Quem se deu bem no mundo dos negócios em 2010
Dez exemplos de empresas e empresários que tiveram um ano surpreendente – e, consequentemente, terão muito trabalho pela frente em 2011
Da Redação
Publicado em 27 de dezembro de 2010 às 05h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h37.
Poucos empresários podem se gabar de serem protagonistas de uma biografia não autorizada e de um filme – mesmo que não muito elogioso - aos 26 anos. E só Mark Zuckerberg pode se orgulhar de suceder o presidente do Fed, o Banco Central americano, Ben Bernanke e Barack Obama na escolha de personalidade do ano da revista Time. Para a revista Time, além dos números impressionantes atingidos pelo Facebook, Zuckerberg “mudou a forma como vivemos nossas vidas”. O jovem empresário criou o Facebook em 2004 em um dormitório universitário e hoje, a rede soma mais de 500 milhões de usuários. Especula-se que, em 2011, o faturamento da empresa ultrapasse dois bilhões de dólares.
Neste ano, a gestora de private equity controlada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira dominou mais um símbolo da cultura norte- americana. Os sócios da ABInBev, que controla a cerveja símbolo dos Estados Unidos, a Budweiser, complementaram seus negócios com hambúrgueres - por 3,26 bilhões de dólares adquiriram o Burguer King. A rede de lanchonetes fechou 2009 com vendas de 2,5 bilhões de dólares. Não é um número impressionante no setor, mas o trio defende que a marca em si é valiosa. A ABInBev, por sua vez, segue sendo a maior cervejaria do mundo, com fábricas em 23 países e mais de 116.000 empregados.
Algumas das maiores operações de negócios do ano passaram pelas mãos do banco de investimentos controlado por André Esteves. Entre janeiro e setembro de 2010, o banco participou de 40 operações, que movimentaram um total de 28,9 bilhões de dólares. O BTG Pactual assessorou a venda da TAM para a Lan e a operação entre Oi e Portugal Telecom, por exemplo. O próprio banco também fez suas operações. Entre as aquisições, está a da Coomex, a maior comercializadora independente de energia do Brasil. Entre as vendas, a Textília. Em dezembro, um consórcio de fundos de investimento comprou uma participação de 18% no banco por 1,8 bilhão de dólares. Com a operação o banco vê a possibilidade de ampliar relacionamentos com fundos internacionais. Esteves comprou o BTG Pactual 2009 por 2,5 bilhões de dólares.
Este foi o ano dos carros chineses desembarcarem no Brasil. Apesar do burburinho ainda ser maior do que a presença dos possantes nas ruas, as montadoras chinesas também se beneficiaram de inúmeros recalls que acometeram marcas tradicionais, como a Toyota. O país já conta com sete fabricantes que oferecem modelos por um preço, em média, 30% mais baixo do que os concorrentes. A Chery, por exemplo, está no Brasil desde 2009, mas foi em setembro de 2010 que ela anunciou a construção de uma fábrica em São Paulo. A estatal chinesa Dongfeng, que chegou esse ano, também tem planos de abrir uma fábrica no país.
Não foi só o Facebook que ocupou a tela dos internautas em 2010. No Brasil, explodiram os sites de compras coletivas. O Peixe Urbano, pioneiro no negócio de compras coletivas no país, já ultrapassou cinco milhões de usuários cadastrados. O modelo existe por aqui há cerca de oito meses. O formato baseia-se em algo extremamente valorizado pelos brasileiros – o desconto. Com um número mínimo de compradores necessário, quando a compra coletiva é fechada os consumidores desfrutam do desconto, o site aproveita a taxa de venda e as empresas que oferecem os descontos tem acesso a novos clientes. O mercado cresce cerca de 30% ao mês.
