Negócios

Petrobras tem tarefa árdua de concluir contas, diz diretor

Diretor de Gás e Energia disse que a atual fase é "delicada" e de "grande complexidade", e que a diretoria tem "tarefa árdua" para concluir o balanço contábil


	Petrobras: "estamos em período de silêncio com a tarefa árdua de concluir as contas", disse Hugo Repsold
 (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Petrobras: "estamos em período de silêncio com a tarefa árdua de concluir as contas", disse Hugo Repsold (Yasuyoshi Chiba/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2015 às 16h40.

Rio - No primeiro evento público após assumir a diretoria de Gás e Energia da Petrobras, Hugo Repsold, classificou a atual fase da estatal como "delicada" e de "grande complexidade", referindo-se à crise que abateu a empresa desde 2014, com a deflagração da Operação Lava Jato, e que resultou na demissão coletiva dos ex-diretores e da presidente, Graça Foster.

Segundo o executivo, a diretoria tem "tarefa árdua" para concluir o balanço contábil com "números claros e auditados".

"Estamos vivendo um momento delicado, de grande complexidade. Estamos em período de silêncio com a tarefa árdua de concluir as contas, terminar as demonstrações contábeis e mostrar os números para que todos conheçam e entendam. Números que sejam claros e reconhecidos, auditados", afirmou Repsold durante aula inaugural da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O executivo não mencionou prazos para concluir o balanço. A Petrobras está desde novembro sem apresentar seu balanço financeiro, em função das investigações sobre o impacto financeiro do escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A companhia deverá apresentar o relatório até maio, sob risco de ter parte das suas dívidas cobradas antecipadamente.

Repsold afirmou ainda que concluir a tarefa será fundamental para "seguir a vida". "Prosseguir com o desenvolvimento da produção e com a comercialização de todos os produtos da Petrobras, que tem enorme valor e enorme importância para o desenvolvimento do País como um todo".

O diretor afirmou também que a corrupção identificada na companhia é como um "câncer que não deve ser tratado com homeopatia". Segundo ele, a companhia "falhou" nos últimos anos em relação às suas metas, e só passou a desenvolver mecanismos de governança depois de "tomar uma surra". "Corrupção é como um câncer e a gente não vai tratar com homeopatia. Se é grave, tem que extirpar ele. Estou confiante. Não só porque sou otimista, mas porque nos últimos 30 anos vi a capacidade de superação ser construída", afirmou, durante palestra.

Apesar da metáfora, o diretor avaliou que o problema "não é tão grave assim" para a estatal e seus funcionários que estão focados em um "projeto comum".

A respeito dos dados contábeis de 2014, Repsold disse que o desafio é apresentar números fáceis "de entender e que os auditores concordem", em relação às perdas financeiras e do valor dos ativos afetados pelo esquema de desvios e pagamento de propina nos contratos com empreiteiras e fornecedoras.

Preços

A respeito do impacto da mudança nos preços internacionais do petróleo sobre a companhia, Repsold disse que o momento delicado da companhia se agrava frente a essa situação. "Preços baixos representam o momento para ser muito seletivo", afirmou, acrescentando que a empresa deve se adequar a essa realidade do mercado. "Não é delicado só por causa das denúncias. Junto com esse fato, estamos vivendo um momento delicado no mundo, em que o petróleo e seus produtos estão no meio de uma confusão", comentou.

Segundo ele, a mudança nos preços internacionais é consequência das estratégias geopolíticas da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), classificadas como "muito fortes, agressivas e competitivas". "Eles controlam um mercado e ninguém quer brigar com eles. O resultado é preço baixo no mercado, isso prejudica os Estados Unidos e a gente", avaliou o diretor.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

Mais de Negócios

11 franquias mais baratas do que viajar para as Olimpíadas de Paris

Os planos da Voz dos Oceanos, nova aventura da família Schurmann para livrar os mares dos plásticos

Depois do Playcenter, a nova aposta milionária da Cacau Show: calçados infantis

Prof G Pod e as perspectivas provocativas de Scott Galloway

Mais na Exame