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Quem é o mineiro que investiu R$ 38 milhões em um parque de realidade virtual no interior de SP 

Atração simula corridas, combates e viagens a outros planetas. Empresário quer levar modelo a novos Estados

Paulo Henrique Borges, idealizador e gestor do Orionverso: "“Já temos hoje a ideia de abrirmos pelo menos mais quatro unidades no Brasil” (Alexandre Alencar / Orionverso/Divulgação)

Paulo Henrique Borges, idealizador e gestor do Orionverso: "“Já temos hoje a ideia de abrirmos pelo menos mais quatro unidades no Brasil” (Alexandre Alencar / Orionverso/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 08h08.

Cinco torres futuristas de 30 metros de altura, parecidas com aquelas que vemos nos Jetsons, irrompem o céu da principal avenida de Olímpia, cidade paulista de 55.000 habitantes a 430 quilômetros de São Paulo. Elas são a porta de entrada de um novo parque temático que acaba de abrir na cidade, o Orionverso.

A arquitetura futurística tem uma razão de ser. A atração é um grande parque fechado de realidade virtual. Lá dentro, há referências a planetas e mundos distantes, simuladores de corrida e de experiências que só podem ser acessadas, mesmo, usando um óculos especial.

Por trás dessa “máquina do tempo” em grande escala está o mineiro Paulo Henrique Borges. Idealizador e gestor do Orionverso, ele, com sócios, investiu 38 milhões de reais na atração. E quer espalhá-la pelo Brasil em breve. 

Quem é o mineiro que idealizou o Orionverso

Natural de Araxá, cidade do interior mineiro, Paulo Henrique Borges se mudou cedo para Curitiba, no Paraná, onde foi estudar.

Quando saiu da faculdade em 1996, passou a investir em alguns negócios no Paraná, mesmo. Junto a sócios, criou uma empresa de tecnologia, atuou na indústria e também no setor de agronegócio. Foi com o sócio Adilson Godinho que fez seu principal negócio, porém, de impressões 3D -- empreitada que mantém até hoje.

Pouco antes da pandemia, um dos seus sócios sugeriu uma nova oportunidade de negócio: a cidade de Olímpia estava se consolidando como um polo de atrações temáticas, e fazia falta dentro desses parques, máquinas automatizadas para vender produtos como água, refrigerante e salgadinhos. As famosas "vending machines”, já bem conhecidas em aeroportos, hospitais e universidades. 

 “Entramos nesse setor e em pouco tempo, já tínhamos máquinas em Olímpia, Gramado, Foz do Iguaçu”, diz Borges. 

A vontade de diversificar a receita, porém, seguia. Aí, foram alguns passos até a aposta no parque de realidade virtual. 

“Como já estávamos inseridos nesse universo de parques de diversões, pensamos que era uma boa oportunidade de criarmos algo nosso”, afirma. “Além disso, por conta das ‘vending machines’, fizemos viagens para os Estados Unidos, China e Japão, para entender como era o setor lá. Isso fez com que ficássemos ainda mais imersos no mundo de parques de diversões”. 

Na Disneyland, nos Estados Unidos, e em Dubai, Borges percebeu que começavam a ganhar força as atrações em realidade virtual. 

No último ano, Borges e seus sócios amadureceram a ideia e resolveram trazer essas experiências virtuais para o Brasil, dentro de um único parque. “Fomos pegando pedaços de vários cases de sucesso fora do Brasil e criamos um universo só nosso”. 

Como funciona o Orionverso 

O Orionverso é um parque indoor e fica dentro de um salão de 6.000 metros quadrados. Com exceção das torres futuristas que ficam na entrada da atração, o turista só vai saber mesmo o que lhe espera quando entrar na estação.

Lá dentro, são cerca de 20 atrações. A maioria necessita do uso de óculos de realidade virtual. Em alguns casos, a interação é ainda maior, e há esguichos de água, ondas de calor e equipamentos balançando para dar sensação de movimento. 

