O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson retornou neste sábado a Londres após um período de férias, em meio aos rumores de uma candidatura para voltar a ocupar o posto de chefe de Governo após a renúncia de Liz Truss. (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, decide nesta segunda, 22, se o grupo de países que inclui Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte terá um relaxamento nas regras de isolamento e quarentena relacionadas ao turismo. Uma maior flexibilidade seria uma tentativa de aquecer os negócios no setor do turismo, uma cadeia que tem sofrido impactos desastrosos com as restrições de viagens mundo afora por causa da pandemia.
O lento progresso da vacinação nos países europeus, sobretudo em meio ao surgimento de novas cepas do vírus, tem preocupado o setor turístico e levantado discussões sobre o impacto negativo de uma quarentena estendida. Desde julho do ano passado, o governo europeu vem transitando entre decisões restritivas e liberações de circulação para viajantes e turistas - dentro e fora do Reino Unido.
O episódio mais recente envolveu pessoas presas em hotéis e forçadas a cumprirem um período de isolamento, impedidas de deixarem a estadia forçada e dispendiosa.
A regra de quarentena entrou em vigor na última semana, e serve para residentes que retornam de viagem de países que representam zonas de risco de contaminação da covid-19. De acordo com as novas obrigações, os recém-chegados aos países do bloco deverão cumprir quarentena obrigatória de 10 dias em hotéis por um valor de 1.700 libras, o equivalente a 13.000 reais.
São 33 países inseridos na chamada “lista vermelha'', que inclui Brasil, África do Sul, Portugal, Argentina e Venezuela. Quem burlar a quarentena pode ter que pagar uma multa de até 10.000 libras, ou 75.000 reais. O viajante que mentir ou omitir o seu trajeto de viagem e a passagem por um dos países da lista vermelha pode ser condenado a até 10 anos de prisão.
A decisão é motivada pelo medo da entrada de novas variantes do vírus e o risco de novas infecções.
As medidas, porém, preocupam trabalhadores e moradores que veem no isolamento um adeus às férias de verão neste ano. No início do mês, Johnson afirmou que, a partir do anúncio de hoje, as pessoas seriam capazes de programar suas viagens de férias. Para o ministro, a recuperação do turismo depende do contínuo sucesso do programa de vacinação. A expectativa é que toda a população adulta esteja vacinada até o segundo trimestre do ano.
O setor de viagens europeu tem sofrido com as consequências das restrições de circulação, especialmente as companhias aéreas. Para alguns países como a Grécia e Portugal, a entrada e saída de viajantes estrangeiros representa não menos do que 21% e 17% da economia local, respectivamente.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), 2020 foi o pior ano da história do turismo. As chegadas internacionais tiveram uma queda de 74% quando comparado ao cenário de 2019. Isso representa um declínio de mais de 1 bilhão de viagens internacionais no ano e um prejuízo superior a 1 trilhão de dólares para a economia mundial.
No caso do Reino Unido, o endurecimento das regras turísticas estabeleceu que viagens internacionais e domésticas são permitidas apenas para fins essenciais, como motivos de saúde, trabalho ou razões educacionais.
O Brasil também não saiu ileso do período e conta com empresas turísticas que acumulam prejuízos bilionários. As aéras Gol e Azul, por exemplo, perderam juntas cerca de 9,5 bilhões de reais em valor de mercado no último ano. Enquanto a companhia de viagens CVC teve queda financeira de 44% e agora vale 3,86 bilhões de reais, segundo levantamento da Onfly, plataforma de gestão de viagens.
O cenário, no entanto, é de otimismo com o futuro. A plataforma também elencou 12 traveltechs, startups voltadas ao setor de turismo, que podem avalancar o cenário brasileiro em 2021 ao mudar o jeitão de fazer negócios no setor do turismo – e, de quebra, reduzir custos ao longo da cadeia, uma necessidade urgente num setor desesperado por fazer caixa em meio à crise.
São elas: MaxMilhas, Hurb, 123Milhas, Zarpo, Instaviagem, Bank3, Pmweb, Let's Book, Asksuite, Voa Hotéis, Fly Adam e Onlfly. Resta saber se a cadeia do turismo vai conseguir usar a tecnologia para sair mais eficiente da crise causada pela pandemia.