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Pele brasileira, ciência francesa: como criadora da água micelar quer chegar em R$ 400 mi até 2026

O Grupo Naos, dono da Bioderma, fechou o último ano com R$ 210 milhões em 2023

André Mendoza, da Naos: O Brasil hoje é a sétima maior filial no mundo e é muito importante para o grupo. Não só por isso, mas também pelo potencial de crescimento (Grupo Naos/Divulgação)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 08h26.

Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 15h02.

Com 10 anos de presença no mercado brasileiro, o laboratório francês Naos, dono da Bioderma, está esticando as metas para a operação local. A principal é dobrar de tamanho em termos de receita até 2026. No último ano, as vendas no país somaram R$ 210 milhões.

Alinhada a meta, a empresa aposta em uma série de ações para chegar lá. Em 2024, a projeção é de crescer 30%, encerrando o ano com R$ 260 milhões. Criador da água micelar, hoje uma commodity ofertada por diversos laboratórios, o Naos tem um portfólio de 140 SKUs no país, distribuídos pelas três marcas do portfólio.

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Além da Bioderma, a mais relevante e conhecida no portfólio, a tríade é composta pela Esthederm, com apelo de luxo para os dermocosméticos. E ainda pela Etat Pur, tradução de ‘estado puro’. Mais nova no mercado brasileiro, a marca combina itens para a rotina básica de cuidados e também ativos isolados, como ácido hialurônico e vitamina C, para que os consumidores tratem apenas o que a pele precisa.

[grifar] No mercado local há um ano, aEtat Purcarrega altas expectativas, com a projeção de fechar com R$ 6 milhões em vendas até dezembro de 2024. Os produtos da marca tem um tíquete médio de R$ 150,00. Na atual composição do negócio no Brasil, Bioderma responde por 85%, Esthederm por 10% e Etat Pur fica com 5%.

No médio prazo, a ambição é de que represente 20% da receita total do grupo, tanto aqui quanto pelo mundo. O grupo Naos está presente em mais de 130 países. Onde chega, a companhia procura reforçar uma história de quase 50 anos, construída a partir dos esforços do farmacêutico e biólogo Jean-Noël Thorel.

Os movimentos da marca no Brasil

Em 1977, o francês criou em Aix-en-Provence, cidade do Sul da França, o conceito de ecobiologia, com a ideia de reconhecer a pele como um ecossistema vivo e oferecer produtos biológicos para lidar com os desequilíbrios.No último ano, a companhia faturou globalmente mais de 1 bilhão de euros, o equivalente, na cotação atual, a R$ 6,2 bilhões.

"O Brasil hoje é a sétima maior filial no mundo e é muito importante para o grupo. Não só por isso, mas também pelo potencial de crescimento. O nosso mercado de dermocosméticos é um dos maiores do mundo, com algumas pesquisas apontando o país como o quarto maior e outras como o segundo", afirma André Mendoza, CEO da Naos Brasil desde o começo do ano.

Experiente, com mais de 30 anos em dermocosméticos e passagens por GSK, Roche, a espanhola Isdin e a Cellera Farma, Mendoza entrou no lugar de Maurilio Teixeira, um dos atuais co-CEOs globais da Naos.

Após algumas tentativas para encontrar a pessoa ideal para liderar o laboratório, o fundador Thorel, aos 77 anos, teve a ideia de criar um comitê de CEOs. O brasileiro Teixeira, com 10 anos de casa, foi um dos escolhidos.

Na liderança da operação brasileira, um mercado cada vez mais competitivo com a entrada de novas marcas, Mendoza tem o desafio de reforçar os atributos dos produtos desenvolvidos dentro do grupo.

“Todos os nossos produtos são feitos com base em ingredientes e formulações ecobiológicas, ou seja, fazem com que a própria pele se restabeleça. É um conceito simples, mas ao mesmo tempo complexo de comunicar. Hoje, um grande desafio nosso é traduzir ao consumidor de forma simples questões realmente científicas”, afirma o CEO.

As avenidas de crescimento

Para este ano, a empresa está dedicando R$ 50 milhões para investimentos em marketing, após ter desembolsado R$ 40 milhões no ano passado. A estratégia passa por se aproximar de dermatologistas, assim como formadores de opinião e influenciadores digitais. Desde que entrou no Brasil, mais de R$ 150 milhões por aqui.

Além de crescer em receita, a operação brasileira busca ganhar relevância a partir de produtos que nascem por inspiração local.No começo do ano, lançou o primeiro protetor solar 100% desenvolvido para a pele brasileira, o Photoderm Antioleosidade FPS, no portfólio de Bioderma.

"Estamos começando um movimento de olhar para o Brasil não só como um mercado, mas também como lugar de desenvolvimento", afirma Júlia Blum, diretora de marketing da Naos Brasil. "Nós lançamos esse produto em abril e agora ele está entrando no México e outros países da América Latina. O próximo, também de proteção solar e que nasceu aqui, entrará no mercado como um lançamento global".

O mercado de fotoproteção, especialmente facial, é uma outra avenida de crescimento da Naos, a partir de Bioderma. Este é um setor de R$ 5,3 bilhões e que teve crescimento recorde de 28,3% no ano passado, segundo a Euromonitor International. O instituto prevê alta de 73,3% até 2028, atingindo R$ 9,2 bilhões. Entre os países, o Brasil ocupa a terceira posição, atrás dos Estados Unidos e China.

"Apesar da expansão das outras marcas, Bioderma continuará sendo relevante para nós. Com os produtos de proteção solar, por exemplo, hoje fazemos em torno de R$ 80 milhões. Em 2026, projetamos R$ 175 milhões", diz Mendoza.

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