Próximo desafio da Apple é fazer com que relógio vire moda
Além de apresentar os usos do aparelho, a Apple Inc. também teve o cuidado de promovê-lo como um item de estilo
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2015 às 14h36.
São Francisco - Agora que Tim Cook já delineou tudo o que o Apple Watch pode fazer e quanto ele vai custar, o próximo desafio será mostrar que a última tecnologia conta como a última moda.
Além de apresentar os usos do aparelho, a Apple Inc. também teve o cuidado de promovê-lo como um item de estilo.
A empresa comprou um anúncio de 12 páginas na revista Vogue deste mês e a modelo Christy Turlington Burns subiu ao palco com o CEO Cook na segunda-feira para ajudar a expor os novos detalhes e aplicativos.
Cook divulgou uma versão carregada de ouro que vai custar US$ 10.000 ou mais.
A Apple, que põe em relevo a elegância do design e a facilidade de uso das interfaces, ajudou a transformar produtos — como os smartphones — que antes não eram vistos como itens de moda, em acessórios indispensáveis.
Agora, a tarefa da empresa é convencer os clientes que se preocupam com o estilo de que o relógio, além de útil, é chique.
“O problema é se eles conseguirão vender o Apple Watch como um item de moda”, disse Jan Kniffen, CEO da J. Rogers Kniffen Worldwide Enterprises, empresa de pesquisa de participações e consultoria varejista em Nova York.
“A Apple é uma marca de tecnologia descolada, não tem o mesmo público-alvo”.
Aplicativos
O relógio estará disponível para pré-venda no dia 10 de abril e chegará aos consumidores no dia 24 de abril. A bateria dura 18 horas com o uso comum, disse a Apple.
Ele virá em dois tamanhos, o modelo Sport custará US$ 349 e US$ 399, e a versão média, a partir de US$ 549. A edição de alta gama do Apple Watch terá um preço inicial de US$ 10.000.
No evento, Cook enfatizou a essência personalizável do visor e das pulseiras do relógio, como distintas opções de cores, revestimentos de aço inoxidável e até estampa de Mickey.
Ele disse que milhares de desenvolvedores de aplicativos estiveram empenhados em criar produtos para o Apple Watch.
Aplicativos de empresas como Facebook Inc., American Airlines Group Inc. e o WeChat, da Tencent Inc., foram alguns dos exibidos no evento.
A Apple está contando com esses aplicativos para ajudar a definir serviços que sejam imprescindíveis para os consumidores que até agora não ligaram para os relógios inteligentes fabricados pela Samsung Electronics Co., Motorola, LG Electronics Inc. e Sony Corp.
‘Utilidade real’
Persuadir os consumidores a comprar o Apple Watch não é um desafio só entre quem preferiria um Cartier ou um Rolex. A empresa com sede em Cupertino, Califórnia, apresentou os usos cotidianos do aparelho para tentar convencer todos os consumidores de que eles precisam de outro aparelho em suas vidas, que já estão carregadas de tecnologia.
“Há muita propaganda e expectativa, mas se não houver uma utilidade real, os críticos vão cair matando”, disse Scott Galloway, professor de marketing da Faculdade de Administração Stern, da Universidade de Nova York.
Muito ceticismo vem rondando o Apple Watch — que ele é caro demais, que a bateria não dura o suficiente. Os relógios inteligentes fabricados por outras empresas têm um histórico de vendas medíocre e algumas pessoas alegam que não é seguro usar um aparelho tecnológico para armazenar informações de saúde. Ao contrário da maioria dos relógios, esse aparelho se tornará obsoleto em poucos anos.
Novo mercado
“Eles precisam mostrar coisas indispensáveis”, disse Matt Johnston, CEO da Applause Inc., empresa de teste de aplicativos que trabalha com companhias como Google Inc., Amazon.com Inc. e Twenty-First Century Fox Inc.
Cerca de 10 milhões de relógios inteligentes foram vendidos no ano passado, na comparação com 2 milhões em 2013, de acordo com a Gartner Inc.
Para acelerar a adoção, a Apple está contando com um histórico que ajudou a transformar o iPhone e o iPad em sucessos. Antes de 2007 ou 2010, quando os aparelhos foram lançados, não existia uma história bem-sucedida de telefones com tela de toque ou tablets.
“A Apple tem um histórico de levar as coisas além do convencional”, disse Johnston. “Mas não acho que o Apple Watch terá um sucesso da mesma ordem de magnitude que o iPhone. Em parte, devido às restrições de uso”.
Seja qual for a recepção entre a elite da moda e os consumidores em geral, Galloway disse que o relógio é um marco na trajetória da Apple rumo ao segmento exclusivo.
“Há celebridades na plateia, uma supermodelo no palco e um produto de US$ 10.000”, disse Galloway. “A transformação em uma marca de luxo foi feita”.