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Privatização da Eletrobras segue no radar de grandes fundos e investidores

Segundo fontes, Ontario Teachers' Pension Plan, um dos maiores fundos de pensão do Canadá, e gestoras 3GRadar e Verde Asset, mostraram apetite pelo negócio

Eletrobras: retorno da privatização da estatal à mesa está diretamente associado ao resultado das eleições presidenciais (Pilar Olivares/Reuters)
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Reuters

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 15h54.

São Paulo - Uma possível privatização da Eletrobras ainda está no radar de alguns dos maiores fundos de investimento do mundo e do Brasil, mesmo após o projeto ser praticamente arquivado pelo governo do presidente Michel Temer, em meio a uma crença de que o tema pode voltar à mesa no futuro, principalmente a depender dos resultados das eleições presidenciais em outubro.

Nas interações com potenciais investidores realizadas pelo governo, um enorme conjunto de fundos e gestoras de recursos mostrou apetite pelo negócio, incluindo o Ontario Teachers' Pension Plan, um dos maiores fundos de pensão do Canadá, com quase 150 bilhões de dólares em ativos, e as gestoras brasileiras 3GRadar e Verde Asset, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

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"O interesse é muito grande, é enorme... os grandes fundos têm dificuldade de entrar em coisa pequena, eles gostam de participar de negócios grandes e com liquidez em bolsa, nos quais eles possam sair e entrar, como seria o caso da Eletrobras", afirmou a fonte, que falou sob anonimato.

O 3GRadar, ligado à 3GCapital, dos bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que já tem uma fatia de 2 por cento na Eletrobras, chegou inclusive a participar na quinta-feira passada de uma reunião do Ministério de Minas e Energia com investidores.

Procurados, o Ontario Teacher's Pension e o 3GRadar não responderam a pedidos de comentário sobre o interesse na Eletrobras, a maior elétrica da América Latina, com um total de quase 50 gigawatts em usinas, quase um terço da capacidade de geração do país, além de praticamente metade das instalações de transmissão.

O ministério ainda recebeu também na quinta-feira passada um outro grupo de gestoras e fundos incluindo a Verde Asset, que tem 32 bilhões de reais em ativos sob gestão, para comentar "entraves à privatização da Eletrobras".

O encontro, organizado pelo banco de investimento Bradesco BBI, teve participação de fundos e gestoras como Apex Capital, Ibiuna Investimentos e Kondor Invest.

"Essas conversas com o ministério têm ocorrido há algum tempo, é para ter um canal e para os potenciais investidores entenderem como essa pauta da Eletrobras está avançando", disse à Reuters o analista de setor elétrico e sócio da Pacifico Gestão de Recursos, Carlos Eduardo Gomes.

A Pacifico esteve na reunião entre o ministério e o 3GRadar na semana passada, um encontro organizado pela XP Investimentos.

"Praticamente todos os fundos estavam analisando a oportunidade de privatização da Eletrobras. Mas, claro, no final das contas para o investidor tudo depende de preço. Num preço adequado, a chance de sucesso era altíssima", adicionou Gomes.

Verde Asset, Apex Capital, Ibiuna Investimentos, Kondor Invest, Bradesco BBI e XP Investimentos não responderam pedidos de comentário, assim como o Ministério de Minas e Energia.

O sócio da consultoria Arko Advice, Thiago de Aragão, disse que a Eletrobras é tema recorrente entre investidores em Nova York e Londres.

"Tenho conversado com dois fundos que estão entre os maiores do mundo e estão bastante interessados. Eles têm carteiras de 70-80 bilhões de dólares pra cima... e tem outros, intermediários, intermediários para grandes... além de uns 15 a 20 fundos menores que teriam apetite por uma participação menor, de repente mais rápida, não de longo prazo", explicou.

Mas esse forte apetite não foi suficiente para que o governo convencesse o Congresso a aprovar a privatização. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fechou um acordo para não votar neste ano um projeto de lei que definiria a modelagem do negócio.

Ainda assim, segundo Aragão, as sondagens seguem ativas e focam questões como o tempo que uma privatização exigiria, segurança jurídica e riscos de corrupção, após autoridades na Operação Lava Jato terem descoberto propinas em grandes projetos liderados pela estatal, como a hidrelétrica de Belo Monte.

"Existe uma frustração porque eram interesses reais, movimentações para alocação de fundos. Mas não diria que o interesse morreu, porque era muito alto... quando é assim, diminui, não morre. Eles trabalham com (a visão de que o tema voltará à tona no) segundo trimestre do ano que vem", adicionou.

Olho na política

O retorno da privatização à mesa, no entanto, está diretamente associado ao resultado das eleições presidenciais brasileiras, em outubro, ressaltou o advogado Luiz Souza, sócio do escritório Souza, Mello e Torres.

"Se ganhar um candidato com perfil do PT ou o Ciro Gomes, nada vai mudar. Ao contrário, vai haver uma tentativa de se direcionar recursos orçamentários para que a Eletrobras continue como hoje... mas se for do espectro mais centro-direita, não tenho dúvida de que (a privatização) vai ser a primeira coisa que vai ser tocada", afirmou.

De acordo com Souza, muitos investidores que estavam de olho na Eletrobras já avaliavam que o processo dificilmente seria concluído em ano eleitoral, e a expectativa entre eles é que o tema deverá ser retomado, mesmo que sob uma nova modelagem.

O atual modelo prevê capitalizar a estatal com emissão de novas ações, o que diluiria a fatia da União na companhia e arrecadaria de cerca de 12 bilhões de reais para o Tesouro.

"Esse era um modelo rápido, que atingiria objetivos políticos desse governo... mas existe a questão também de obter o melhor preço. Às vezes, fatiando, você conseguiria obter resultados muito mais interessantes", disse Souza.

Ele ressaltou que um desmembramento dos ativos da estatal também beneficiar a concorrência no setor elétrico.

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