Karine Liotino e Mariana Amaral, fundadoras do Etiqueta Certa: startup já mira outros setores fora do 'fast fashion'
Repórter
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 08h00.
Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 09h24.
Pequena e às vezes inconveniente, a etiqueta é o acessório obrigatório em todas as roupas do mundo. A legislação do Brasil, por exemplo, exige que elas tenham detalhes de composição, origem e cuidados de lavagem, o que, para os grandes varejistas que distribuem milhares de peças, pode ser um desafio.
Erros nessas informações podem levar a multas de até R$ 1,5 milhão, dependendo do volume de produtos envolvidos. Errar também é mais fácil do que parece: o jeito tradicional de criar etiquetas é via softwares de design como o Corel Draw, ou seja, um processo bastante manual e sujeito a erros.
A startup Etiqueta Certa entrou no mercado com a promessa de facilitar o cumprimento dessas normas e evitar dores de cabeça para os varejistas. As fundadoras Karine Liotino e Mariana Amaral trabalharam por anos no setor têxtil e perceberam que esse "buraco" no processo de produção poderia ser resolvido com um software específico para etiquetagem.
A Etiqueta Certa, então, oferece uma alternativa às etiquetas produzidas manualmente, que são propensas a falhas e exigem retrabalho, elevando os custos das empresas.
"As multas são só uma parte do problema. As empresas gastam tempo e recursos para corrigir erros que poderiam ser evitados", diz Liotino. Os fornecedores conseguiram reduzir em até 90% o volume de multas após a implementação do software, segundo a startup.
Hoje, parte das fornecedoras de algumas das maiores redes do Brasil, como C&A, Marisa, Reserva e Track & Field, já utilizam o sistema da Etiqueta Certa. Ao todo, são 1.100 marcas atendidas através de 250 fornecedoras parceiras.
Para 2025, parcerias mais restritas entre fornecedoras e algumas varejistas devem levar o faturamento para a casa dos R$ 7 milhões.
Startup de Ilhéus quer ser 'consultor financeiro' das hotelarias e já movimentou R$ 1 bilhãoNo método tradicional, as etiquetas são montadas em softwares de design como o Corel Draw. A revisão delas envolve processos manuais, longos e sujeitos a falhas que podem se estender até duas semanas.
O software desenvolvido pela startup usa inteligência artificial (IA) para auditar automaticamente as etiquetas antes de serem impressas, garantindo que as informações estejam conforme as normas vigentes.
A tecnologia realiza uma verificação em tempo real das etiquetas, adequando-se não apenas às normas brasileiras, mas também às exigências de outros mercados, com tradução automática e adaptação das informações para diferentes idiomas.
Isso evita não apenas erros na impressão, mas também obriga os fornecedores a seguirem as regras desde o início. "Um dos nossos maiores diferenciais é a integração direta com os fornecedores, o que reduz drasticamente o risco de penalizações", diz Liotino.
Segundo dados fornecidos pela empresa, os clientes da Etiqueta Certa conseguem criar uma etiqueta em até 40 segundos. Do jeito tradicional, uma etiqueta errada pode alongar o processo em até duas semanas.
Embora tenha começado focando no fast fashion, a Etiqueta Certa rapidamente identificou oportunidades em outros nichos, como moda esportiva, roupas íntimas e acessórios.
"A demanda pelo nosso produto é muito maior do que imaginávamos. Qualquer varejista que trabalhe com produtos etiquetados se beneficia do nosso sistema", diz Liotino.
A internacionalização é uma prioridade para a startup. Já estão em curso negociações avançadas com varejistas da América Latina, especialmente México e Colômbia, onde as regulamentações de etiquetagem são semelhantes às brasileiras.
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