Foto tirada em 25 de janeiro de 2019 mostra policiais caminhando em frente a uma figura de Peppa Pig em muro do lado de fora dos jardins Yu Yuan, em Xangai. c/AFP (Greg Baker/AFP)
AFP
Publicado em 3 de fevereiro de 2019 às 15h26.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2019 às 08h45.
Pequim, China - Na terça-feira, começa o Ano Novo Lunar. E, há várias semanas, a porquinha Peppa Pig invadiu as estantes das lojas, dos pacotes de biscoito aos bichos de pelúcia, passando por estojos e chaveiros na China.
Muito criticada no ano passado por um meio de comunicação estatal, que a acusava de ser usada como um símbolo da contracultura, este ano volta com força ao cinema ("Peppa Pig celebra o Ano Novo chinês"), em um filme que estreia esta semana. Neste longa-metragem, produzido por China e Reino Unido, a porquinha estará acompanhada de dois novos amigos, "Jiaozi" (Guioza) e "Tang Yuan" (Bolinho de arroz viscoso), chamados assim em alusão a duas especialidades culinárias chinesas típicas das festas. Peppa Pig conta as aventuras de uma jovem porquinha brincalhona que gosta de pular na lama, de seu irmão George e de seus pais. Seu desenho é muito popular entre as crianças chinesas.
No final de 2018, a gêmeas chinesas de cinco anos Mi Ai e Mi Ni gravaram um vídeo no qual pediam para encontrar a rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Isso ocorreu depois que as meninas viram em um episódio como a sua heroína favorita conhecia a soberana.
O vídeo teve cinco milhões de visualizações e um impacto tão grande que as irmãs foram convidadas - diante dos meios de comunicação - a tomar chá com a embaixadora britânica em Pequim. Esta prometeu a elas uma visita ao Palácio de Buckingham. "É realmente divertido e os diálogos são fáceis de entender", declarou sua mãe, Bella Zhang, explicando a simpatia que suas filhas têm por esse desenho.
Peppa Pig foi transmitida pela primeira vez neste país em 2015. Mas em maio de 2018, 30.000 vídeos que continham a personagem foram retirados do popular aplicativo chinês TikTok. Meios de comunicação relacionados com o Partido Comunista Chinês (PCC) criticaram a manipulação da qual estava sendo alvo a inofensiva personagem. Internautas usavam a sua imagem para elaborar outras imagens, vídeos, rótulos virtuais e tatuagens com mensagens divertidos, subversivas, zombeteiras com o poder e, inclusive, pornográficas.
Uma contracultura que "não se deve permitir destruir a infância de nossos jovens e quebrar as regras", defendia em abril um editorial do Diário do Povo, jornal oficial do PCC.
Os episódios de Peppa Pig registraram 60 bilhões de visualizações nas principais plataformas de vídeo on-line da China, afirma à AFP Jamie MacEwan, do gabinete britânico Enders. "Esta cifra era de 24,5 bilhões em maio de 2017. Assim, pode-se ver que o interesse por esse desenho está aumentando".
Recentemente, o filme deu lugar a um anúncio com atores reais que se tornou viral. "O que é Peppa?" foi visto mais de 1,6 bilhão de vezes na rede social Weibo. O clipe descreve um aldeão que fabrica, a partir de objetos reciclados, um brinquedo que representa a porquinha, com a intenção de agradar a sua neta, criada na cidade e que voltará a vê-lo no Ano Novo.
O longa-metragem já reportou, antes de seu lançamento, o faturamento de 12 milhões de iuanes (1,6 bilhão de euros) na pré-venda de ingressos.
Em um país no qual o porco simboliza a riqueza, os produtos relacionados a Peppa Pig são muito demandados.
Mas o sucesso da personagem é uma faca de dois gumes para a empresa canadense Entertainment One, produtora do desenho, pois as imitações florescem na China.
Em 2018, foram apreendidas mais de meio milhão de falsificações, e dezenas de milhares de anúncio de venda on-line foram suprimidos, indicou à AFP um porta-voz da companhia. "Na China temos uma equipe encarregada deste problema e que já lidou com muitos casos".
(Reportagem de Poornima Weerasekara)
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