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RedeTV! abafa crise com a contratação de Rafinha Bastos

Emissora anunciou a contratação do humorista numa tentativa de transmitir um clima de normalidade após a saída do 'Pânico na TV'

Os sócios vieram a público somente nesta quinta-feira, quando convocaram a imprensa para anunciar a contratação de Rafinha Bastos (Fabiano Accorsi)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de março de 2012 às 22h41.

São Paulo - Durante quinze dias, desde o anúncio de que o Pânico na TV estava trocando a RedeTV! pela Band, a cúpula da emissora optou pelo silêncio. Parecia que os sócios Marcelo de Carvalho e Amilcare Dallevo esperavam um milagre para reverter a seu favor a péssima notícia da debandada de Emilio Surita e companhia, que descortinava a crise financeira por que passa a emissora de Osasco – o Pânico deixou o canal motivado por atrasos salariais consecutivos.

Os sócios vieram a público somente nesta quinta-feira, quando convocaram a imprensa para anunciar a contratação de Rafinha Bastos como produtor-executivo e apresentador do Saturday Night Live Brasil, conceituado programa de humor americano. Antes de chamar Rafinha ao palco, com ares de âncora de programa de auditório, Marcelo de Carvalho se pôs a falar de forma bem humorada sobre o atraso de salário dos funcionários, a perda dos direitos de transmissão dos jogos de futebol da série B do Brasileirão e a relação com Tutinha, o criador do Pânico, entre outros assuntos.

O esforço da emissora para transmitir um clima de normalidade se fazia notar desde o início. A imprensa foi recebida com uma mesa farta de salgados, doces, sucos e refrigerantes. A mensagem era clara: aqui não há espaço para crise.

Durante a entrevista coletiva, tanto Carvalho e Amilcare quanto Mônica Pimentel, diretora artística do canal, repetiam o mesmo discurso digno de livros de autoajuda, de que a perda do Pânico – obviamente não chamada de “perda – era uma “grande oportunidade” para apostar em coisas novas. “É o fim de um ciclo e, ao mesmo tempo, o começo de outro”, disse Mônica.

“O contrato do Pânico era preocupante financeiramente. O dinheiro que gastávamos com essa produção pode ser distribuído para outras atrações da casa e na criação de outros produtos”, disse Marcelo de Carvalho.

Críticas ao Pânico – O movimento coletivo de “já viramos essa página”, no entanto, foi traído pelo próprio Carvalho. Apesar de justificar a ida do Pânico para a Band como um movimento natural do mercado – “Há sempre uma troca de artistas e emissoras” –, Carvalho disse que vai processar Tutinha por danos morais por declarações que desdenham da infraestrutura técnica da RedeTV!.

“Com muita indignação, eu vi o Tutinha dizer que agora, na Band, ele teria a estrutura técnica que nunca teve aqui. Isso é uma mentira absurda, uma maldade.”


Em seguida, o marido de Luciana Gimenez disparou críticas ao programa, que, segundo ele, vinha perdendo audiência como consequência de uma queda no conteúdo, cada vez mais apelativo. “Havia muita exploração de assuntos como sexo e deficientes físicos. Por isso, ultimamente, tínhamos dificuldades de renovar alguns patrocínios. Perdemos anunciantes que se mostraram incomodados com tanta apelação.”

Crise, sim, mas nem tanto – Mais calmo, Dallevo negou a crise ao falar sobre o atraso de salário dos funcionários. “O pagamento dos humoristas do Pânico estava atrasado por 12 dias e foi pago na manhã em que foi anunciada a saída”, disse, numa declaração que rebate a de que o atraso no pagamento seria de meses, como afirmam fontes ligadas ao humorístico.

Marcelo de Carvalho, por sua vez, procurou justificar o atraso no salários. “A Globo nos tirou os direitos de exibição dos campeonatos de futebol da série A, que havíamos adquirido junto ao Clube dos 13, abrindo mão da série B. Conseguimos fechar todas as cotas de patrocinadores e pagar 500 milhões de reais pelos direitos. A TV Globo, então, negociou separadamente com cada clube e acabou com o Clube dos 13. Com isso, perdemos também os jogos da série B, que representavam uma importante parcela do nosso faturamento. Além disso, a Globo nos tirou os direitos de exibição do UFC e fomos pegos pela crise na economia internacional, que enxugou a liquidez do mercado.”

Ao fim, Carvalho mandou sua mensagem ao mercado publicitário. “Tivemos problemas sérios, mas hoje estamos zerados. A perspectiva para 2012 é otimista.”

