Por que a BMW não espera um ano brilhante no Brasil
Presidente da montadora afirma, a EXAME.com, que IPI alto também afetou o mercado de carros de luxo – e que recorde de vendas é passado
Daniela Barbosa
Publicado em 18 de abril de 2012 às 11h45.
São Paulo - As montadoras de luxo nunca foram uma ameaça para o setor automotivo no Brasil. No entanto, foram penalizadas com a decisão do governo de aumentar em 30 pontos percentuais o imposto sobre produtos industrializados (IPI) de veículos importados.
"As quatro mais importantes, Mercedes-Benz, Volvo, Audi e BMW, há um ano detinham 1,5% de participação do mercado no país. Hoje, essa participação caiu para menos de 0,75%", afirmou Roberto Prado, especialista desse setor.
A BMW, uma das mais impactadas, viu suas vendas despencarem 30% depois da decisão de aumento de IPI. Somente no mês de março, as vendas caíram quase pela metade na comparação com o mesmo período do ano passado: de 1009 para 590 unidades, segundo dados da Associação brasileira das empresas importadoras de veículos automotores (Abeiva).
No ano passado, as vendas da BMW no Brasil cresceram quase 50% na comparação com 2010 e mais de 13.000 unidades foram comercializadas por aqui; mas neste ano, o bom desempenho não deve se repetir.
Para Henning Dornbusch, presidente da BMW no Brasil, o IPI é o único vilão da história e os boatos de que ele não afetaria o segmento de luxo no país “é uma grande besteira”.
"Estamos vivendo um novo cenário, mas não é uma alegria ter de lidar com ele", disse o executivo com exclusividade a EXAME.com. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Dornbusch:
EXAME.com: Alguns especialistas, antes do aumento do IPI entrar em vigor, chegaram a afirmar que o segmento de luxo seria o menos impactado com a medida. Você concorda?
Henning Dornbusch: Não posso concordar com isso. Nossos consumidores também fazem contas e ninguém pagaria 160.000 reais por um carro que custava 120.000 reais meses atrás. Houve impacto sim e o segmento premium está em queda no país.
EXAME.com: Quais as expectativas para os próximos trimestre? Vocês esperam alguma melhora?
Dornbusch: Nossas vendas caíram até agora 30% depois do aumento do IPI. Trabalhamos com a estimativa de que elas serão 20% menores neste ano na comparação com o ano passado.
EXAME.com: Então, neste ano, a BMW não vai conseguir superar as vendas de 2011 no Brasil?
Dornbusch: Não tem como. Em 2011, tivemos um resultado execepcional no Brasil, não tem como superar isso.
EXAME.com: Vocês repassaram os 30 pontos percentuais aos consumidores?
Dornbusch: Na média, repassamos 16% de aumento para todos os modelos. O restante, estamos assumindo.
EXAME.com: O que vocês estão comprometendo com essa decisão?
Dornbusch: Margem e custo. Dos 14% de aumento que não foram repassados, 12% ficaram com a BMW e os outros 2% com nossos representantes no país.
EXAME.com: Esse repasse pode ser ainda maior ao longo do ano?
Dornbusch: Sem dúvida. Nossos modelos podem ainda ficar mais caros, porque não existe margem que possa absorver esse custo.
EXAME.com: Os lançamentos previstos podem amenizar esse impacto?
Dornbusch: Estamos trabalhando com essa possibilidade. Para o ano, são três novidades. A primeira já foi anunciada no mês passado, a nova geração da Série 1. Está previsto também a nova geração da Série 3 e uma nova motorização da BMW X1.
EXAME.com: Como anda a decisão de construção de uma fábrica da BMW no país?
Dornbusch: Temos interesse de construir uma unidade no Brasil. Estamos agora analisando, item por item, o novo regime automotivo e as concessões que teremos que fazer antes de bater o martelo.
EXAME.com: Se vocês decidirem pela construção, a fábrica será erguida em Santa Cataria?
