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Relatório sobre Brumadinho confirma falhas na governança da Vale, diz MPF

O documento indicou que, já em 2003, a empresa possuía informações que apontavam a fragilidade da barragem, que entrou em colapso em janeiro de 2019

Vale: barragem da empresa rompeu em 2019 e matou mais de 270 pessoas (Washington Alves/File photo/Reuters)

Vale: barragem da empresa rompeu em 2019 e matou mais de 270 pessoas (Washington Alves/File photo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 21 de fevereiro de 2020 às 18h34.

Um relatório independente publicado na véspera sobre as causas do rompimento mortal da barragem de rejeitos da Vale, em Brumadinho (MG), confirma investigações e aponta a necessidade de mudanças na governança da mineradora para que outros desastres não ocorram, afirmou à Reuters nesta sexta-feira o coordenador de uma força-tarefa que investiga o caso.

O documento indicou que, já em 2003, a empresa possuía informações que apontavam a fragilidade da barragem, que entrou em colapso em janeiro de 2019 e matou cerca de 270 pessoas.

Mas as medidas tomadas para lidar com essa fragilidade e aumentar a segurança da barragem foram limitadas e ineficazes, de acordo com o relatório do comitê, liderado pela ex-ministra da Suprema Corte do Brasil Ellen Gracie.

"O relatório confirma o que já temos identificado nas investigações, de que a governança e a gestão de risco da empresa deixam muito a desejar. Eu diria até que deu causa ao que aconteceu em Brumadinho, deu causa em grande parte ao que aconteceu em Mariana", disse o procurador da República José Adércio Sampaio.

O procurador também é o coordenador da força-tarefa que investiga o rompimento de barragem em Mariana (MG), da mineradora Samarco, uma joint venture da Vale com o grupo BHP,.

O desastre anterior, em novembro de 2015, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce.

"Fica evidente com o relatório que profundas mudanças na governança corporativa e de gestão dos riscos precisam ser feitas, sob pena de podermos passar por novos desastres como o que aconteceu em Brumadinho e em Mariana", pontuou.

A Vale, no entanto, acredita que o relatório não gera fatores novos que possam pesar contra a companhia.

Em uma teleconferência com analistas nesta sexta-feira, o consultor-geral da mineradora, Alexandre D'Ambrosio, afirmou que o documento não trouxe novidades, ao responder pergunta de um analista sobre os efeitos que a conclusão do comitê poderia gerar para a empresa.

"Em relação ao relatório de ontem, do comitê independente, não trouxe nenhum fato novo, nenhuma surpresa. O relatório é baseado no mesmíssimo acervo de informações que os ministérios públicos, polícias civil e federal também tiveram acesso", frisou D'Ambrosio.

"Não há porque gerar nenhuma questão nova. As responsabilidades da companhia já estão postas, expostas e conhecidas."

Em fato relevante na véspera, a Vale ressaltou que o relatório trouxe recomendações de natureza técnica e de governança, e que "a maior parte dessas recomendações diz respeito a temas que já vêm sendo tratados pela companhia por meio de inúmeras ações para aprimoramento de seus controles internos".

A empresa disse que divulgará em até 30 dias um cronograma de implementação de referidas ações.

A Justiça de Brumadinho recebeu na semana passada denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais contra o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman e outras 15 pessoas, por homicídio qualificado e crimes ambientais, referente ao rompimento em Brumadinho.

Já o MPF continua a investigar o caso e atualmente trabalha na conclusão de uma perícia que busca identificar com mais precisão as causas técnicas do rompimento da barragem.

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