Energia solar: o leilão A-3 será o primeiro com participação de projetos de fonte solar do setor elétrico no Brasil (sxc.hu)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2013 às 16h40.
São Paulo - A Renova Energia, empresa que tem a Light no bloco de controle, buscará vender energia solar no leilão A-3, no qual tem cerca de 200 megawatts (MW) em projetos cadastrados para participação, ao mesmo tempo em que busca manter a expansão no segmento de energia eólica.
A companhia -que tem estado presente com energia eólica nos leilões do mercado regulado e também vende no mercado livre- tentará viabilizar a energia solar em leilão previsto para novembro, mesmo com a perspectiva de que essa fonte tenha que competir com outras mais baratas.
O leilão A-3, marcado para 18 de novembro e com entrega de energia a partir de 2016, será o primeiro certame com participação de projetos de fonte solar do setor elétrico no Brasil.
"A nossa meta é poder ser tão competitivo (com energia solar) quanto uma usina a gás natural... Se a usina a gás estiver entre 180 a 200 reais por megawatt-hora (MWh), por exemplo, a solar tem que estar um pouquinho abaixo. A gente vai tentar (vender energia solar no leilão)", disse o presidente da Renova Energia, Mathias Becker, em entrevista à Reuters.
Segundo o executivo, apenas 30 por cento dos equipamentos de uma usina solar podem ser fabricados no Brasil, de forma que um projeto dessa fonte tem importante influência da variação do dólar, e a empresa ainda negocia com fornecedores para o leilão.
A Renova tem 400 MW em projetos de energia solar já outorgados, que podem ser construídos. O potencial solar está na Bahia, mesmo Estado em que a Renova vem viabilizando novos potenciais de energia eólica a preços competitivos.
No leilão de energia de reserva exclusivo para a fonte eólica, realizado no fim de agosto, a Renova vendeu 159 MW de parques eólicos na Bahia.
O preço médio praticado pelas empresas vencedoras no leilão, de 110,51 reais por MWh, é um patamar sustentável para os próximos cinco anos, segundo Becker.
"É um patamar sustentável para a indústria manter se desenvolvendo. O preço pode variar um pouquinho, porque o dólar variou, mas é uma base de preço competitiva", disse o executivo, ao acrescentar que a variação de preço pode ocorrer, mas não vê esse patamar de preço aumentando muito no futuro para o desenvolvimento de novos projetos no país.
No leilão de energia A-5 realizado em dezembro de 2012, o preço médio da energia eólica vendida foi de 87,94 reais por MWh, e a Renova chegou a vender energia de 22,4 MW em potência instalada.
Mas Becker lembra que só foi possível vencer naquela competição porque a empresa vendeu uma "ponta de parque", ou seja, extensão de um parque eólico já existente. "A gente não acha sustentável vender em larga escala com aquele preço. Começar um parque com aquele preço não é sustentável", disse.
A Renova quer manter presença nos leilões com energia eólica e para o leilão A-3 de novembro cadastrou cerca de 400 MW de eólicas, também na Bahia. A companhia buscará cadastrar mais ou menos a mesma quantidade para o A-5, previsto para 13 de dezembro e com entrega da energia em cinco anos, para o qual o cadastramento de projetos ainda não foi aberto.
A variação do dólar, apesar de impactar o preço da energia eólica, não chega a prejudicar a competitividade dessa fonte, segundo Becker, diante dos atuais exigências de nacionalização exigidos no país e já que outras fontes, como o carvão, por exemplo, dependem ainda mais de equipamentos importados.
A moeda norte-americana disparou nos últimos meses ante o real, sob influência de expectativas de redução dos estímulos monetários pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, o que reduziria o fluxo de capitais para países emergentes. Nesta segunda-feira, o dólar era cotado na faixa de 2,37 reais --contra 2 reais no fim de abril.
"O impacto do aumento do dólar para a indústria eólica é de neutro para positivo. Com algumas fontes, a gente fica igual, e em relação a outras a gente fica mais competitivo. Dentro daquele requerimento de nacionalização que o governo colocou, o que pode ser um problema acaba sendo uma solução também", disse.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), importante fonte de financiamento para o setor elétrico, exigia que no mínimo 60 por cento dos equipamentos eólicos de um parque fossem fabricados no Brasil, para que as empresas habilitassem projetos a empréstimo dentro do Finame.
Em dezembro de 2012, o banco de fomento passou a aplicar nova metodologia, com o objetivo de elevar gradativamente o conteúdo local dos aerogeradores eólicos, estabelecendo metas de nacionalização periódicas que as fabricantes devem cumprir.
Ritmo de expansão
A Renova tem mantido a construção de cerca de 250 MW em projetos eólicos por ano. "Para garantir a execução dos projetos, a gente não pode oscilar demais... A gente não quer nem ter demais e nem ter de menos. É o crescimento constante que vai nos levar a ter a otimização do custo, segurar linha de crédito e operar bem", disse.
A Renova tem capacidade instalada contratada de 1.449,4 MW, sendo 1.407,6 MW de energia eólica e 41,8 MW de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Segundo Becker, a empresa está sempre atenta a aquisições, mas ao menos no setor eólico o crescimento orgânico tem se mostrado mais vantajoso.
A Renova anunciou no início de agosto que a Cemig passará a fazer parte do seu bloco de controle, por meio de uma subscrição e integralização de novas ações a serem emitidas. Com a operação, a empresa de energias renováveis passará a ter participação em ativos da Brasil PCH, cuja negociação completa ainda está em curso pela Cemig.
A Cemig acertou a compra da parcela de 49 por cento da Brasil PCH que pertence à Petrobras em junho, mas ainda busca adquirir o restante da empresa em negociação com outros acionistas. Becker disse que não é possível estimar quando a Renova passará a de fato ter participação na Brasil PCH.