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Passageiros? Não: cargas. Azul amplia aposta no transporte de mercadorias

O segmento de transporte de carga, que normalmente representa 5% das receitas da Azul, chegou a ser responsável por 60% das receitas no pico da pandemia

Passageiros no aeroporto de Belo Horizonte embarcando aviao da Azul
foto: Leandro Fonseca
15-09-2020 (Leandro Fonseca/Exame)

Passageiros no aeroporto de Belo Horizonte embarcando aviao da Azul foto: Leandro Fonseca 15-09-2020 (Leandro Fonseca/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 5 de outubro de 2020 às 12h33.

Com a redução das viagens de passageiros, a Azul passou a usar as aeronaves para expandir outro negócio: transporte de carga. A companhia aérea criou novos produtos, adaptou aviões de passageiros retirando assentos e aproveita sua malha para entregar produtos em áreas mais distantes dos grandes centros urbanos. 

Com diversos tamanhos de aeronaves e uma malha aérea que chega a mais de cem cidades cidades, a companhia aérea conseguiu se adaptar rapidamente para expandir seu segmento de cargas.

"A maior fortaleza que temos na Azul é nossa flexibilidade. Mesmo na crise, as pessoas estão comprando pela internet e recebendo em casa e precisamos fazer parte dessa logística", afirma John Rodgerson, presidente da Azul.

A Azul voou, pela primeira vez, com um jato Embraer como cargueiro, na última semana. Quatro aeronaves que realizavam voos comerciais de passageiros até março foram adaptadas permanentemente para realizar missões permanentes de carga e logística. Esses quatro cargueiros da Embraer se juntarão aos dois Boeings 737-400F já dedicados ao segmento de cargas, ampliando para seis o total de aeronaves exclusivas para esse serviço.

Além disso, a Azul Cargo Express conta ainda com cinco aviões modelo ATR quick-change, que são rapidamente convertidos do modo passageiro para cargueiro, aumentando a oferta dedicada. 

Alguns aviões da Two Flex, companhia aérea regional adquirida em janeiro e renomeada como renomeada como Azul Conecta, também estão sendo usados para o transporte de carga. A frota é formada por aviões pequenos, de até nove passageiros, e realiza operações regionais para aeroportos em municípios mais afastados, então a configuração também pode ser usada para logística.

Armários para entregas

Para facilitar ainda mais a logística, a empresa está buscando soluções para além da entrega dos itens diretamente nas casas. Por isso, lançou recentemente os seus lockers.

Comprando em um dos sites parceiros ou em uma das Lojas Azul Cargo Express, o cliente poderá solicitar a entrega do produto em casa ou pelos lockers. No último caso, ele receberá um código assim que seus produtos forem colocados no armário, via sms ou e-mail, e pode retirar a mercadoria com um código QR. 

Em setembro, começou a funcionar o primeiro locker em um supermercado do Jaguaré, bairro da zona oeste da capital paulista. A expectativa é de ampliar o serviço para outras regiões de São Paulo, expandindo os armários inteligentes da Azul Cargo Express para todas as capitais brasileiras até o fim deste ano. 

Lockers da Azul Cargo Express (Azul/Divulgação)

O tamanho do negócio

O segmento de transporte de carga, que normalmente representa 5% das receitas da Azul, chegou a ser responsável por 60% do faturamento com a queda das viagens de passageiro, no pico da pandemia em abril. No terceiro trimestre do ano, a fatia do setor de carga deve ser de 20% do total das receitas. 

"Temos vantagens competitivas exclusivas, como nossa malha aérea, a maior do Brasil com mais do que 100 destinos, e nossa frota diversificada. Assim conseguimos entregar pacotes de e-commerce no país de forma única, rápida e segura”, diz Izabel Reis, diretora da Azul Cargo Express, em nota. 

Hoje, a rede Azul Cargo Express conta com mais de 250 lojas no Brasil e exterior, oferecendo o serviço “porta a porta” para mais de 3.500 municípios brasileiros, além de todo o território dos EUA e Portugal.

No segundo trimestre, a receita da divisão caiu apenas 0,8% em comparação com o ano anterior - esse número se manteve praticamente estável mesmo com a redução no número de voos, ou seja, a redução de até 83% na oferta de espaço nas barrigas dos aviões para o transporte de cargas. 

 

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