Negócios

Por que ninguém quis comprar o Twitter

A rede social não recebeu nenhuma oferta de compra, ainda que Google, Facebook, Microsoft e Apple estivessem entre os principais suspeitos


	Twitter: à venda, a rede social não recebeu nenhuma oferta de compra
 (Kacper Pempel/Reuters)

Twitter: à venda, a rede social não recebeu nenhuma oferta de compra (Kacper Pempel/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de outubro de 2016 às 15h56.

São Paulo –O Twitter está à venda. Com milhões de usuários produzindo conteúdo em tempo real, poderia ser uma ferramenta para recolher dados de comportamento e aumentar a precisão da publicidade.

No entanto, a rede social não recebeu nenhuma oferta de compra, embora gigantes como Google, Facebook, Microsoft e Apple estivessem entre os principais suspeitos para a aquisição.

Com isso, as ações da empresa despencaram 15% em apenas um dia e ela perdeu bilhões em valor de mercado, chegando a US$ 12,6 bilhões. O que aconteceu para que os compradores desistissem da operação?

"A primeira coisa que atrai qualquer um ao olhar para o Twitter é a quantidade de dados disponíveis. A rede dá uma visão muito ampla sobre como as pessoas se conectam e como se comunicam", afirmou Jenny Sussin, diretora de Pesquisas da consultoria de tecnologia Gartner.

No entanto, muitos desses dados já estão abertos, acessíveis para qualquer um que queira analisá-los. "Por que uma empresa iria pagar pelo Twitter se ela já pode ter o seu ativo mais valioso, seus dados, de graça?", diz a especialista.

"O acesso a demais dados e funcionalidades do Twitter vale US$ 20 bilhões? Provavelmente não", afirmou. No entanto, se o valor das ações cair ainda mais, é provável que investidores voltem a ficar interessados.

A Salesforce é uma empresa que ainda estaria considerando a aquisição, afirmou a CNBC, mas o preço atual ainda estaria muito alto para aprovação dos acionistas.

Uma bagunça

O preço alto e a falta de atrativos úncios não são os únicos obstáculos entre a empresa do passarinho e possíveis compradores.

"O Twitter se tornou uma bagunça", afirmou ela. “O conteúdo é difícil de organizar e há muitos trolls (pessoas empenhadas em disseminar o ódio e provocar os envolvidos em uma discussão na internet).” 

Além disso, a rede tem encontrado dificuldades para aumentar as receitas com propagandas e trazer novos usuários para a sua plataforma. Por isso, o seu valor de mercado foi do pico de US$ 50 bilhões, em 2013, ano do seu IPO, para apenas US$ 12,6 bilhões no início da semana. 

Aumento da competição

A rede social, que surgiu em 2006, hoje tem 313 milhões de usuários ativos e 3.860 funcionários em mais de 35 escritórios ao redor do mundo.

Com apenas 10 anos, a rede social já vivenciou mudanças radicais no seu mercado. Quando ela surgiu, o seu modelo era inovador e não havia nada igual. Com mensagens curtas, qualquer um poderia se comunicar com o mundo e alcançar pessoas que nunca imaginaria, em tempo real.

Uma década depois, muitos competidores surgiram e ameaçam a companhia, afirma Sussin. Aplicativos de mensagens, como o Facebook Messenger, Whatsapp, Telegram e Viber, se multiplicaram, ocupando o lugar do Twitter para conversas. Além disso, usuários também podem postar o que estão pensando no Snapchat.

“A empresa está reconhecendo que precisa mudar. Talvez por isso, está buscando um comprador para olhar seu negócio por outro ângulo”, afirma a consultora.

Se não encontrar, pode trilhar o mesmo caminho do Myspace, rede social que ainda existe mas é pouco relevante.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaFacebookFusões e AquisiçõesGoogleInternetRedes sociaisTecnologia da informaçãoTwitter

Mais de Negócios

Cacau Show, Chilli Beans e mais: 10 franquias no modelo de contêiner a partir de R$ 30 mil

Sentimentos em dados: como a IA pode ajudar a entender e atender clientes?

Como formar líderes orientados ao propósito

Em Nova York, um musical que já faturou R$ 1 bilhão é a chave para retomada da Broadway

Mais na Exame