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Para Whirlpool, mercado irá descongelar após eleição de 2018

"No segundo semestre, vamos ter uma sensação de alívio, mas ainda não de melhora", disse presidente da companhia


	João Carlos Brega: "quando houver crescimento, a Whirlpool vai estar preparada (para absorver a demanda)"
 (Divulgação/Amcham)

João Carlos Brega: "quando houver crescimento, a Whirlpool vai estar preparada (para absorver a demanda)" (Divulgação/Amcham)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 9 de junho de 2016 às 10h25.

São Paulo - Após as eleições presidenciais de 2018, a economia brasileira deve retomar o rumo do crescimento. É nisso que acredita João Carlos Brega, presidente da Whirlpool na América Latina.

"No segundo semestre, vamos ter uma sensação de alívio, mas ainda não de melhora. Isso vai até o fim de 2018, porque o calendário político domina o econômico. Depois, o país vai voltar a crescer", disse a jornalistas após evento da Amcham nesta quarta-feira em São Paulo.

O executivo se diz confiante quanto à implantação de reformas tributárias e trabalhistas pelo governo, independentemente de quem assumirá o próximo mandato.

"Ninguém duvida da necessidade dessas atualizações. Durante a campanha (eleitoral) vamos ter os debates e o que vai divergir é a profundidade", afirmou.

Consumo fraco

O desaquecimento do consumo local tem penalizado a Whirlpool, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid.

Internamente, o comércio de eletrodomésticos de linha branca, setor mais importante para a companhia, encolheu 11% de janeiro até novembro de 2015, na comparação anual. Foi o primeiro recuo em seis anos.

A expectativa da companhia é de que as vendas no segmento no país caiam 10% também neste ano.

Como reflexo, a receita líquida de vendas e serviços da empresa caiu 2,82% de 2014 para o 2015, quando somou 9,38 bilhões de reais.

Apesar disso, a fabricante diz que tem ganhado participação de mercado e está otimista quanto ao futuro.

"Quando houver crescimento, a Whirlpool vai estar preparada (para absorver a demanda), com os lançamentos que a gente está fazendo hoje", disse Brega.

A empresa investe de 3% a 4% do faturamento anual em tecnologia e aposta na inovação para conquistar o consumidor – e gerar lucro.

Prova desse esforço, ressalta o presidente, é que ela foi a empresa que mais registrou pedidos de patentes no país em 2015, segundo dados do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Foram mais de 90 solicitações.

Uma das 180 novidades apresentadas no ano passado foi a B.blend, uma máquina que faz bebidas quentes e refrigerantes a partir de cápsulas.

O produto, único do mercado, nasce de uma parceria com a Ambev e marca a entrada da fabricante de eletrodomésticos no segmento de bebidas.

Ele custa em torno de 3.000 reais, quantia considerável, especialmente no período atual de crise. Mas, segundo Brega, as vendas seguem dentro do planejado.

"Nessa situação, você tem que ser muito melhor (que a concorrência). Quem apenas vende geladeira, vai vender preço. A gente vende mais do que isso, a gente ajuda o consumidor a preservar a comida. E quem pensa assim, consegue ter inovação e uma boa relação custo-benefício", afirmou o executivo.

Outro lançamento importante no país em 2015 foi o da linha Brastemp Vitrous, mais sofisticada, com acabamento em vidro. Para ter uma geladeira da série, é preciso desembolsar cerca de 10.000 reais. Um micro-ondas, quase 5.000 reais.

Atualmente, 35% das receitas da firma vêm de produtos e serviços lançados nos últimos três anos.

Ajustes

Por conta da recessão, a Whirlpool enxugou sua estrutura no país. Em seu negócio principal, por exemplo, tem hoje de 25 a 30% menos funcionários do que tinha em 2013.

O corte, porém, foi feito de maneira gradativa e evitando demissões.

"Em 2013, detectamos que essa crise tinha um bom grau de possibilidade de acontecer e então começamos a não repor vagas", contou Brega.

A empresa também revisou as políticas de estoque e fornecedores para receber pedidos com maior velocidade. Também conteve outras despesas com a postergação de gastos com consultoria e redução de reuniões presenciais.

Vizinhos

Na América Latina, os países mais atrativos para investimento, na visão de Brega, são Chile e Colômbia.

"O Chile está dúvida nenhuma está à frente de qualquer outro na América do Sul. O segundo é a Colômbia, que fez a lição de casa", disse.

Neste último, a multinacional inaugurou sua mais moderna fábrica de lava-roupas, que exporta para o norte da América do Sul e a América Central.

A firma também está transformando seu centro logístico de Buenos Aires, na Argentina, em uma planta de fogões e lava-roupas que deve ficar pronta no terceiro trimestre. No médio prazo, estuda investimentos em uma unidade de refrigeração no país.

"Enxergo a Argentina em um processo (de retomada da economia) mais avançado que o do Brasil, mas ela ainda precisa entregar resultado. O país tem hoje apoio do Congresso e da população, um governo sério e comprometido com o desenvolvimento", afirmou.

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