Entre os brinquedos, há simuladores de corridas do filme Tron e do filme Avatar. Há também simuladores de combate e de saltos de paraquedas em queda livre. 

Antes de chegar à área dos brinquedos, no entanto, os visitantes terão de passar por um “túnel do futuro” para acessar a “dimensão de Órion”. Trata-se de um grande painel circular de LED, desenvolvido pela mesma empresa que fez o gigante globo Sphere, em Las Vegas. 

Focando em tecnologia, também haverá um garçom-robô, que irá preparar e entregar sorvete para os visitantes. Os pedidos são feitos por meio de menu digital, em que é possível personalizar o pedido: tamanho, sabor e coberturas. No final, o robô toca uma campainha, acena para o cliente e entrega a sobremesa. 

A expectativa de Borges é que 2 milhões de pessoas passem pelo Orionverso no primeiro ano de operação. A empresa cobrará um ingresso para acessar o parque. No valor está incluso o uso limitado de alguns brinquedos. Depois, o cliente pode ir recarregando o passaporte, à medida em que quiser usufruir das mesmas atrações repetitivamente. 

“Ainda não temos definida qual a meta de faturamento para este primeiro ano. A ideia é atingir um valor consistente e contínuo”, diz Borges. “Vamos analisar o primeiro mês e, com isso, traçar as metas do ano”. 

Qual o plano de expansão da Orionverso

A estratégia dos investidores de começar o parque por Olímpia se dá por dois motivos iniciais. O primeiro, segundo Borges, é que a cidade está geograficamente no centro do país. Depois, porque o município tem se transformado num polo de parques temáticos.

“Por ali já tem vários parques aquáticos bem posicionados mundialmente, como Termas dos Laranjais”, afirma. “Vimos os números dos últimos anos, que foi perto de 5 milhões de turistas. Um lugar bem posicionado, com negócios bem estabelecidos. Tem tudo para ser a Orlando brasileira”. 

Há expectativa, também, de iniciarem as obras para um aeroporto internacional na cidade, o que poderá impulsionar ainda mais as visitas por ali. 

Mas Borges não quer se limitar a uma única cidade. 

“Já temos hoje a ideia de abrirmos pelo menos mais quatro unidades no Brasil”, afirma. “Já fizemos conhecimento territorial e estamos com dois lugares já bem avançados”. 

O empresário não falou quais, mas deu um spoiler: estudam um lugar no sul do país, outro em Foz do Iguaçu, outro no nordeste e um em uma região com fluxo maior de pessoas, como São Paulo ou Rio de Janeiro. 

Qual o tamanho do setor de parque de diversões no Brasil

O setor de parques temáticos no Brasil movimenta, anualmente, cerca de 1 bilhão de reais. É o que aponta um estudo setorial promovido pela Associação Brasileira de Parques e Atrações. O levantamento ainda mostra que cerca de 93 milhões de pessoas passam pelos empreendimentos brasileiros do setor. 

A pesquisa ainda mostra que estão no radar de investimentos cerca de 7 bilhões de reais nos próximos anos em novos parques e atrações turísticas. 

Nesta semana, a Cacau Show, por exemplo, anunciou a aquisição do Grupo Playcenter e reiterou seu desejo de entrar com força no mundo de parques de diversão. No início do ano, a cidade de Itu divulgou um projeto de 2 bilhões de reais feito pela rede de lojas de chocolate para a construção de um grande parque na cidade. 

Há desafios no caminho, claro. Um dos maiores é conseguir conciliar o poder de compra do consumidor brasileiro e a concorrência com a manutenção do negócio. A questão é garantir que o turista que vá uma vez, volte -- ou então, conseguir novos turistas. 

Isso requer uma rede azeitada que inclui investimento em novas atrações e atualizações com divulgação constante. Indiretamente, também é preciso andar em conjunto com o setor de turismo do país. A retomada pós pico da pandemia tem ajudado, nesse caso.

Desafios que Borges irá encarar no seu plano de crescimento -- esse, não tão virtual assim.

Acompanhe tudo sobre:Parques de diversões

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