizado a comentar o assunto. Já a Renuka do Brasil não pôde ser contatada.
A venda da Revati, caso fosse concretizada, seria o terceiro negócio de usinas de cana por meio de leilões judiciais em menos de um ano, conforme players com melhor estrutura de capital buscam ativos de rivais endividados.
A Glencore comprou a usina Guararapes em novembro do grupo Unialco. A Raízen Energia, uma joint venture entre a Cosan e a Shell, fez em junho a aquisição de duas usinas da Tonon Bioenergia, por 823 milhões de reais.
A Renuka do Brasil iniciou investimentos no país em 2010 e foi atingida juntamente com o restante do setor por baixos preços do açúcar e pelo controle de preços de combustíveis que vigorou em governos anteriores.