Dornbusch:Prefiro não falar sobre isso; mas tem grande possibilidade.
EXAME.com: E essa decisão sai ainda neste ano?
Dornbusch: Com certeza.
São Paulo - As montadoras de luxo nunca foram uma ameaça para o setor automotivo no Brasil. No entanto, foram penalizadas com a decisão do governo de aumentar em 30 pontos percentuais o imposto sobre produtos industrializados (IPI) de veículos importados.
"As quatro mais importantes, Mercedes-Benz, Volvo, Audi e BMW, há um ano detinham 1,5% de participação do mercado no país. Hoje, essa participação caiu para menos de 0,75%", afirmou Roberto Prado, especialista desse setor.
A BMW, uma das mais impactadas, viu suas vendas despencarem 30% depois da decisão de aumento de IPI. Somente no mês de março, as vendas caíram quase pela metade na comparação com o mesmo período do ano passado: de 1009 para 590 unidades, segundo dados da Associação brasileira das empresas importadoras de veículos automotores (Abeiva).
No ano passado, as vendas da BMW no Brasil cresceram quase 50% na comparação com 2010 e mais de 13.000 unidades foram comercializadas por aqui; mas neste ano, o bom desempenho não deve se repetir.
Para Henning Dornbusch, presidente da BMW no Brasil, o IPI é o único vilão da história e os boatos de que ele não afetaria o segmento de luxo no país “é uma grande besteira”.
"Estamos vivendo um novo cenário, mas não é uma alegria ter de lidar com ele", disse o executivo com exclusividade a EXAME.com. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Dornbusch:
EXAME.com: Alguns especialistas, antes do aumento do IPI entrar em vigor, chegaram a afirmar que o segmento de luxo seria o menos impactado com a medida. Você concorda?
Henning Dornbusch: Não posso concordar com isso. Nossos consumidores também fazem contas e ninguém pagaria 160.000 reais por um carro que custava 120.000 reais meses atrás. Houve impacto sim e o segmento premium está em queda no país.
EXAME.com: Quais as expectativas para os próximos trimestre? Vocês esperam alguma melhora?
Dornbusch: Nossas vendas caíram até agora 30% depois do aumento do IPI. Trabalhamos com a estimativa de que elas serão 20% menores neste ano na comparação com o ano passado.
EXAME.com: Então, neste ano, a BMW não vai conseguir superar as vendas de 2011 no Brasil?
Dornbusch: Não tem como. Em 2011, tivemos um resultado execepcional no Brasil, não tem como superar isso.
EXAME.com: Vocês repassaram os 30 pontos percentuais aos consumidores?
Dornbusch: Na média, repassamos 16% de aumento para todos os modelos. O restante, estamos assumindo.
EXAME.com: O que vocês estão comprometendo com essa decisão?
Dornbusch: Margem e custo. Dos 14% de aumento que não foram repassados, 12% ficaram com a BMW e os outros 2% com nossos representantes no país.
EXAME.com: Esse repasse pode ser ainda maior ao longo do ano?
Dornbusch: Sem dúvida. Nossos modelos podem ainda ficar mais caros, porque não existe margem que possa absorver esse custo.
EXAME.com: Os lançamentos previstos podem amenizar esse impacto?
Dornbusch: Estamos trabalhando com essa possibilidade. Para o ano, são três novidades. A primeira já foi anunciada no mês passado, a nova geração da Série 1. Está previsto também a nova geração da Série 3 e uma nova motorização da BMW X1.
EXAME.com: Como anda a decisão de construção de uma fábrica da BMW no país?
Dornbusch: Temos interesse de construir uma unidade no Brasil. Estamos agora analisando, item por item, o novo regime automotivo e as concessões que teremos que fazer antes de bater o martelo.
EXAME.com: Se vocês decidirem pela construção, a fábrica será erguida em Santa Cataria?
Dornbusch:Prefiro não falar sobre isso; mas tem grande possibilidade.
EXAME.com: E essa decisão sai ainda neste ano?
Dornbusch: Com certeza.