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Petrobras admite realizar baixas contábeis por corrupção

A presidente da Petrobras confirmou preocupações sobre necessidade de a empresa reconhecer perdas contábeis em ativos envolvidos nas denúncias de corrupção


	Graça Foster: presidente da Petrobras disse que empresa buscará ressarcimento de valores onde identificar prejuízos
 (Antonio Cruz/ABr)

Graça Foster: presidente da Petrobras disse que empresa buscará ressarcimento de valores onde identificar prejuízos (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2014 às 14h34.

Rio de Janeiro - A Petrobras poderá realizar eventuais baixas contábeis em seus ativos de acordo com o tamanho das propinas pagas na contratação das obras, tomando como base provas entregues à Justiça no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal, disseram nesta segunda-feira os principais executivos da companhia.

Mais cedo, a estatal afirmou em nota que as recentes denúncias de corrupção --que levaram ao adiamento da divulgação do balanço financeiro do terceiro trimestre-- têm potencial para impactar as demonstrações contábeis da empresa.

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, confirmou preocupações de analistas sobre a necessidade de a empresa reconhecer perdas contábeis em ativos envolvidos nas denúncias de corrupção.

"O ativo pode dar o melhor retorno, mas, se há custo relativo à corrupção, obrigatoriamente você tem que baixar e descontar o valor", afirmou Graça Foster, como ela prefere ser chamada, a investidores e analistas, acrescentando também que a empresa vai buscar ressarcimento de valores onde identificar prejuízos.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, comentou que "o foco maior é no ajuste devido a fatores de corrupção", mas ele destacou que "se os cálculos vierem dentro das expectativas não se espera efeito (das baixas contábeis) sobre dividendos".

Analistas temem redução de dividendos de ações ordinárias, considerando que a política de dividendos garante aos acionistas das preferenciais um pagamento mínimo.

As ações preferenciais caíam 2,6 por cento por volta das 15h20, as ordinárias recuavam 2,9 por cento, enquanto o Ibovespa caía 0,9 por cento.

Barbassa também tentou tranquilizar o mercado, que teme que, por conta do atraso no balanço do terceiro trimestre, a empresa venha a ser impedida de acessar mercados de bônus nos Estados Unidos, onde a companhia toma emprestada a maior parte do dinheiro para suas operações.

Ele disse que a Petrobras tem trabalhado com um caixa volumoso, o que dá à companhia um prazo superior a seis meses sem a necessidade de acessar mercados de dívida.

"Temos trabalhado com volumes muito elevados de caixa, e agora (essa estratégia) vem se provar medida positiva, porque nos dá um período superior a seis meses de operação sem acessar mercado de dívida", afirmou Barbassa a jornalistas, após conferência com investidores mais cedo.

Barbassa disse que não poderia dizer quanto a Petrobras tem em caixa.

O executivo afirmou ainda que empresa pode ajustar prazos para a divulgação de balanços para incorporar novas informações denunciadas.

Segundo ele, as companhia não divulgará informações do terceiro trimestre incompletas.

MÁS NOTÍCIAS NA PRODUÇÃO

Até mesmo quando um considerável aumento de produção anual poderia ser comemorado, com registro de recorde em outubro, surgem informações que acrescentam ressalvas às conquistas da estatal.

A Petrobras informou nesta segunda-feira que sua meta de aumentar a produção de petróleo no Brasil em 2014 em cerca de 7,5 por cento não será cumprida, alegando atrasos na entrega de plataformas próprias e necessidade de obras, entre outros fatores.

A petroleira estabeleceu, ainda no início do ano, uma meta de elevar seu bombeamento em 7,5 por cento ante 2013, com margem de um ponto percentual para mais ou para menos.

No entanto, agora companhia estima aumento de 5,5 a 6 por cento na produção este ano, segundo a apresentação feita a analistas, no Rio de Janeiro.

Em 2013, a Petrobras produziu em média 1,931 milhão de barris de petróleo por dia no país.

Em agosto, uma fonte do governo federal já havia dito à Reuters que a Petrobras não conseguiria atingir sua meta devido a atrasos na entrada em operação de algumas plataformas.

Até pelo menos setembro, membros da diretoria da Petrobras ainda insistiam que a meta de produção estabelecida no início do ano seria cumprida.

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