Negócios

Recuperação da Petrobras é interrompida pela crise política

O plano da petroleira de vender US$ 21 bi em ativos é prejudicado pela incerteza em relação à capacidade do presidente Temer de terminar o mandato

Petrobras: se houver queda na venda de ativos a Petrobras encontrará outros caminhos para atingir suas metas de redução da alavancagem, disse Parente (Dado Galdieri/Bloomberg)

Petrobras: se houver queda na venda de ativos a Petrobras encontrará outros caminhos para atingir suas metas de redução da alavancagem, disse Parente (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2017 às 17h21.

Rio de Janeiro - A recuperação da Petrobras está encontrando novos obstáculos com o início de um novo período de crise política no Brasil que está atingindo ações, títulos de dívida e o real.

O plano da petroleira de vender US$ 21 bilhões em ativos, parte fundamental do esforço para reduzir dívidas e reconquistar a classificação de grau de investimento, atualmente é prejudicado pela incerteza em relação à capacidade do presidente do Brasil, Michel Temer, de terminar seu mandato.

Nesse cenário, a estatal com sede no Rio de Janeiro terá mais dificuldades para encontrar compradores para as refinarias e os campos de petróleo que busca vender, disse Chris Kettenmann, estrategista-chefe de energia da Macro Risk Advisors.

“A situação coloca mais peso sobre um cenário político já difícil”, disse Kettenmann, em entrevista por telefone, de Nova York. “Será que os compradores vão querer empregar capital? É uma boa pergunta.”

A ruptura política surge justamente no momento em que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, nomeado por Temer há um ano, estava conseguindo recolocar a empresa de pé após uma abrangente investigação de corrupção e o pior declínio da indústria do petróleo em uma geração.

Na quinta-feira, Temer desafiou os pedidos de renúncia depois que o jornal O Globo publicou reportagem sobre uma gravação que teria revelado que o presidente teria dado aval à pagamento ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Os mercados despencaram enquanto membros do gabinete e aliados ameaçavam renunciar em resposta às acusações, colocando em risco a agenda de reformas do governo.

A Petrobras caiu 16 por cento em São Paulo, para R$ 13,15, maior declínio desde 1998. As ações recuperaram parte das perdas de quinta-feira, chegando a subir 5,7% a R$ 13,90.

Os rendimentos sobre os US$ 3,5 bilhões em títulos para 2023 da Petrobras subiram para 5,78 por cento, nível mais alto desde março.

Se houver queda na venda de ativos a Petrobras encontrará outros caminhos para atingir suas metas de redução da alavancagem, disse Parente, em conferência em Nova York, na quinta-feira, segundo um funcionário do departamento de imprensa da companhia.

O governo também terá mais dificuldades para atrair ofertantes para as rodadas de concessão de campos de petróleo programadas para o segundo semestre do ano, disse Kjetil Solbraekke, consultor da Rystad Energy no Rio.

O Brasil está tentando atrair novos atores para a indústria do petróleo para ajudar a acelerar o crescimento da produção na maior economia da América Latina.

“Os investidores olham e perguntam ‘como posso colocar bilhões de dólares nesse lugar’”, disse Solbraekke. “O assunto Temer pode atrasar tudo.”

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaEscândalosGoverno TemerJBSOperação Lava JatoPedro ParentePetrobras

Mais de Negócios

Startups do Norte e Nordeste ganham reforço com novo fundo de R$ 10 milhões

Salários de CEOs de startups despencam enquanto crise no capital de risco desafia o setor nos EUA

As famílias mais ricas do mundo em 2024: herdeiros do Walmart voltam ao topo de ranking

Aos 34 anos, ele fatura R$ 600 milhões no mercado imobiliário mais quente do Brasil