Por que essa provedora de internet de SC que fatura R$ 678 milhões decidiu investir em startups
Empresa procura até 20 startups para investir até R$ 750.000. Total dos aportes será de R$ 5,5 milhões
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de setembro de 2023 às 07h02.
A provedora Unifique, de Santa Catarina, começou a oferecer internet discada em novembro de 1997. Àquela época, fazia apenas dois anos que a internet comercial estava no Brasil. A empresa aproveitou a revolução da rede e cresceu na região Sul, entre expansão orgânica e aquisições. Hoje, atende todas as cidades catarinenses e do Rio Grande do Sul. Em 2021, abriu capital, captou quase 900 milhões de reais com o IPO e abriu novas frentes de negócios.
Uma dessas frentes foi uma diretoria de inovação que acaba de lançar dentro da Unifique uma Corporate Venture Capital. Essa modalidade de investimento consiste em companhias usarem seu capital para investir em pequenas startups que podem ajudar no negócio das grandes empresas.
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Neste primeiro ano, a Unifique quer investir em 20 startups. Os investimentos estimados estão na ordem dos 5,5 milhões de reais. Para iniciar seu próprio CVC, a provedora se tornou o principal investidor do Inova 3, um fundo em parceria com o Sebrae, à Raja Ventures e à Bossa Invest - esta última que é também a administradora do fundo.
“O lançamento do CVC da Unifique coroa uma estratégia de inovação que começou a ser estruturada em 2022”, diz Gabriel Amâncio, Chief Digital Officer da Unifique. “Desde então, amadurecemos os nossos objetivos para o crescimento da companhia e, a partir de agora, podemos acelerá-los através de um projeto robusto de inovação aberta".
Por que investir em startups agora
O que leva a Unifique a investir em startups agora, 26 anos depois de sua fundação? A resposta está na diversificação de receita.No início de 2022, a provedora criou uma diretoria de digitalização e inovação que teve como missão estudar como aumentar o tíquete médio fidelizar mais o cliente a partir de tecnologia.
A ideia é investir em startups que possam agregar produtos no portfólio oferecido para clientes da Unifique. Um exemplo disso é uma startup de saúde digital, que oferece consulta médica, psicologia e nutrição. A Unifique já investiu no negócio e vai lançar para os seus clientes em breve.
“O que saúde digital tem a ver com telecomunicações? Não muita coisa”, afirma Amâncio. “Está dentro do nosso ponto de investir em empresas fora do universo de telecom, mas que pode fidelizar o cliente e aumentar o tíquete médio”.
Outras áreas de startups que a empresa gostaria de investir:
- cidades inteligentes
- automação residencial
- Indústria 4.0
- Logística 4.0
- agrotechs
- health techs
- edtechs
As startups investidas serão de early stage, com um valuation próximo de 14 milhões de reais. Há algumas regras para receber o aporte: a startup precisa ter algum faturamento recorrente e produto avaliado. E precisa ter no mínimo um ou dois anos de maturidade, com um horizonte de breakeven.
Como os aportes vão funcionar
De todas as startups que se inscreverem, 20 serão selecionadas e receberão um cheque de 150.000 reais. A partir disso, recebem mentoria, que vão sendo aprofundadas. Após alguns meses, 10 das 20 startups receberão uma segunda rodada de cheques, com 250.000 reais. Por fim, cinco das 10 selecionadas recebem um último aporte, no final do ciclo, de 350.000 reais.
Ao fim do processo de seleção, cada uma das cinco startups escolhidas terá recebido investimento de R$ 750 mil. As avaliações das startups serão lideradas pelo comitê gestor do Inova 3 e, por parte da Unifique, contarão também com o suporte da Kyvo Design-Driven Innovation, consultoria de inovação que tem atuado em conjunto com a empresa nos últimos anos.
As startups interessadas em participar do processo seletivo do Inova Startups têm até o dia 29 de outubro para se inscreverem.
Qual a estrutura da Unifique hoje
Hoje, a Unifique oferece banda larga fibra óptica, televisão, telefonia fixa e telefonia móvel. Recentemente, venceu leilões no sul para usar a rede 5G. O principal cliente é o consumidor final, mas há também soluções para empresas, como oferta de cloud e de segurança cibernética. Já o carro-chefe, nos produtos, é a internet banda larga. No segundo trimestre do ano, aliás, representou 82% dos negócios.
Hoje, 500.000 clientes ficam em Santa Catarina e outros 150.000 usuários estão no Rio Grande do Sul. Há também alguma participação no Paraná, mas é pequena. Além da expansão orgânica, também tem feito aquisições. A mais recente foi da Naxi, de 35,5 milhões de reais.
No ano passado, de acordo com os dados divulgados para o mercado, a Unifique teve uma receita líquida de 678,4 milhões de reais, aumento de 48% em relação ao ano anterior. Já o lucro líquido bateu os 130,2 milhões de reais. Aumento de 61,7% em relação a 2021.