Negócios

Procon notifica GOL por mudar programa de milhagem

O órgão deve verificar se as novas regras não violam o Código de Defesa do Consumidor


	Passageiro da GOL: "a disciplina do Código é de que o consumidor não seja pego de surpresa, pois ele aderiu ao plano com uma expectativa", argumenta assessor do Procon
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Passageiro da GOL: "a disciplina do Código é de que o consumidor não seja pego de surpresa, pois ele aderiu ao plano com uma expectativa", argumenta assessor do Procon (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2013 às 19h34.

São Paulo - A mudança no programa de milhagem Smiles levou a GOL a ser notificada pelo Procon, que deverá averiguar se as novas regras não violam o Código de Defesa do Consumidor.

"“Queremos que a empresa preste esclarecimentos para explicar em que base a mudança ocorreu"”, afirma Renan Ferracioli, assessor chefe do Procon. “"A disciplina do Código é de que o consumidor não seja pego de surpresa, pois ele aderiu ao plano com uma expectativa. É possível fazer alterações, mas não mudar substancialmente o contrato - isso seria abusivo"”, diz.

A GOL tem sete dias para responder. Em nota, a empresa afirmou: “A GOL Linhas Aéreas Inteligentes informa que, tão logo seja notificada, prestará os esclarecimentos solicitados.” “

"O que está ocorrendo no Brasil nada mais é do que o alinhamento financeiro ao de concessão de pontos: quem gasta mais ganha mais, apesar de declararem que quem voa mais ganha mais”", afirma Edu Neves, diretor do ReclameAQUI, canal que agrupa queixas de consumidores. "“As empresas podem fazer o que quiserem com os planos de fidelização, só não podem esperar que o consumidor as aplauda ou as entenda quando mudam a regra no meio do jogo”", diz.

Para Flávio Siqueira Júnior, advogado do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), as novas regras - que, segundo a GOL, visam fidelizar pessoas que “apresentam um perfil diferenciado pela frequência e padrão de consumo”, serão prejudiciais a grande parte da clientela. “Isso não vai beneficiar consumidores que compram passagens promocionais, sobretudo os de renda mais baixa”, diz.


Ferracioli, do Procon, afirma que a reformulação de planos de milhagem são apenas mais um atestado da degradação do setor como um todo. “Estamos muito preocupados com o serviço de transporte aéreo. Muito se diz sobre a popularização, facilitando o acesso, mas houve uma significativa queda na qualidade, e são praticados absurdos com a justificativa de que faz parte da dinâmica do mercado”, afirma.

Tanto o Idec quanto o Procon exemplificam com o alto valor das taxas de cancelamento e alteração de voo. De acordo com estudo do Idec de 2012, tais taxas só poderiam ser de 5 a 10% do valor da passagem. No entanto, chegam a até 200%.

Segundo os órgãos, o consumidor deve ficar atento aos programas de milhagem para ver se não há serviços adicionais inclusos. “Devido ao atual panorama mundial, incluindo o câmbio, as empresas acabam sendo mais agressivas no marketing”, diz Siqueira Júnior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Aviaçãocompanhias-aereasdireito-do-consumidorEmpresasEmpresas brasileirasGol Linhas AéreasProconServiçosSetor de transporte

Mais de Negócios

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem

Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel

Como esta administradora independente já vendeu R$ 1 bilhão em consórcios