Provas mais robustas estão nos e-mails da BRF, diz PF
Segundo a PF, os executivos da empresa tinham o objetivo de burlar a fiscalização e a atuação do Ministério da Agricultura
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de março de 2018 às 12h55.
Última atualização em 5 de março de 2018 às 16h06.
São Paulo — O delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, relatou nesta segunda-feira, 5, que houve trocas de e-mails "bastante consistentes" entre executivos da BRF e técnicos, com o objetivo de burlar a fiscalização e a atuação do Ministério da Agricultura.
Grillo participa de entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 5, na Polícia Federal, em Curitiba (PR), para detalhar a Operação Trapaça, nova fase da Operação Carne Fraca , que foi deflagrada em 17 de março do ano passado.
Ele explicou que foi encontrada alteração do porcentual limite de um tipo patológico. Haveria casos, por exemplo, em que a exigência legal de enquadramento era de 20% mas foi analisada amostra com uma taxa de 70%. Segundo o delegado, a empresa não tomou cuidados sanitários adequados em relação à contaminação do produto.
Além disso, foi constatada fraude na mistura da ração fornecida para frango, a chamada ração Premix. "Foram encontradas alterações no composto", relatou. "Não resta qualquer tipo de dúvida que houve fraude", disse.
Grillo destacou que o Ministério da Agricultura foi parceiro da Polícia Federal, na investigação. "O trabalho em conjunto rendeu muitos resultados positivos", salientou.
Salmonela
O coordenador geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Alexandre Campos, afirmou que, em 2017, 12 países fizeram 410 notificações ao Brasil sobre a presença de salmonela em produtos importados do País.
Em coletiva de imprensa da Polícia Federal (PF), Campos ressaltou que o principal problema das fraudes envolvendo laboratórios e estabelecimentos exportadores estava relacionado à presença ilegal da bactéria salmonela.
A salmonela, comum em carnes de aves, é permitida para comercialização até determinados níveis, porém, 12 países compradores a colocam como fator restritivo para venda.
De acordo com o delegado da PF, Maurício Moscardi Grillo, três empresas estão sendo fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura em parceria com a PF em busca de provas e outras sete estão sendo investigadas.