Petrobras: em junho, a produção da estatal cresceu pela segunda vez consecutiva ante o mês anterior (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 17 de julho de 2017 às 13h36.
Última atualização em 17 de julho de 2017 às 18h06.
Rio de Janeiro/São Paulo - A produção de petróleo da Petrobras no acumulado dos primeiros seis meses deste ano no Brasil cresceu 5,6 por cento ante o mesmo período de 2016, ficando acima da meta prevista para todo o ano, após a empresa enfrentar algumas dificuldades no processo de venda de campos produtores, apontaram dados da empresa e avaliações de analistas nesta segunda-feira.
A petroleira informou que produziu no país 2,171 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo no primeiro semestre, ante a meta de 2,07 milhões de bpd para todo o ano de 2017, o que significaria um ligeiro recuo na extração ante 2016. Mas analistas sugerem que a produção neste ano poderia, na verdade, superar a do ano passado.
O volume do semestre foi ainda 1,2 por cento acima da média de extração registrada em todo o ano passado, de 2,144 milhões de bpd.
Já a produção total da Petrobras de petróleo e gás natural, no Brasil e exterior, cresceu 2,9 por cento na primeira metade do ano em comparação ao mesmo período do ano passado, para 2,791 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), também acima da meta para todo o ano, de 2,62 milhões de boe/d.
Em relatório publicado após a divulgação dos números pela Petrobras, os analistas do Itaú BBA Renato Salomone e André Hachem consideraram que é muito provável que a Petrobras eleve sua meta de produção para 2017, mas que o movimento terá um impacto limitado no preço da ação no curto prazo.
Para os analistas, o avanço da produção acima da média prevista ocorre provavelmente devido à demora da empresa para vender ativos produtores.
"A meta de produção de 2017 provavelmente contava com a venda de alguns ativos produtores, como blocos em terra na Bacia do Recôncavo e alguns pequenos blocos de águas rasas, que devido à decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) foram adiadas e continuam contribuindo para o cenário de produção da empresa", disseram Salomone e Hachem.
O órgão federal interrompeu o plano de venda de ativos da companhia entre o fim de 2016 e o início de 2017 até que a Petrobras transformasse a sistemática do seu processo de vendas, tornando-o mais transparente.
A empresa planeja levantar cerca de 21 bilhões de dólares com desinvestimentos e parcerias no biênio 2017-2018, mas até o momento não finalizou nenhuma transação.
Em relatório, o Goldman Sachs também afirmou nesta segunda-feira esperar que a empresa supere sua meta em 2017, com a produção média de 2,175 milhões de bpd no ano, o que seria uma alta de 1,5 por cento, excluindo possíveis desinvestimentos.
Para este ano, o plano de negócios da empresa prevê ainda iniciar a produção de três novas plataformas nas áreas de Lula Norte, Tartaruga Verde e Mestiça e o Teste de Longa Duração (TLD) de Libra, considerada a área mais promissora do Brasil.
A plataforma do TLD de Libra estava prevista para operar a partir de julho, mas enfrentou problemas operacionais. Até o momento a Petrobras não informou a nova data.
A venda da área de Tartaruga Verde e Mestiça também teve contratempos, mas o início de sua produção era esperado para o segundo semestre.
Procurada, a Petrobras não comentou imediatamente o assunto.
Nos primeiros três meses, a produção da empresa foi marcada por paradas para manutenção em grandes plataformas.
Entretanto, a partir de maio, quando a empresa iniciou a produção da plataforma P-66, no campo de Lula, pré-sal da Bacia de Santos --maior produtor do Brasil--, a companhia voltou a aumentar a produção.
Além disso, ao longo deste ano, houve a entrada em operação de novos poços produtores conectados às plataformas do tipo FPSO Cidade de Caraguatatuba, Cidade de Ilhabela, Cidade de Maricá, Cidade de Mangaratiba e Cidade de Saquarema --todos instalados na Bacia de Santos.
Em junho, a produção da estatal cresceu pela segunda vez consecutiva ante o mês anterior para cerca de 2,2 milhões de bpd, alta de 0,6 por cento em relação a maio.
Segundo a Petrobras, o resultado de junho se deve, principalmente, ao retorno à produção, após parada programada, da plataforma P-43, nos campos de Barracuda e Caratinga, na Bacia de Campos, e do FPSO Cidade de Mangaratiba, no campo de Lula, na Bacia de Santos.
Já a produção total de petróleo e gás da companhia no país e no exterior em junho somou 2,81 milhões de barris de boe/d, dos quais 2,7 milhões boe/d produzidos no Brasil.
A produção de gás natural no Brasil em junho, excluído volume liquefeito, somou 80,3 milhões de metros cúbicos/dia, alta de 1,8 por cento frente a maio, devido principalmente ao retorno à produção do FPSO Cidade de Mangaratiba.
Já no segundo trimestre de 2017, a produção total da Petrobras de petróleo e gás natural, no Brasil e no exterior, caiu 1 por cento ante o mesmo período do ano passado, para 2,776 milhões de boe/d, segundo a petroleira.
Mas a produção apenas de petróleo no Brasil, na mesma comparação, cresceu 1,3 por cento, para 2,16 milhões de barris de petróleo por dia (bpd).