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(Karin Salomão/Site Exame)
Karin Salomão
Publicado em 9 de outubro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 9 de outubro de 2017 às 12h49.
São Paulo - O Aeroporto Internacional de Guarulhos passou, nos últimos anos, por diversas reformas. Um novo terminal foi inaugurado, assim como um prédio de estacionamentos. O número de lojas mais do que dobrou.
O hub hoje tem 14 quilômetros quadrados de área. Daqui, aviões de 41 companhias aéreas voam para mais de 100 destinos.
Em 2012, o aeroporto transportou 30 milhões de passageiros. Em 2013, eram 32 milhões e, no ano da Copa, 39,5 milhões. Em 2016, o número foi para 36,6 milhões. Hoje, é possível transportar até 50,5 milhões de passageiros, tornando este o maior hub da América do Sul.
No entanto, a movimentação é ainda maior. Cerca de 33 mil funcionários circulam pelo local, entre segurança, equipes das companhias aéreas ou terceirizados. Além disso, por conta da cultura brasileira de se despedir aos abraços nos aeroportos, cerca de duas pessoas acompanham cada viajante. Dessa forma, a movimentação é de 250 mil pessoas por dia, em média.
O aeroporto tem um centro ecumênico, sala morgue, um hotel com 80 quartos e uma sala de perdidos e achados, com itens bastante inusitados.
EXAME.com visitou o aeroporto para conhecer os bastidores da operação, do centro de controle à segurança e áreas de embarque e desembarque. Confira nas fotos.
Desde 2012, o Aeroporto Internacional de Guarulhos tem uma nova marca: GRU Airport. O nome foi dado pela empresa que gerencia todas as suas operações.
O governo iniciou, em 2011, uma série de licitações para chamar novas concessionárias para operarem aeroportos. O consórcio formado pelas empresas Invepar e ACSA (Airports Company South Africa) foi anunciado como vencedor do leilão de concessão em Guarulhos e assumiu em junho de 2012. O contrato vai até 2032 e tem diversas obrigações, como investimento em infraestrutura e ampliação.
A empresa passou os três primeiros meses apenas observando o trabalho da Infraero. Depois, a Infraero passou outros três meses vistoriando a atuação da companhia antes de passar o bastão.
O controle acionário do aeroporto está dividido da seguinte forma: 49% é da Infraero e o restante é controlado por um grupo de empresas privadas.
Enquanto a concessão permite que a GRU Airport explore financeiramente a operação do aeroporto, ela também ganhou uma série de obrigações. Ela deveria ampliar os terminais de passageiros e aumentar a pista para receber o Boeing 747-8 e o Airbus A380, maiores aviões do mundo.
O investimento total é de 6,5 bilhões de reais, que deverá ser feito durante o período da concessão. Desse valor, 4 bilhões já foram aplicados em melhorias e expansão.
O faturamento da concessionária é de 2 bilhões de reais por ano. A concessionária precisa repassar 1 bilhão de reais para o governo em taxas de outorga.
Na foto, o A380, que faz um voo diário entre Dubai e São Paulo. Com espaço para 480 passageiros, o avião comporta quase 1.000 malas.
Para acelerar o desembarque de tantas pessoas, o aeroporto criou um “finger” novo – o corredor que leva as pessoas do portão de embarque à porta da aeronave. O corredor tem dois andares, que encaixa nas duas portas do avião.
A companhia inaugurou um novo centro de controle operacional. Antes, toda a operação funcionava em uma pequena sala na torre de comando, controlada pela Infraero.
Aqui, o aeroporto coordena pousos e decolagens, taxiamento, condições climáticas e a segurança dos terminais. Estão em constante contato com as companhias aéreas e a torre da Infraero.
Nas telas, os controladores verificam o status de cada avião e qual a fila para decolagem. Também verificam se há muita neblina ou chuva e se é necessário, por exemplo, fechar o aeroporto por causa das condições adversas.
São 800 movimentações por dia, entre pousos e decolagens, ou uma a cada dois minutos. Desses, 63% são voos nacionais e 37% internacionais.
A sala de comando também controla o trânsito dos ônibus e das equipes de bagagens.
Ao lado da sala de operações está o centro de segurança. A companhia instalou mais de 2.000 câmeras, fora as que já existiam. Elas captam movimentações na rodovia, estacionamentos, área de check in, embarque, etc.
