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Petrobras pode renegociar contratos

Medida da nova diretoria procura cortar gastos diante das novas condições do mercado de aluguel de plataformas; preços caíram até 50% nos últimos anos


	Plataforma da Petrobras: nova direção tem como argumento pró renegociação a mudança do cenário global
 (Germano Lüders/EXAME)

Plataforma da Petrobras: nova direção tem como argumento pró renegociação a mudança do cenário global (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 07h27.

Londres - Fornecedores da Petrobras têm se preparado para uma provável onda de renegociação de contratos antigos para aluguel de plataformas marítimas. Segundo um alto executivo de uma empresa estrangeira, o setor já espera a convocação da estatal para debater contratos fechados no auge da demanda por esses equipamentos.

Essa renegociação deve ocorrer como medida da nova diretoria da Petrobras que precisa cortar gastos e diante das novas condições do mercado global de aluguel de plataformas, já que alguns preços caíram até 50% nos últimos anos.

Na semana passada, uma das grandes fornecedoras da Petrobras, a norueguesa Seadrill, surpreendeu o mercado ao anunciar aos acionistas que contratos para aluguel de duas plataformas marítimas assinados com a estatal brasileira devem ter prazos ou condições comerciais alteradas.

Por isso, a empresa não conta mais com o valor integral de US$ 1,1 bilhão previsto na assinatura do contrato. Segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a decisão da companhia norueguesa pode ser a indicação de um movimento mais amplo de renegociação que está por vir.

A Petrobras continua pagando normalmente empresas que alugam plataformas petrolíferas, como a própria Seadrill, a europeia Ocean Rig e a americana Transocean.

"A Petrobras não atrasou nenhum pagamento. Todos os compromissos estão sendo quitados na data e com os valores combinados em contrato. Mas a Seadrill sentiu-se obrigada a avisar investidores por uma questão de transparência diante da grande mudança que houve na estatal", diz.

Segundo essa fonte, consórcios que operam as várias áreas de exploração estariam começando a avaliar a possibilidade de renegociar preços e prazos dos contratos firmados há alguns anos.

Segundo o executivo, esse movimento tenta antecipar a "muito provável" movimentação da estatal.

"A nova diretoria (da Petrobras) usará novos processos e deverá haver mudança nos valores previstos no orçamento. Por isso, o setor acredita que vão chamar todos (os fornecedores) para a mesa de negociação. Por enquanto, porém, não aconteceu nada fora do ordinário."

Ainda que a iniciativa comece a partir dos consórcios, vale lembrar que todos esses grupos contam com a participação majoritária da Petrobras.

Uma das plataformas que foi alvo do comunicado da empresa norueguesa da semana passada foi contratada por um consórcio controlado pela Petrobras com 65% da concessão.

Os demais sócios são a britânica BG Group com 25% e portuguesa Galp Energia com 10%.

Mudança

Além dos problemas de corrupção dentro da estatal, a nova direção da Petrobras tem como forte argumento pró renegociação a mudança do cenário global.

"É algo mundial que a Petrobras sofre e as outras petroleiras também. Quem tem condições de renegociar, vai fazer isso porque muitos desses contratos foram firmados no auge da demanda global. Agora, com a oferta maior de sondas e o mercado em situação diferente, os preços caíram bastante", diz a fonte, ao comentar que a oferta mundial cresceu mais que a demanda nos últimos anos.

Algumas das plataformas alugadas pela Petrobras no auge da demanda global no fim da década passada têm aluguel diário superior a US$ 600 mil - caso de West Taurus e West Eminence, ambas da norueguesa Seadrill.

Atualmente, equipamentos comparáveis chegam a ser alugados por valores próximos de US$ 400 mil por dia. Essa discrepância de 50% é um forte argumento para levar fornecedores e a estatal para a mesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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