Em 2010 a estatal não cumpriu sua meta de produzir uma média de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia. A produção da companhia não deve chegar aos dois milhões. Apesar disso, a Petrobras garantiu seu lugar em águas profundas. O novo marco regulatório de exploração do pré-sal assinado pelo presidente Lula garantiu a estatal a alcunha de operadora única dos blocos do pré-sal. A oferta de ações da Petrobras somou 120,360 bilhões de reais, a maior de realizada até hoje. O resultado dessa capitalização, após o pagamento da cessão onerosa do petróleo do pré-sal, ficou em 27,5 bilhões de dólares. As perspectivas para a empresa também são boas, segundo a Fator Corretora. A demanda por petróleo deve continuar firme e a estatal será a única grande empresa de petróleo do mundo a ter crescimento significativo de produção nos próximos anos.
Em 2009 a rede realizou a aquisição da Casas Bahia. Mas somente em 2010 conseguiu resolver a insatisfação contratual que colocava em risco a operação - o principal ponto de conflito na aquisição, anunciada em dezembro do ano passado, era financeiro. Em setembro, a rede anunciou que as sinergias entre Pão de Açúcar e Casas Bahia serão de quatro bilhões de reais - o valor é o dobro do que o grupo previa quando foi feito o anúncio da associação com a rede da família Klein. O total ainda pode chegar a sete bilhões de reais, segundo o Pão de Açúcar. Além disso, nesse ano, a rede iniciou a re-estruturação do Ponto Frio.
A rede Ricardo Eletro e a Insinuante realizaram uma fusão em 2010, que resultou na Máquina de vendas – uma rede com mais de 500 lojas distribuídas em 19 Estados – que ainda fundiu-se com a City Lar, de Mato Grosso. Na época das operações, a expectativa do faturamento para 2010 era de 6,1 bilhões de reais – se atingido, o valor coloca o grupo no segundo lugar do ranking de varejo brasileiro, atrás apenas do Pão de Açúcar/Casas Bahia/Ponto Frio. Tanto a Insinuante quanto o Magazine Luiza haviam participado da briga pela compra do Ponto Frio no ano passado, mas perderam na reta final para o Pão de Açúcar. Em 2010, as duas redes decidiram não ficar para trás. Além da operação entre Ricardo Eletro e Insinuante, o Magazine Luiza também foi às compras e adquiriu a rede de varejo nordestina Lojas Maia. O grupo deve fechar o ano com um faturamento bruto de 5,3 bilhões de reais - o valor é 30% maior que o obtido em 2009.
A Aquisição da participação da Portugal Telecom na Brasilcel (Vivo) pela Telefonica foi a maior operação de 2010 anunciada até setembro, segundo a Anbima. O negócio surpreendeu tanto pelo valor envolvido, de 18,2 bilhões de dólares, como pela dificuldade das partes chegarem a um acordo. A operação envolveu diversas revisões de oferta e até a golden share (poder especial de veto) do governo português para impedir que a venda fosse adiante. Com a aquisição da Vivo, a PT passa a ter mais 71 milhões de clientes.
A chilena Lan fez uma fusão com a TAM no terceiro trimestre de 2010. O valor da operação foi de 14,4 bilhões de reais – a segunda maior operação no Brasil até setembro. O acordo formou uma gigante da aviação na América Latina, com rendas anuais de 8,5 bilhões de dólares. A negociação foi anunciada pelas aéreas como uma fusão, mas a Anbima considera que toda operação tem uma empresa alvo - nesse caso, o alvo era a TAM. O valor de 14,4 bilhões de reais representa a participação de 24% da aérea brasileira na holding Latam, que coordenará as operações de ambas agora. Na semana passada o grupo chileno Cueto, controlador da companhia aérea LAN, anunciou que vai reestruturar suas sociedades para simplificar a gestão de seus ativos. A Latam voa para mais de 115 destinos em 23 países. As sinergias esperadas na época da fusão eram de 400 milhões de dólares por ano. Em outubro a Lan ainda comprou a companhia colombiana Aires por 33 milhões de dólares.
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