Depois que o viajante despacha suas bagagens, equipes terceirizadas as recolhem e colocam nos aviões. Cada companhia aérea contrata sua própria parceira.
Na pista, também estão motoristas de ônibus que levam passageiros a seus aviões, sinalizadores e equipe de limpeza e segurança.
São dezenas de pessoas, com as funções mais diversas. Para que a equipe de controle do aeroporto consiga saber quem é quem na pista, cada funcionário leva um número específico em seu colete, vinculado ao seu CPF.
No pátio, há uma equipe de monitoramento de fauna. Eles verificam se há algum bando de aves no céu do aeroporto ou capivaras atravessando a pista. Esses animais podem atrapalhar a operação e as aves podem até danificar as turbinas.
Por conta da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, o Brasil se tornou um foco de terrorismo. Por isso, os funcionários receberam treinamentos para lidar com certas situações.
Esta sala é um dos ambientes usados em momentos de crise, seja um atentado, sequestro ou acidente. Greves que ocupam parte da rodovia também são acompanhadas, pois podem comprometer o trânsito ao redor do aeroporto. O acidente envolvendo o time de futebol da Chapecoense, por exemplo, foi monitorado a partir dessa sala.
Daqui também é possível ver a “vaga sequestro”. Cada aeroporto tem uma vaga secreta para aviões que estão sendo sequestrados. O piloto estaciona no local designado e a polícia fica ciente da situação, sem que o sequestrador saiba.
Além do novo centro operacional, a GRU Airport ampliou as áreas nos terminais. A modernização do Terminal 2 acrescentou 23 mil m² de área operacional (check-in, raio-X, controle de passaporte projeto de retrofit, restituição de bagagem) e 4,6 mil m² de espaços comerciais, o que possibilitou a ampliação no número de lojas.
O terminal 1 recebe apenas voos nacionais. No 2, 80% dos voos são nacionais e o restante para outros países. No 3, o novo, todas as viagens são internacionais.
Com as mudanças e reformas feitas pela GRU Airport, os terminais foram renumerados, assim como os portões de embarque, para manter uma unidade.
O antigo terminal 4 passou a ser o Terminal 1. O 1 e o 2 foram unificados e passam a ser o atual Terminal 2. O Terminal 3 mantém a numeração com a qual foi inaugurado.
A numeração e a sinalização foram feitas por uma equipe holandesa. Para andar de uma ponta a outra, são de 30 a 45 minutos, dependendo da velocidade da caminhada. Assim, a companhia acreditou que também era importante mostrar o tempo para chegar em cada portão, para que ninguém perdesse o voo.
A GRU Airport assumiu efetivamente em fevereiro de 2013 e precisava terminar a expansão em tempo recorde. Era esperado que a obra do novo terminal internacional estivesse pronta para a Copa do Mundo de 2014. O Terminal 3 foi inaugurado em março daquele ano.
O Terminal 3 tem 190 mil metros quadrados. Com o pé direito mais alto que os outros, passa uma sensação de amplitude. É a área mais tecnológica de passageiros. O check-in pode ser feito de qualquer um dos postos automáticos – nos outros terminais, essas máquinas são exclusivas das companhias aéreas.
A entrada para o embarque também foi automatizada, assim como o desembarque. Com o “e-gate”, viajantes brasileiros podem usar o passaporte com chip para agilizar a fila.
O passageiro coloca o passaporte no leitor e, depois, passa por um escâner de corpo inteiro, que também reconhece traços faciais.
Assim, ele não precisa passar pela entrevista com a Polícia Federal e o tempo de procedimento cai de 3 minutos para 40 segundos.
Com a ampliação dos terminais, o número de lojas e restaurantes também cresceu. Desde que assumiu, o número de estabelecimentos comerciais foi de 102 para 260. Cerca de 95% dos espaços comerciais estão ocupados. Para a concessão, é mais uma forma de gerar receitas, além das taxas pagas pelos passageiros.
A Dufry é uma das principais parceiras comerciais do aeroporto. Aqui, está a maior loja da marca do mundo, com 7.500 metros quadrados.
Na foto, a sala VIP do aeroporto. São mais de 7 mil metros quadrados de espaços VIP, entre as salas das companhias aéreas e esta, para qualquer passageiro.
