Loja da SoftBank em Tóquio: operações de celular puxam os negócios da empresa (Reuters)
Tatiana Vaz
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 13h05.
São Paulo – Excêntrico e volúvel são algumas das maneiras de definir, segundo jornais internacionais, Masayoshi Son, o empresário japonês dono da operadora japonesa de telefonia móvel SoftBank – e, desde ontem, a dona de 70% da americana Sprint Nextel, empresa de comunicações. O empresário pagará 20,1 bilhões de dólares pela aquisição.
Son tem uma habilidade incomum de apostar em negócios que tendem a dar certo – mesmo que ninguém esteja imaginando isso em um primeiro momento. Sua empresa, a SoftBank, começou como um editor de software, em 1981, antes de passar a oferecer com sucesso serviços de Internet a ponto de acumular um valor de mercado de cerca de 180 bilhões de dólares.
Tempos depois, fez uma parceria com até então embrionária Yahoo!, com quem criou uma joint-venture para iniciar negócios no Japão, em troca de uma participação na futura gigante da web. Estava certo novamente. Ele só não poderia contar com o estouro da bolha das pontocom e a queda das ações da SoftBank para pouco mais de 20 bilhões de dólares.
O trabalho de reconstrução da empresa levou Son a investir em outro segmento um tanto quanto nebuloso para a época: o de comunicação sem fio. Em 2006, quando o mercado de celulares no Japão era marcado pela liderança da NTT DoCoMo e KDDI, seguidas pela Vodafone em terceiro lugar, o empresário decidiu investir na mudança do cenário. Decidiu, então, comprar a Vodafone, naquele ano, por 15 bilhões de dólares.
A ideia era combinar os serviços da recém-adquirida a um marketing agressivo e preços mais competitivos. Até o ano passado, a empresa era a única a oferecer iPhone, e outros aparelhos, combinado a um plano de dados e estrutura simplificada de preços, que tem ganhado mercado no Japão – apesar das crescentes reclamações dos serviços.
A companhia teve lucro de 2,5 bilhões de dólares no ano fiscal de 2012 e superou a KDDI, sua rival. Com a compra de outra concorrente de menor porte, a eAcess, por 2,3 bilhões de dólares, a SoftBank desbancou a KDDI e está hoje no segundo lugar entre as empresas de comunicações do Japão.
Planos de crescimento
Com a aquisição da Sprint, os planos da SoftBank incluem investir na modernização da rede de LTE da recém-adquirida, além de usá-la como um caminho para chegar ao topo do setor no Japão e também nos Estados Unidos, onde o mercado é liderado pelo duopólio Verizon e AT&T, sundo informações do jornal The New York Times.
Isso se, claro, o processo for aprovado pelos acionistas da Sprint e das autoridades americanas. "Nós somos o mundo da Internet, diferentes de companhias comuns de telefonia", disse Son hoje ao jornal durante uma teleconferência com analistas nesta segunda-feira.