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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, anunciou que a Bolívia aceitou pagar 112 milhões de dólares pelas duas refinarias da Petrobras no país. A compra será conduzida pela YPBF, estatal boliviana de petróleo e gás. O governo da Bolívia vai designar uma equipe para conduzir a transição de comando nas empresas. "O diálogo prevaleceu. Estamos satisfeitos com o entendimento", afirmou Rondeau, em encontro com jornalistas.
As refinarias ficam nas cidades de Cochabamba e Santa Cruz. São as duas maiores da Bolívia e abastecem 100% da gasolina consumida no país. As plantas também respondem por 95% da produção de óleo diesel do país, e por 70% do diesel consumido internamente.
Até 1999, as plantas pertenciam à EBR. Nesse ano, a Petrobras as arrematou em leilão por 100 milhões de dólares, em parceria com a argentina Perez Companc. Em 2002, a estatal brasileira incorporou a companhia argentina e, assim, tornou-se dona de 100% do capital das refinarias.
Em 1º de maio do ano passado, o governo boliviano nacionalizou a cadeia produtiva de petróleo. O decreto determina que a YPBF "tem o direito" de controlar o setor, o que provocou polêmica com as empresas que operam no país. Desde então, a Petrobras e o governo brasileiro mantiveram negociações, ora mais tensas, ora mais brandas, com a Bolívia para definir o destino dos investimentos brasileiros.
No último domingo (6/5), porém, os brasileiros foram surpreendidos por um decreto do presidente boliviano, Evo Morales, que concede o monopólio, à YPBF, das exportações de petróleo reconstituído e gasolina branca. Pelo decreto, as refinarias do país são obrigadas a vender seu produto à YPBF, e não diretamente aos consumidores estrangeiros. A medida afeta o fluxo de caixa da Petrobras no país. A estatal decidiu, então, vender 100% das refinarias e sair do setor.
As negociações sofreram interferências políticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a semana, Lula determinou que a Petrobras chegasse a um acordo com a Bolívia. O próprio presidente Evo Morales declarou publicamente que esperava avanços nas negociações, após a ordem de Lula. Inicialmente, a Petrobras exigiu 200 milhões de dólares para vender as plantas. O valor recuou, depois, para 153 milhões, até ser fechado nos 112 milhões anunciados na noite desta quinta-feira (10/5).
Com informações da Agência Estado e da Agência Brasil.