Enquanto muitos aproveitam o espaço do aeroporto antes da viagem, com restaurantes e lojas, na saída é o contrário. que os passageiros mais querem é chegar logo ao seu destino. Por isso, as malas precisam chegar rapidamente
O objetivo é que as malas cheguem do avião até a esteira de bagagens em um intervalo de 20 a 40 minutos, para serem recolhidas pelo passageiro.
Pode parecer um tempo longo, mas toda bagagem precisa ser verificada. São 5 quilômetros de esteira que passam por diversas verificações de segurança. Em 2016, a Polícia Federal apreendeu mais de 1,8 tonelada de drogas, como haxixe, maconha, cocaína e LSD, apenas no aeroporto de Guarulhos.
Dentro do aeroporto, está um lugar que, por enquanto, poucos conhecem. É um hotel quatro estrelas, o TRYP Transit Hotel.
Ele é projetado especialmente para viajantes em conexões longas, voos atrasados ou cancelados. Ao invés de diárias, o hóspede paga por horas. O preço varia de 150 reais, para uma hora, a 800 reais, para 12 horas.
São 3.800 metros quadrados de área distribuídos entre 80 quartos, lounge, jardim, bar e restaurante. O jardim é um dos únicos ambientes para passageiros ao ar livre dentro de todo o aeroporto.
Este é um dos quartos padrão do hotel. Muitos podem ser conectados e se transformar em um grande cômodo para a família ou grupos grandes.
O grande atrativo é a vista para a pista, ou, como dizem os funcionários, para o “mar” do aeroporto.
Na foto, o espaço ecumênico. Ele pode ser usado por pessoas de todas as religiões para momentos de paz antes de um voo. Há celebrações de missas católicas e cultos evangélicos e muçulmanos usam o local para as orações.
Com circulação de cerca de 250 mil funcionários, passageiros e visitantes por dia, é normal que algumas coisas sejam perdidas. No caso do aeroporto de Guarulhos, muita coisa é deixada para trás.
No departamento de perdidos e achados, há desde carteiras, documentos e celulares a itens mais inusitados, como dentaduras, bengalas e olhos de vidro.
Os itens ficam aqui por 60 dias antes de serem baixados para o estoque subterrâneo. A prefeitura recolhe esses itens e anuncia cada um deles no diário oficial por mais 60 dias. Depois dos quase quatro meses, os objetos são doados para instituições suportadas pela prefeitura.
Encostos de pescoço são os itens mais comuns. Mas já foram encontrados aparelhos respiratórios, urna funerária, cordão umbilical, armas de fogo e espadas, marmitas estragadas e até exames de fezes.
Os itens são todos registrados em um sistema e, depois, armazenados de acordo com o tipo. Há armários para smartphones, mochilas, brinquedos, acessórios, chaves, entre outras. Há sacolas e mais sacolas de celulares e carteiras, muitas com o dinheiro intacto.
A equipe carrega os celulares e, pelas fotos e contatos, tentam achar os donos. Fazem o mesmo com qualquer objeto que tenha etiqueta ou indicação de quem seria o dono.
Em caso de objetos de valor, é mais comum que estrangeiros busquem o departamento de perdidos e achados do que brasileiros, diz o time.
O aeroporto tem um centro médico por terminal, porque é importante que a equipe médica chegue ao local em menos de sete minutos, em caso de emergência.
Também são diversos postos policiais, para prevenir roubos ou fiscalizar malas que foram deixadas desassistidas.
Ainda há uma sala morgue. Caso alguém morra no aeroporto, precisa haver um espaço adequado para o corpo até ele ser encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).
A GRU Airport fez uma pesquisa entre os usuários do aeroporto para saber quais eram as maiores reclamações. As três mais preocupantes eram a limpeza dos banheiros, vagas no estacionamento e segurança.
A companhia contratou nova empresa de limpeza, ampliou a área de estacionamento existente e construiu o prédio de estacionamento, com mais 2.600 vagas.
O estacionamento hoje é administrado pela Estapar. Desde 2012, o número de vagas aumentou de 3.800 para 9.200. O Uber, na foto, também é um parceiro nos transportes, com uma área de espera própria
Por fim, instalou 2.000 câmeras em todos os terminais.
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