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RedeTV! pretende demitir 30% dos funcionários nesta semana

Cortes fazem parte da reestruturação da emissora, que passa por uma crise financeira desde o ano passado

Luciana Gimenez: apresentadora negocia a saída da RedeTV! para fechar com a Band (Rafael Cusato/Contigo)

Luciana Gimenez: apresentadora negocia a saída da RedeTV! para fechar com a Band (Rafael Cusato/Contigo)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 16 de março de 2012 às 17h02.

São Paulo - A RedeTV! pretende demitir nesta semana cerca de 200 funcionários, o equivalente a cerca de 30% da folha de pagamento da emissora. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa e alguns cortes já foram anunciados, inclusive com a extinção de programas.

Pelos menos oito pessoas foram cortadas do núcleo de esportes da emissora nos últimos dias, uma das áreas que será mais afetada pelos cortes, segundo informações do Comunique-se. O programa 'Aconteceu' também está fora da grade e, com isso, todos os profissionais ligados à exibição foram demitidos.

No jornalismo esportivo, os narradores Luíz Alfredo e Octávio Muniz já foram dispensados, assim como alguns comentaristas. Silvio Luiz permanece no canal. No programa "Belas na Rede", três das cinco apresentadoras já não fazem mais parte da equipe desde quarta, dia 14: Milena Domingues, Marília Ruiz e Juliana Cabral foram demitidas. O núcleo perdeu também o editor Mario Mendes, o narrador Tatá Muniz, o locutor Luiz Alfredo e os comentaristas Carlos Lua, Guilherme Domingos e Careca. O programa esportivo debate "Belas na Rede!" também pode ser extinto.

A área de entretenimento, com programas como "TV Fama" e "Superpop", também deve ser afetada. “Há tempos o Superpop está sendo produzido com 1.200 reais por semana, um valor baixíssimo para um programa como esse”, disse uma das pessoas que trabalham para a emissora à Exame.com. “A emissora deve cortar mais verba e produtores para manter as pessoas que apresentam.”

Os cortes fazem parte de uma reestruturação da emissora, que hoje recebeu uma notícia favorável. A 9ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro chegou à decisão, em segunda instância, de que a emissora não é sucessora da TV Manchete e, portanto, não deve arcar com as dívidas trabalhista, tributária e cível da extinta rede de televisão. Os passivos trabalhistas da antiga emissora são estimados em 100 milhões de reais.

Perdas e mais perdas

A crise financeira na emissora tem sido matéria recorrente na imprensa desde o final do ano passado. Isso porque a RedeTV! vinha atrasando salário de funcionários, que não escondiam o descontentamento com a companhia até em suas rede sociais.


O clima instável da emissora ficou ainda mais evidente depois da perda do programa humorístico Pânico, uma de suas principais atrações. A RedeTV! havia atrasado quatro meses de salário de todos os participantes do programa, inclusive da apresentadora Sabrina Sato, dona de um dos três salários mais altos da RedeTV! e estimado em cerca de 150.000 reais mensais. Os salários atrasados dos profissionais do Pânico são estimados em 25 milhões de reais.

Depois da perda, a emissora tratou de fazer um road show em bancos para convencer credores de que a perda do programa não representava um baque de 40% no seu faturamento, mas sim 12%. A Rede TV! também contratou Rafinhas Bastos para abafar a crise.

No ano passado, a emissora já havia perdido para a Band os direitos de transmissão da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol (prejuízo de 30 milhões de reais), para a Globo as lutas do MMA (mais 15 milhões). Segundo apurou Exame.com em fevereiro, o programa de Luciana Gimenez atualmente negocia um possível contrato com a Band. 

Gestão questionável

A maneira de gerir a emissora é também apontada como pouco profissional por fontes de Exame.com. De acordo com elas, seus dois sócios  - Amilcare Dallevo Junior, marido da apresentadora Daniela Albuquerque, e Marcelo de Carvalho, marido de Luciana Gimenez - não tem um pró-labore fixo e acabam retirando recursos do caixa da emissora de acordo com suas necessidades pessoais.

Além disso, a grande maioria dos profissionais da casa que recebem mais de 8.000 reais de salário recebe pagamento como prestadores de serviço. “Algumas dessas pessoas eram registradas e foram coagidas a pedir demissão para entrarem no sistema de pessoa jurídica”, afirma uma ex-funcionária. “Os que recebem menos que isso ainda têm registro em carteira, mas a emissora não deposita o FGTS deles, nem paga o proporcional a férias.”

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