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Por que a aquisição feita pela Marfrig na Argentina mostra oportunidades

O frigorífico brasileiro anunciou a compra da processadora de hambúrgueres Campo Del Tesoro, líder no segmento de food service no país vizinho

Negócio de hamburguer é nova aposta da Marfrig (Tricia Vieira/Feed/Divulgação)

Negócio de hamburguer é nova aposta da Marfrig (Tricia Vieira/Feed/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 6 de outubro de 2020 às 12h58.

Última atualização em 6 de outubro de 2020 às 15h09.

A Marfrig anunciou a compra de uma produtora de hambúrgueres líder no segmento de food service (venda a restaurantes) na Argentina, a Campo Del Tesoro, por 4,6 milhões de dólares. Com o mercado fragilizado pela covid-19, empresas capitalizadas e com baixo endividamento têm a oportunidade de ganhar escala, algo vital para o setor de alimentação.

Na Argentina, a Marfrig tem capacidade de processamento de 54.000 toneladas de hambúrgueres por ano. Já a Campo del Tesoro tem uma fábrica em Pilar, província de Buenos Aires, e pode processar 15.000 toneladas anuais. Seu principal cliente local é a rede de fast food McDonald's.

A Campo del Tesoro foi fundada em 2002 e atende não só o mercado argentino, como também a América Latina, a Ásia, a África e a Europa.

Com os efeitos negativos da pandemia, todas as empresas sofreram em alguma magnitude, mas o segmento de restaurantes foi afetado de maneira sistêmica pela queda da demanda, contaminando os resultados da indústria. Alguns frigoríficos chegaram a registrar retração de 70% no food service.

Apesar do retorno da atividade de bares e restaurantes em todo o Brasil, os horários de funcionamento ainda são restritos e a frequência dos clientes não é a mesma de antes.

O consultor Luís Henrique Stockler explica que, no food service, as margens são muito apertadas e todo ganho de escala é fundamental. "A rentabilidade é um desafio que cresceu no pós-pandemia. Tenho visto movimentos e conversas sobre consolidação no setor."

Segundo o especialista, empresas do porte da Marfrig terão mais condições de aproveitar estas oportunidades e o movimento de verticalização por parte da indústria de alimentos só cresce.

Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora, frigoríficos como Marfrig e JBS são capazes de aproveitar o atual momento do setor, já que estão capitalizadas e com baixo nível de endividamento.

"O setor de alimentos frequentemente tem movimentos de compra e venda, e a Marfrig certamente é uma consolidadora neste momento."

No segundo trimestre de 2020, a Marfrig registrou receita líquida de 18 bilhões de reais, crescimento de 54% sobre igual período do ano passado, mesmo diante das dificuldades ocasionadas pela pandemia. Com ganhos impulsionados pelo mercado americano, a companhia registrou lucro bilionário no período.

A dívida líquida da empresa era de 3,17 bilhões de dólares ao final de junho, representando um endividamento (dívida líquida sobre o Ebitida) de apenas 1,79 vez.

Com este desempenho, novas oportunidades podem surgir pela frente. "A Campo del Tesoro é um ativo pequeno perto da Marfrig, mas com uma grande participação na Argentina. Eu vejo isso como uma oportunidade, é o efeito da crise da covid-19", diz Galdi.

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