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Por baixo da terra

Oleodutos e gasodutos são a especialidade da Geral-Damulakis, que quadruplicou as vendas e foi a campeã de 2001

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Uma boa dose de ousadia e senso de oportunidade renderam à Geral-Damulakis Engenharia, uma construtora especializada em montagens industriais e na construção de oleodutos e gasodutos, ótimos resultados em 2001. Considere:

  • A rentabilidade esteve na casa dos 37% sobre o total investido em 2001. Também foi a melhor marca do setor, cuja mediana ficou em 1,6%.
  • Suas vendas cresceram 307,5% em relação ao ano anterior, a maior expansão do setor.
  • O crescimento foi sustentado por altos investimentos em compra de máquinas e desenvolvimento de tecnologia, que representaram 195,2% sobre o imobilizado, o mais elevado índice entre as construtoras.

    É um desempenho e tanto -- ainda mais para uma companhia que, com vendas próximas de 100 milhões de dólares em 2001, ainda não desenvolveu porte suficiente para ocupar um lugar entre as 500 maiores empresas privadas do país. Mesmo assim, superou as grandes do setor da construção com a conquista da primeira posição nos quesitos crescimento, rentabilidade e investimentos no imobilizado.

    A empresa tomou impulso em 1997. Os grupos baianos Olipar Participações e DF Patrimonial, acionistas da construtora Geral, fundada em 1989 em Salvador, anteviram que o mercado de montagem de instalações para a indústria petroquímica e para implantação de oleodutos e gasodutos se tornaria especialmente favorável nos anos seguintes. Seria a oportunidade de a empresa, então restrita ao estado da Bahia, ampliar sua atuação no país. "Precisávamos ganhar robustez e qualidade", diz César Roberto Santos Oliveira, presidente da Geral-Damulakis. "Caso contrário, perderíamos a chance de levar os novos contratos que apareceriam."

    Um dos primeiros passos da Geral a caminho do que Oliveira chama de conquista da qualidade foi o investimento para obter a ISO 9002. Em 1999, a Geral obteve a certificação num projeto que mobilizou toda a companhia. Outra frente atacada foi a contratação de executivos egressos dos clientes e da concorrência.

    Algumas vezes, perseguir a excelência na prestação de serviços saiu caro e incluiu decisões arriscadas. A Geral decidiu manter um estoque de máquinas próprias, enquanto a maioria dos concorrentes preferiu evitar custos fixos e alugá-las. Só em 2001, investiu 30 milhões de reais na compra de equipamentos, como escavadeiras, guindastes e tratores. "Temos sempre a máquina que queremos na condição e nos prazos que precisamos", afirma Oliveira.

    No ano passado, a Geral construiu três centros de logística, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. Objetivo: manter as máquinas agrupadas em pontos estratégicos para diminuir o tempo de levá-las aos canteiros de obra. Segundo Oliveira, essa decisão foi fundamental para melhorar os prazos de execução dos serviços e ajudar na expansão da companhia, que teve um dos pontos altos na compra de uma concorrente também baiana em abril de 2001, a Damulakis, alterando o nome para Geral-Damulakis. "No início deste ano, conseguimos levar em 45 dias todos os nossos equipamentos para uma obra na Bolívia", diz ele. "Em outros tempos, poderíamos demorar muito mais."

    Os resultados dessa medida logo começaram a aparecer. Em 2000, a empresa iniciou a conquista dos primeiros grandes contratos para a construção de diversos oleodutos e gasodutos pelo país, inclusive trechos do gasoduto Bolívia-Brasil, um dos maiores projetos de infra-estrutura dos últimos tempos na América do Sul.

    A mudança da sede de Salvador para São Paulo, realizada em 2002, é emblemática do processo de expansão dos negócios da Geral-Damulakis para todo o país e para outros mercados da América do Sul. À medida que isso acontece, os novos contratos que a empresa vai conseguindo são cada vez mais vultosos. Em 2001, uma de suas principais obras foi a construção dos novos dutos entre o pólo petroquímico de Camaçari e o Porto de Aratu.

    O crescimento do número de contratos implicou o aumento do número de funcionários. Hoje são 4 000, três vezes mais que em 2000. Cerca de 1 000 deles estão em São Paulo, onde até pouco tempo atrás não havia ninguém. Para dar treinamento a todo esse pessoal, a Geral-Damulakis inaugurou um centro na Bahia, no ano passado, capaz de formar 50 funcionários por vez. "O objetivo é reciclar a equipe, que tem de lidar com novos materiais, como no caso do tipo de aço usado nos gasodutos", diz Oliveira. "Crescer também é um processo de aprendizado."

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