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Petrobras planeja corte em exploração por aperto de caixa

A estatal planeja vender ativos e reduzir investimentos em refino e exploração, direcionando o foco para desenvolver campos já descobertos, dizem fontes

Sede da Petrobras: empresa está vendo suas ações serem negociadas no menor nível desde 2004 (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 21h14.

São Paulo/Rio de Janeiro -A Petrobras , maior produtora de petróleo em águas ultraprofundas, planeja vender ativos e reduzir investimentos em refino e exploração, direcionando o foco para desenvolver campos já descobertos.

Trata-se de uma resposta ao colapso nos preços do petróleo e às dificuldades para recorrer aos mercados internacionais de dívidas em meio a investigações sobre corrupção, disseram duas fontes com conhecimento direto sobre o assunto.

A Petrobras, que é controlada pelo Estado brasileiro, planeja paralisar investimentos nas refinarias Premium I e Premium II, no Nordeste, entre outras medidas, para não precisar emitir dívida no mercado internacional em 2015, disse uma das fontes.

As fontes pediram para não serem identificadas porque as informações não são públicas. A Petrobras, que tem sede no Rio de Janeiro, não respondeu a e-mails com solicitações de comentários.

Empresa petroleira de capital aberto mais endividada do mundo, a Petrobras está vendo suas ações serem negociadas no menor nível desde 2004 em meio a uma ampla investigação sobre suborno de empreiteiras a funcionários da companhia.

A produtora de petróleo atrasou a divulgação de seus resultados financeiros, enquanto dois escritórios de investigação independentes concluem seus relatórios naquele que se tornou o maior escândalo de lavagem de dinheiro e corrupção da história do Brasil. As ações da empresa caíram 9,2 por cento ontem. “É benéfico para a empresa, pois podem fazer caixa. Hoje o preço está muito baixo e isso faz essas fortes oscilações”, disse Henrique Kleine, analista da corretora Magliano.

A Petrobras tem dito que precisa divulgar resultados auditados para ter acesso aos mercados de capitais internacionais. Um novo atraso para divulgação dos resultados veio depois que o conselho da empresa entrou em desentendimento sobre o tamanho das baixas contábeis decorrentes dos custos relacionados à corrupção, disse na semana passada uma fonte com conhecimento do assunto, que pediu anonimato porque a informação não é pública.

A empresa informou em um comunicado do dia 12 de dezembro que precisa reportar os resultados não auditados até o fim de janeiro para evitar romper cláusulas de alguns de seus bonds, que poderiam disparar cláusulas de pagamento antecipado.

A Petrobras também disse que planeja reavaliar sua estratégia para preços de combustíveis e limitar as despesas operacionais para preservar o caixa, que permaneceu em R$ 62,5 bilhões (US$ 23 bilhões) no fim de setembro.

Os cortes ocorrerão principalmente em campos com atraso de cronograma, disse uma das fontes.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEnergiaEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

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