Numa tentativa de ofuscar a crise financeira, a RedeTV! pode embarcar numa outra crise com a contratação de Rafinha Bastos, conhecido por não poupar celebridades em suas piadas em forma de insulto.

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São Paulo - Durante quinze dias, desde o anúncio de que o Pânico na TV estava trocando a RedeTV! pela Band, a cúpula da emissora optou pelo silêncio. Parecia que os sócios Marcelo de Carvalho e Amilcare Dallevo esperavam um milagre para reverter a seu favor a péssima notícia da debandada de Emilio Surita e companhia, que descortinava a crise financeira por que passa a emissora de Osasco – o Pânico deixou o canal motivado por atrasos salariais consecutivos.

Os sócios vieram a público somente nesta quinta-feira, quando convocaram a imprensa para anunciar a contratação de Rafinha Bastos como produtor-executivo e apresentador do Saturday Night Live Brasil, conceituado programa de humor americano. Antes de chamar Rafinha ao palco, com ares de âncora de programa de auditório, Marcelo de Carvalho se pôs a falar de forma bem humorada sobre o atraso de salário dos funcionários, a perda dos direitos de transmissão dos jogos de futebol da série B do Brasileirão e a relação com Tutinha, o criador do Pânico, entre outros assuntos.

O esforço da emissora para transmitir um clima de normalidade se fazia notar desde o início. A imprensa foi recebida com uma mesa farta de salgados, doces, sucos e refrigerantes. A mensagem era clara: aqui não há espaço para crise.

Durante a entrevista coletiva, tanto Carvalho e Amilcare quanto Mônica Pimentel, diretora artística do canal, repetiam o mesmo discurso digno de livros de autoajuda, de que a perda do Pânico – obviamente não chamada de “perda – era uma “grande oportunidade” para apostar em coisas novas. “É o fim de um ciclo e, ao mesmo tempo, o começo de outro”, disse Mônica.

“O contrato do Pânico era preocupante financeiramente. O dinheiro que gastávamos com essa produção pode ser distribuído para outras atrações da casa e na criação de outros produtos”, disse Marcelo de Carvalho.

Críticas ao Pânico – O movimento coletivo de “já viramos essa página”, no entanto, foi traído pelo próprio Carvalho. Apesar de justificar a ida do Pânico para a Band como um movimento natural do mercado – “Há sempre uma troca de artistas e emissoras” –, Carvalho disse que vai processar Tutinha por danos morais por declarações que desdenham da infraestrutura técnica da RedeTV!.

“Com muita indignação, eu vi o Tutinha dizer que agora, na Band, ele teria a estrutura técnica que nunca teve aqui. Isso é uma mentira absurda, uma maldade.”


Em seguida, o marido de Luciana Gimenez disparou críticas ao programa, que, segundo ele, vinha perdendo audiência como consequência de uma queda no conteúdo, cada vez mais apelativo. “Havia muita exploração de assuntos como sexo e deficientes físicos. Por isso, ultimamente, tínhamos dificuldades de renovar alguns patrocínios. Perdemos anunciantes que se mostraram incomodados com tanta apelação.”

Crise, sim, mas nem tanto – Mais calmo, Dallevo negou a crise ao falar sobre o atraso de salário dos funcionários. “O pagamento dos humoristas do Pânico estava atrasado por 12 dias e foi pago na manhã em que foi anunciada a saída”, disse, numa declaração que rebate a de que o atraso no pagamento seria de meses, como afirmam fontes ligadas ao humorístico.

Marcelo de Carvalho, por sua vez, procurou justificar o atraso no salários. “A Globo nos tirou os direitos de exibição dos campeonatos de futebol da série A, que havíamos adquirido junto ao Clube dos 13, abrindo mão da série B. Conseguimos fechar todas as cotas de patrocinadores e pagar 500 milhões de reais pelos direitos. A TV Globo, então, negociou separadamente com cada clube e acabou com o Clube dos 13. Com isso, perdemos também os jogos da série B, que representavam uma importante parcela do nosso faturamento. Além disso, a Globo nos tirou os direitos de exibição do UFC e fomos pegos pela crise na economia internacional, que enxugou a liquidez do mercado.”

Ao fim, Carvalho mandou sua mensagem ao mercado publicitário. “Tivemos problemas sérios, mas hoje estamos zerados. A perspectiva para 2012 é otimista.”

Numa tentativa de ofuscar a crise financeira, a RedeTV! pode embarcar numa outra crise com a contratação de Rafinha Bastos, conhecido por não poupar celebridades em suas piadas em forma de insulto.

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