Previ: com uma carteira de quase 170 bilhões de reais e mais de 200 mil participantes, a Previ tem fatias minoritárias em várias das maiores empresas do país, incluindo Vale, Petrobras, BRF e AmBev (Adriano Machado)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2015 às 21h18.
BRASÍLIA - A Previ, caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil e maior fundo de pensão do país, já se desfez de 3 bilhões de reais de sua carteira de ações em 2015, em meio a queda do mercado acionário, disse o presidente da fundação, Gueitiro Genso.
“Vendemos papéis que chegaram no preço-alvo”, disse Genso em entrevista à Reuters.
Com uma carteira de quase 170 bilhões de reais e mais de 200 mil participantes, a Previ tem fatias minoritárias em várias das maiores empresas do país listadas em bolsa, incluindo Vale, Petrobras, BRF e AmBev.
Sem mencionar quais papéis foram vendidos, Genso garantiu que em todos os casos as vendas deram lucro à Previ, mesmo num momento de baixa do mercado acionário brasileiro.
“Não temos necessidade de vender rápido, vamos continuar fazendo de forma lenta e gradual”, afirmou o executivo, eleito para o cargo em fevereiro, oriundo do BB.
Após comprar participações em várias companhias durante o processo de desestatização dos anos de 1990 e da forte valorização dos papéis na década seguinte, a Previ viu a participação da renda variável no seu maior fundo chegar perto de 70 por cento em meados de 2007.
Desde então, essa fatia vem sendo reduzida. Também refletindo a queda mais recente do valor nominal das ações, atualmente essa fatia está em 52,5 por cento. O fundo também tem aumentado a fatia em títulos públicos, mais recentemente com foco nas NTN-B, atrelados à inflação.
Atualmente a Previ tem dois grandes conjuntos de beneficiários: um reunido em um fundo "antigo" com regras que valem para funcionários contratados pelo BB até o final de 1997, e outro "novo", para empregados contratados a partir de 1998.
O fundo antigo tem cerca de 160 bilhões de reais em patrimônio.
Mesmo com essa recomposição da carteira, o baixo desempenho médio das ações põe em risco a meta atuarial deste fundo para 2015, de variação do INPC mais 5 por cento ao ano.
Para Genso, no entanto, não há risco da Previ ter um desequilíbrio prolongado entre receitas e pagamento de benefícios. Segundo ele, o fundo antigo tem uma expectativa de duração de mais 60 anos, o que dá aos gestores folga para lidar com ciclos de queda no mercado de ações. O fundo novo, com 6 bilhões de reais em patrimônio, tem 80 mil participantes.
Genso, que no mês passado prestou depoimento à CPI dos fundos de pensão, que investiga eventuais irregularidades na gestão dessas entidades, reiterou que a Previ adotou uma série de mecanismos prudenciais desde os anos de 1990, incluindo reservas de contingência (12 bilhões de reais no fim de 2014) e imposição de limites para assunção de riscos.
SETE BRASIL Foi esse aparato que, segundo ele, impediu que a Previ assumisse uma posição maior na Sete Brasil, a empresa criada para fabricar sondas de exploração de petróleo.
A companhia hoje sofre grave crise financeira, na esteira dos desdobramentos da operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras.
Com a petroleira estatal reduzindo agressivamente seu plano de investimentos para os próximos anos, e consequentemente cortando encomendas de sondas, a Sete Brasil vem negociando com sócios, envolvendo fundos de pensão e credores, para evitar um colapso.
Em 2011, a Previ entrou com 180 milhões de reais no consórcio de investidores que formou a Sete Brasil, valor que representou quase 10 por cento da empresa de sondas.
Posteriormente, o fundo se recusou a participar no aumento de capital na companhia e teve sua fatia diluída para 2,3 por cento.
Genso se disse otimista com a chance de um desfecho favorável para a Sete Brasil, mas foi taxativo: a Previ não vai aportar mais recursos na companhia. “Nossas regras internas não permitem”, concluiu.